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Os Sentimentos para psicologia

Por:   •  3/3/2017  •  Resenha  •  2.940 Palavras (12 Páginas)  •  370 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS- DCJUR

DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO

DOCENTE: MARISA NABUCO DE MELO E SILVA

TÍTULO DO TRABALHO:

                      ANDRÉ LUCAS MUNIZ AURICK

CHRISTIAN SAAD LIMA DE CARVALHO

MARÍLIA DOS SANTOS BORBA DALTRO

RAFAEL CARDOSO ALVARENGA

RAISSA ARLÉO ALVIM GALVÃO

                   

ILHEUS/BA

2017

  1. Emoção

O estado complexo de sentimentos com elementos somáticos, psíquicos e comportamentais relativos ao afeto e humor (Kaplan; Sadock, 1993). Afeto é uma experiência observável expressa pelo indivíduo e se revela no comportamento: gesticulação, voz, etc. Humor é uma experiência subjetiva, a informação a respeito só se obtém questionando a pessoa, pois é uma experiência interior, de visão de mundo do indivíduo.

A emoção delimita o campo de ação e leva a razão. De acordo com Damásio (1966), a memória de trabalho e atenção tem capacidade limitada. Se a mente escolher racionalmente vai acabar escolhendo mal ou desistindo de escolher. Sem a emoção não se consegue nem selecionar uma peça do guarda-roupa. As opções racionais são infinitas, a emoção estabelece parâmetros que fazem com que a razão seja realizada com êxito. As emoções não são entidades com significado próprio, elas ganham significado do contexto de seu uso; são frutos da cultura. Boas palavras e imagens produzem bem-estar e predispõem as pessoas a relacionamentos construtivos, pois mudam as emoções negativas e produzem percepções positivas que levam ao apaziguamento.

Porém, as emoções também são processos determinados biologicamente e dependem de mecanismos cerebrais estabelecidos de modo inato (Damásio, 2000). Segundo Lent (2001), não é fácil distinguir nos seres humanos as influências biológicas, hormonais das sociais.

Tipos de emoção

Emoções básicas, presentes em todas as culturas: felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo e repugnância. Emoções sociais podem estar na gênese, na manutenção e no agravamento de conflitos: simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme, inveja, gratidão, admiração, espanto, indignação e desprezo (Damásio, 2004).

Ainda segundo Damásio (2000), há mais outro conjunto de emoções, são as emoções de fundo, que seriam as de estados corporais e mentais: felicidade, tristeza, bem-estar, mal-estar. Lent (2001) considera útil ao estudo dos comportamentos separar as emoções em dois grandes grupos: emoções positivas ou relacionadas ao prazer, emoções negativas, relacionadas a dor ou ao desagrado. As primeiras promovem a abertura, a flexibilidade, a disposição para inovar, e a cooperação. As segundas conduzem ao recolhimento, à contenção, ao conservadorismo, e podem ser o início de conflitos.

2. Emoção e Funções mentais superiores

As emoções influenciam todas as funções mentais superiores, utilizam o corpo como teatro. É importante destacar a distinção entre sentimento e emoção, o primeiro ocorre no “teatro da mente”, já o segundo é uma “perturbação do corpo”.

A emoção pode provocar diversos efeitos sobre as funções mentais superiores, dentre os quais: modificar a sensação e a percepção, pois alguns estímulos são atenuados ou acentuados; a predisposição perceptiva, quando o indivíduo tem convicção de um fato por achar que haveria propensão a ser praticado, não se tratando de alucinação, nem ilusão, mas de um fenômeno de natureza puramente emocional; a atenção seletiva, que ocorre para ratificar as percepções que se ajustam aos sentimentos da pessoa, e essa passa a perceber sinais que antes passariam despercebidos; efeito sobre a memória, inibindo ou estimulando, quando, por exemplo, uma testemunha num tribunal embaralha ou esquece de informações; efeito sobre o pensamento e a linguagem, palavras “desaparecem”, o pensamento torna-se confuso, mal articulado; “distorções cognitivas” provocadas por grandes sofrimentos psicológicos como raiva, tristeza, medo, causando prejuízo da lógica, o pensamento mostra-se arbitrário, conduzindo a conclusões erradas, como “homem nenhum presta”; o pensamento como ingrediente da emoção, o mesmo fato pode gerar medo em uma pessoa ou raiva em outra, ou seja, o acontecimento gera a emoção mas é o pensamento que que estabelece sua natureza.

Não há apreciação isenta de emoções, pela impossibilidade de evitar pensamentos a respeito de algum fato presenciado ou a respeito do qual se ouviu uma narração. Dessa forma, a neutralidade absoluta não encontra resguardo nas atividades mentais, mas é possível a prática do equilíbrio, em que se busca avaliar o fato de acordo com ponto de vista legal, ético, moral.

As emoções geram pensamentos e pensamentos geram emoções, reforçam-se mutuamente para o bem ou para o mal. Emoções negativas empobrecem a percepção, o indivíduo só enxerga a situação que vivencia e perde a disposição para enfrentar mudanças. A emoção positiva, como felicidade, amor, alegria, predispõe a pessoa a novos desafios.

A seletividade na percepção também é desencadeada pela emoção, o indivíduo percebe apenas o que confirma a sua filosofia e ignora o que for incompatível com sua expectativa, tornando-se muito difícil, por exemplo, argumentar com uma pessoa dominada por forte emoção, prefere-se, portanto, tentar reduzi-la para depois buscar um convencimento, a exemplo, para obter um acordo satisfatório, já que antes a pessoa estaria “cega e surda” a argumentos.

O pensamento racional é bastante limitado por motivos simples, somente critérios emocionais permitem tomar uma decisão. A razão atua sobre as opções disponibilizadas pela emoção, ou seja, a emoção conduz o pensamento. Somente se consegue ser racional dentro de parâmetros emocionalmente aceitáveis. Desse modo, alerta-se para a relatividade do racionalismo, visto que, modificando os paradigmas emocionais, a racionalidade de uma decisão pode tornar-se questionável, a interpretação de crimes cometidos por paixão, ciúme e honra, são exemplos de crimes passionais.

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