PROPOSTAS DE AÇÃO DA PSICOLOGIA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO
Por: Kíssila Mendes • 24/2/2016 • Relatório de pesquisa • 1.329 Palavras (6 Páginas) • 410 Visualizações
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Faculdade Machado Sobrinho
Entidade Mantenedora Fundação Educacional Machado Sobrinho
KÍSSILA TEIXEIRA MENDES
A importância da entrevista psicológica na obtenção da CNH
Plano de ação da disciplina Prática Profissional Supervisionada em Psicologia do Trânsito I do 9º período do Curso de Psicologia da Faculdade Machado Sobrinho, apresentado como requisito parcial da avaliação.
Profª.: Maristela Botega
JUIZ DE FORA
JULHO/ 2015
Introdução
A Resolução 007/2009 do CFP[1], que institui normas e procedimentos para a avaliação psicológica no contexto do trânsito, indica com um dos instrumentos para tal avaliação, em primeiro lugar, a entrevista psicológica. Esta tem caráter obrigatório e se caracteriza como uma conversa inicial, individual, com um propósito definido que vise indicar ao avaliador, subsídios acerca da conduta, comportamento e valores do avaliado de forma a complementar aos outros recursos utilizados. Além disso, é durante a entrevista que o psicólogo tem condições de identificar situações que possam interferir negativamente na avaliação, podendo, inclusive, sugerir uma remarcação do exame. Por isso, durante a entrevista, o psicólogo deve estar atento às condições físicas e psíquicas do candidato e também verificar fatores como: o uso de medicamentos, problemas situacionais, se está bem alimentado e dormiu bem, se tem problemas de visão, entre outros. O profissional também deve, nesse momento, tirar eventuais dúvidas do candidato. A resolução acima mencionada, ainda, possui em seu Anexo I um modelo de entrevista a ser utilizado pelo profissional. Fica ainda instituído como obrigatório uma entrevista devolutiva onde o psicólogo deve apresentar clara e sucintamente os resultados da avaliação.
Entretanto, nos relatos em sala de aula, foi possível observar que nenhuma das clínicas particulares vinculadas ao DETRAN onde são realizados os estágios realiza a entrevista inicial no processo de avaliação psicológica, se limitando distribuição de questionário onde os próprios candidatos respondem às questões. Nesse caso, ficam sujeitos a omissões ou até mesmo erros por não terem esclarecimento. São comuns, por exemplo, situações onde a renovação é urgente, por conta de necessidade no emprego, mas as condições físicas e psíquicas do candidato não são favoráveis e este é reprovado. Possivelmente, seu próximo exame será ainda mais carregado de ansiedade e pressa. Por isso, o presente trabalho tem como objetivo apresentar características da entrevista psicológica para, posteriormente, discutir criticamente o (não) emprego destas no contexto da avaliação psicológica.
Discussão teórica[2]
A temática da entrevista psicológica é central dentro da área de estudos da Psicologia, sendo Bleger (1998) autor clássico na fundamentação crítica e teórica acerca desse método de pesquisa. O autor classifica a entrevista como instrumento fundamental do método clínico, ressaltando seu aspecto científico. A entrevista psicológica, por sua vez, tem como seu objeto o estudo e o comportamento geral do indivíduo. O método clínico e a técnica da entrevista são oriundos do campo da medicina. Entretanto, não podemos confundi-la com a consulta e com a anamnese: na primeira, a entrevista pode ser um recurso; na segunda, os dados são restritos, principalmente, à enfermidade do paciente. Na entrevista, assim, independente de sua finalidade, o resultado é fruto de um saber e de um fazer.
Diversas áreas influenciaram a teoria das entrevistas: psicanálise, behaviorismo, Gestalt, topologia. A psicanálise com as dimensões de inconsciente, transferência, resistência e projeção. O behaviorismo com a observação do comportamento. A Gestalt com a visão do todo. E a topologia com o enfoque situacional. Essas influências fizeram com que a entrevista adquirisse operacionalidade e ares de técnica cientifica, o que permitiu uma forma racional de aprendê-las e aperfeiçoá-las.
Também o campo da entrevista é trabalhado por Bleger (1998), que define que o campo é formado pela relação entre o entrevistador e entrevistado, embora o entrevistador, ao estar ciente disto, deve permitir que o campo seja moldado pelo entrevistado, permitindo que sua personalidade se exteriorize. Entretanto, deve estar claro que nenhuma entrevista pode esgotar a totalidade da vida de um paciente. Por isso, se faz necessário um enquadramento da situação e do estímulo e a definição de objetivos, como tempo e local da entrevista. Entretanto, isso não define o campo da entrevista como rígido, pois este deve ser dinâmico e considerar variáveis, o que exige uma observação da continuidade.
Pelo o que definimos ser o campo da entrevista, podemos deduzir que nela há possibilidade do entrevistado cair em situações como as de contradição, lacunas e dissociações. Se, por um lado, tal fato faz com que alguns não confiem na técnica de entrevistas, por outro permite ao profissional contato com as nuances do próprio entrevistado, o que pode permitir o trabalho com elas, a depender da angústia que gera no entrevistado.
Dessa forma, na entrevista o entrevistador é parte do campo, ou seja, observador participante, colocando em contestação, mais uma vez, a validade dos dados. É preciso ter em mente, entretanto, que tamanha objetividade não é encontrada em nenhuma área científica, ainda mais na psicologia, onde o objeto de estudo é o homem. Mas, para chegar próximo a tal objetividade, é preciso fazer com que o observador se torne também uma variável, visto que a qualidade de todos os objetos é relacional. Uma forma de se observar bem, segundo Bleger (1998) é ir formulando hipóteses de acordo com a apresentação dos fatos.
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