O Luto e Melancolia
Por: Eder Narciso • 15/6/2022 • Trabalho acadêmico • 805 Palavras (4 Páginas) • 125 Visualizações
O livro "Luto e Melancolia" de Sigmund Freud em 1917 surge no contexto dos impactos causados pela Segunda Guerra Mundial, cujas consequências, por exemplo, são as desilusões causadas pela morte e um desânimo profundo pelas coisas da vida. Sabemos que a humanidade desde sempre enfrentou o luto e a melancolia, mas em Freud um olhar psicanalítico de conceituação desses eventos supracitados e causadores de sofrimentos psíquicos tomou fôlego nas discussões.
De forma geral o luto se dá quando o eu investe a sua libido em alguém que amava e quando acontece algo como a morte, o abandono, o divórcio, uma traição, etc. Esses acontecimentos impossibilitam a continuidade entre o eu e o outro, levando o eu a retirar a sua libido do objeto e retornando novamente para si, enquanto a melancolia caracteriza-se pela suspensão do interesse pelo mundo, perda da capacidade de amar, toda a atividade sofre inibição. Nela há um rebaixamento da autoestima, que se expressa em auto recriminação e auto insultos, chegando até a expectativa de punição como reação pela perda do objeto amado, objeto que não necessita de ter morrido, mas ter sido perdido enquanto objeto amado, mesmo quando não se sabe o que se perdeu, como se dá em alguns casos.
Diante dessas dificuldades enfrentadas pelos enlutados e melancólicos, uma possibilidade evidente é a importância de se entender as razões pelas quais tais sujeitos atravessam esses sofrimentos e, para isso, é necessário que conheçamos suas fases, bem como outras de suas características comportamentais a fim de que, dessa forma, os psicólogos estejam sensíveis e capacitados para lidar com esse tipo de conflito e, consequentemente, acabem influenciando essas pessoas em seus processos terapêuticos ou no autoconhecimento de suas singularidades, nesses momentos de dor, com vistas a uma maior autonomia.
Assim, as fases do luto são: a negação, a raiva ou revolta, a barganha, depressão e aceitação e são processuais e naturais para lidar com uma perda. A respeito da melancolia podemos dizer que ela é considerada patológica, por que a pessoa sofre uma perda que ela é incapaz de compreender totalmente e identificá-la, perdura por mais tempo e pode levar as pessoas a manifestarem quadros depressivos.
Um dos objetivos da Psicanálise, enquanto abordagem psicológica, é fazer as pessoas, em seus mais variados cenários existenciais, lidarem da melhor forma com as suas angústias, medos, vergonhas.
Outra preocupação está em instigar as pessoas a exercitarem novas configurações para os seus conflitos do cotidiano, sem, contudo estarem alienadas quanto aos seus potenciais criativos nem diante de suas necessidades mais íntimas, sejam essas de que esfera for.
Ressaltamos, aqui, que os fenômenos patológicos são fenômenos normais e possuem alternâncias de ordens qualiquantitativas por se situarem nas questões de intensidade e de acordo com as estruturas psíquicas de cada ser.
Portanto, cabe ao Psicólogo entender os mecanismos de defesa que se estabelecem diante de situações dolorosas como o luto e, dessa maneira, compreender que conteúdos ameaçadores impedem que certos sentimentos se aflorem (negação), assim como detectar quando existem as buscas por justificativas ao culpar terceiros por suas perdas (revolta).
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