O Uso Do Lúdico No Diagnóstico Psicopedagógico
Por: Vanessa Cristina Moura • 7/8/2023 • Monografia • 1.277 Palavras (6 Páginas) • 86 Visualizações
Segundo Nogueira (2012) quando se trabalha com criança é indispensável haver um espaço e tempo para a criança brincar e assim melhorar se comunicar e se revelar. A técnica do jogo em psicanalise foi elaborada por M. Klein, Anna Freud e outros, que aprofundam o simbolismo inconsciente do jogo. J. Piaget, fala sobre a construção do pensamento e da sociabilidade, e mostra a elaboração do jogo em diferentes idades. Winnicott, possibilita uma compreensão mais integradora do brincar da aprendizagem. Assim resume seu pensamento: È no brincar , e somente no brincar, que o individuo , criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o individuo descobre o eu (self) ( 1975, p.80) No brincar, a criança constrói um espaço de experimentação, de transição entre o mundo interno e o externo. Nesse espaço transacional: criança – outro, individuo – meio, dá-se a aprendizagem, o processo lúdico é fundamental no trabalho psicopedagógico (NOGUEIRA, 2012). No diagnostico, o uso do lúdico é mais uma possibilidade de se compreender, basicamente, o funcionamento dos processos cognitivos e afetivos – sociais em suas interferências mutuas, no modelo de aprendizagem do paciente. A utilização do ludodiagnóstico já é muito comum na clínica infantil (NOGUEIRA, 2012). Com crianças de até 7 anos, conduzir o diagnóstico de forma lúdica, quando algo importante surgir podese fazer intervenções facilitando a comunicação. Com crianças de até 10-11 anos utilizar jogos de modo flexível, proporcionando espaços lúdicos nas diferentes sessões. Com adolescente eles apreciam os jogos de regras, em que podem brincar e medir forças com o terapeuta. São indicados jogos de raciocínio, atenção, antecipação de situação, utilizando o jogo no meio da sessão ou no final da sessão (NOGUEIRA, 2012). Segundo Nogueira (2012) a sessão lúdica diagnostica distingue-se da terapeuta, porque nessa o processo de brincar ocorre espontaneamente, enquanto que na diagnostica há limites definidos. Na diagnostica podem ser 29 feitas intervenções provocadoras e limitadoras para se observar a reação da criança, se aceita ou não propostas, como resiste a frustração, como elabora desafios e mudanças propostas na situação.
A CAIXA DE TRABALHO, OU CAIXA LÚDICA A caixa de trabalho, idealizada por Visca (1987) como uma forma de trabalhar com as dificuldades psicopedagógicas, foi inspirada na psicanálise de crianças, mais precisamente na caixa individual utilizada por terapeutas e analistas. Segundo Barbosa, citado por Pinel e Colodete ([20--]), no trabalho psicanalítico com crianças a caixa “é composta por brinquedos e materiais escolhidos para representarem o mundo interno da criança, suas fantasias inconscientes frente ao mundo” etc. Segundo os mesmos autores, no caso da psicopedagogia clínica, a caixa irá conter “materiais que possibilitem a vivência do aprender para a criança ou para o adolescente”, ou seja, no lugar do inconsciente, trabalharemos as questões mais voltadas à aprendizagem. Por ser inspirada na caixa individual, a caixa de trabalho está longe de ser um simples receptáculo de materiais e de produções da criança, como acreditam alguns psicopedagogos. Pinel e Colodete ([20--], p. 5) afirmam que “os objetos a serem colocados na Caixa de Trabalho serão objetos que representarão estes aspectos do seu mundo interno [da criança] ou que receberão projeções para que passem a representá-los”. Assim, serão colocados objetos de uso individual na caixa sugeridos pelo psicopedagogo, tais como: papéis, lápis, borracha, apontador, caneta hidrocor, cola, jogos, lápis de cor etc.; mas também serão guardadas as produções da criança durante o tratamento, tais como: desenhos, pinturas, textos etc. Os autores esclarecem que, conforme a necessidade apontada pela avaliação diagnóstica clínica, a lista de materiais pode ser ampliada ao longo do acompanhamento (Pinel; Colodete, [20--]). Weiss (2004) alerta para a importância de o material ser oferecido à criança em sua versão mais simples, evitando coisas muito atraentes ou “importadas”, pois, segundo ela, é necessário que a caixa “não se caracterize como uma ‘boutique de brinquedos’, competindo com os pais em matéria de atrativos”, já que “o ¬excesso de atrativos [...] desvia do objetivo da atividade, transformando a sessão num ‘passeio à Disneyworld’ e não num momento de aprender a aprender” (p. 152). Além das sessões realizadas de acordo com a metodologia da epistemologia convergente de Jorge Visca estudadas anteriormente, podemos citar mais algumas técnicas complementares para a coleta de dados que ajudam na elaboração das HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS ao longo do processo de análise clínica.
A OBSERVAÇÃO LÚDICA O mundo infantil é permeado pelo lúdico e pela fantasia. É por meio das brincadeiras, dos jogos, das imitações e das representações que a criança vai aprendendo a se comunicar e a conviver socialmente. Assim, podemos afirmar que “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo 30
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