O PAPEL DO PSICOLOGO DA SAÚDE FRENTE A INFERTILIDADE FEMININA
Por: Rafaela Mendes • 15/4/2020 • Trabalho acadêmico • 1.751 Palavras (8 Páginas) • 290 Visualizações
[pic 1] | XVII JORNADA CIENTÍFICA DOS CAMPOS GERAIS Ponta Grossa, 23 a 25 de outubro de 2019 |
O PAPEL DO PSICOLOGO DA SAÚDE FRENTE A INFERTILIDADE FEMININA
Rafaela Aparecida Mendes[1]
Taline Ienk[2]
Resumo: Atualmente, a infertilidade é considerada um problema de saúde pública que afeta a vida de muitos homens e mulheres. Com o aumento dessa problemática, muitos casais procuram clínicas de fertilidade com a finalidade de obter um tratamento adequado. A infertilidade pode desencadear diversas consequências psicológicas para os indivíduos, principalmente as mulheres devido ao papel social e desejo de ser mãe. Nesse sentido, foi notada a necessidade de formar profissionais especializados e preparados para atender a esta demanda. Trata-se de uma pesquisa com revisão bibliográfica que tem como objetivo principal apresentar a definição de infertilidade feminina e as principais maneiras de intervenção utilizadas pelos profissionais de psicologia.
Palavras-chave: Infertilidade. Saúde Pública. Psicólogo da Saúde. Maternidade.
Introdução
Segundo o Ministério de Saúde Brasileiro, a infertilidade é a dificuldade de um casal que, não consegue obter a gravidez em um ano de relações sexuais sem nenhum método contraceptivo. Na grande maioria dos casos, apenas um dos membros do casal é alvo de diagnósticos de infertilidade, quando na verdade o problema deveria ser contextualizado como um problema do casal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que isso é um fenômeno que afeta cerca de 12% dos casais do mundo todo, com predomínio de 5% da população em idade reprodutiva (BRASIL, 2015).
Na sociedade atual, tornar-se mãe é uma atitude almejada para algumas mulheres, estas quando se deparam com a infertilidade procuram clínicas de reprodução humana. Enfrentar essa dificuldade não é um processo fácil, o tratamento requer inúmeros exames, injeções de hormônios e recursos financeiros que são quase inalcançáveis. Além disso, os desgastes emocionais podem vir acompanhados de algumas consequências psicológicas que afetam a vida de muitas mulheres, nisso se vê a necessidade de uma intervenção psicológica (SILVA; FERREIRA; BRITO, 2012).
Nesses casos, o campo da psicologia que mais se adequa é o da psicologia da saúde, que atua, principalmente, nos campos da saúde e da doença, tendo como principal finalidade compreender como é possível contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e das comunidades (ALMEIDA, MALAGARIS, 2011).
Objetivos
Este trabalho tem como principal objetivo apresentar a definição de infertilidade feminina, assim como os sintomas psicológicos apresentados em mulheres que possuem o exercício da maternidade como projeto de vida. Tem como objetivo, também, apresentar as possíveis práticas de um profissional da psicologia da saúde sob esse tipo de demanda.
Metodologia
No presente trabalho o método consistiu na busca de literatura científica sobre o tema, caracterizando a pesquisa como revisão bibliográfica. Faz parte deste trabalho textos científicos disponíveis on-line ou em bibliotecas, por meio de livros, periódicos, dissertações e/ou teses (AZEM; SANTOS; PAULA, 2019).
Resultados/Resultados parciais e discussão
Apesar de a infertilidade ser tratada como um problema do casal, na maioria das vezes a mulher é colocada como a responsável dos problemas reprodutivos, principalmente no âmbito social. A idéia de esterilidade expõe a mulher a um papel estigmatizante, podendo trazer muitos sentimentos de perda do controle sobre si, seu corpo e seu projeto de vida. (BORLOT; TRINDADE, 2004). Do mesmo modo, pensam Leite e Frota (2014):
Nesse contexto, a maternidade ainda é, culturalmente, naturalizada, tanto como destino biológico, quanto como valor social inerente à consolidação da identidade feminina. (...) Assim, em meio à naturalização do valor social da maternidade, muitas vezes essas mulheres se sentem culpadas e inferiores devido à impossibilidade de cumprir a função parental tão esperada e cobrada pela sociedade. Diante dessa imposição social da maternidade para a "mulher normal", a mulher com problema de infertilidade se sente menos feminina e, consequentemente, menos atraente. (LEITE; FROTA, 2014, p.153)
A experiência da infertilidade torna-se extremamente subjetiva a partir do momento que o casal entra em conflito com suas questões ligadas a masculinidade e feminilidade. A angústia do diagnóstico pode variar de acordo com a valorização colocada pelos sujeitos à maternidade e paternidade. (TRINDADE; ENUMO, 2002)
Tanto o diagnóstico quanto o tratamento geram muitos sentimentos conflitantes no casal, em especial na mulher (LEITE; FROTA, 2014). A infertilidade é geralmente percebida como um evento traumático para a maioria dos sujeitos, sendo muitas vezes expressada como o acontecimento mais estressante de suas vidas. Isso tudo pode ser justificado pela pressão social e parental colocada em grande peso sobre os casais inférteis. Estudos mostram que a infertilidade pode desencadear a revivescência de antigos traumas, perdas, sentimentos de inadequação, ciúme e inveja, marcados pelo processo de tratamento (FARINATI; RIGONI; MÜLLER, 2006).
Segundo Faria, Grieco e Barros (2012):
A ansiedade surge nos casais, após a constatação da dificuldade de engravidar, porém ela parece estar evidenciada, ou exacerbada, naqueles com baixo poder aquisitivo. A probabilidade de não conseguir uma gestação ao término do tratamento, somada à preocupação com o fator financeiro, contribui para o surgimento e agravamento da ansiedade. (FARIA, GRIECO E BARROS, 2012, p. 799)
Culpa e vergonha são consequências geradas pela experiência da infertilidade, além de produzir um estigma social que também pode causar alienação e isolamento. Sentimentos de inferioridade e queda na autoestima podem configurar quadros de depressão e de ansiedade elevada (FARINATI; RIGONI; MÜLLER, 2006). Para a mulher, a não concepção do seu desejo de ser mãe, pode acarretar em sentimentos de impotência, fracasso e injustiça, ocasionando também uma sensação de “anormalidade” acompanhada de vergonha. (LEITE; FROTA, 2014)
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