Psicanálise – O Caso Dora
Por: Eduarda Adão • 5/5/2019 • Trabalho acadêmico • 3.564 Palavras (15 Páginas) • 384 Visualizações
Psicanálise – O Caso Dora
Caso Dora: é um caso que ensinou muito a Freud, apesar de não ser bem sucedido. Dora vinha de uma família rica. A mãe era quase uma psicótica (mania de limpeza e afazeres da casa). Logo, a mãe era distante do marido, da Dora e da vida social. A Dora não admirava a mãe, por ser essa mulher distante, ocupada pela casa. Por consequência, tinha uma relação mais forte e de admiração para com o pai. Quando o pai tem problemas de saúde, a Dora cuida dele.
Tinha um irmão mais velho também.
A Dora chega no consultório do Freud pois os pais encontram uma carta, escrita por Dora, onde dizia que não tinha mais sentido à vida e tinha vontade de morrer. O pai da Dora já havia sido paciente do Freud (pelos problemas de saúde). Freud aceita receber a filha do ex paciente dele.
Dora tinha muitos sintomas. Tinha um certo cansaço, desanimo, corrimentos vaginais, dor de cabeça, tosse que não passava, perda da voz. Cansada psiquicamente. Dora chega lá com 18 anos de idade e o tratamento dura 3 meses, pois abandonou o tratamento.
Freud fica bastante interessado pelos dois sonhos que ela traz. Existia uma atração pelos homens e pelas mulheres. Mas Freud não se ateve as relações com as mulheres. A relação que Dora tinha com a senhora K, Freud não conseguiu escutar.
O pai continha o problema de pulmão. Então mudaram para uma cidade, que se dá o nome de B. Um lugar onde pudesse ajudar no reestabelecimento da doença. E lá ficaram muito amigos de um casal, senhor e senhora K.
Dora desconfiava que o pai, que não tinha vida sexual (com as doenças, não “funcionava”), que estava tendo um caso com a senhora K. O senhor K via e fingia que não via – segundo a Dora – pois tinha interesse nela. Essa é a desconfiança que conta para Freud.
Senhor K sempre foi muito amável com Dora. Uma vez, Dora com 14 anos, foi até uma das lojas com o senhor K, a senhora K não estava. O senhor K mandou os funcionários embora, fechou as portas do estabelecimento e deu um beijo na Dora. – Cena traumática. O contato da Dora com a sexualidade, em ser objeto de desejo de um homem. Que é tudo o que a histérica quer e teme ao mesmo tempo. A partir desse episódio Dora começa a se sentir mal e ter todos os sintomas.
Dora estava cheia de conflito. Pensava também que o pai fechava os olhos no interesse que o senhor K tinha em Dora. Não sabia como lidar com todos os conflitos. Mas Dora conta a mãe o que o senhor K fez – uma proposta amorosa. Senhor K nega e levanta uma suspeita que a Dora era muito interessada em assuntos sexuais, pois Dora conversava bastante sobre com a senhora K. Então, senhor K diz que deve ser imaginação de Dora.
Dora admirava muito a senhora K. Não admirava a mãe, pois não era uma figura do feminino. A senhora K era vista como a Dora como uma mulher que sabe sobre a sexualidade feminina.
Quando Dora viveu aquela experiência com 14 anos não sabe lidar com tal sexualidade. “Gostei? Não gostei? O que é isso que o meu corpo sentiu? Como que eu dou conta disso? O que é isso” – É o enigma da sexualidade.
E a senhora K era belíssima. Que tirou o homem que nem “funcionava” sexualmente e o fez “funcionar”. Logo, Dora a vê como referência de feminino e sexualidade. Essa outra que sabe. Que sabe o que é ser uma mulher. Dora se identificava como uma figura feminina a partir da relação com a senhora K.
O pai da Dora duvidava da filha. Pois Dora insistia que rompesse com o casal.
O pai de Dora visitava todos os dias a senhora K, nos momentos em que o senhor K não estava em casa, para se ter privacidade. Dora reclama a Freud que ela foi entregue como prêmio para que as coisas se estabilizassem. A figura masculina fica com uma ambivalência entre amor e ódio.
Dora tinha ciúmes. Muitos pensamentos sobre a relação do pai e a senhora K. “Não consigo pensar em outra coisa” – Dora relatara a Freud. Disse que o irmão a falou que não devem criticar os atos do papai e até se alegrar que encontrou alguém que o compreende, pois a mãe não conseguia. Dora queria pensar assim, mas diz que não consegue perdoá-lo.
Dora chega como lugar de vítima. – Que lugar o paciente fala. Vítima do senhor K, vítima do pai pois a entrega ao senhor K para ficar com a senhora K. Vítima da senhora K. Vítima de tudo.
E é ai que Freud faz a primeira intervenção com Dora. – Retificação subjetiva. Freud via escutando a Dora e fala “ok, está acontecendo tudo isso. Mas o que você tem a ver com tudo isso? Qual a sua responsabilidade nisso, que você diz que te faz sofrer?” A chama para estar em outra posição, sai da posição de vítima. Ela não tinha perguntas, era a bela alma sofredora vítima desses homens e dessa mulher.
Com apenas uma pergunta faz Dora girar, mudar de lugar e começar uma entrada no processo analítico. Isso teve efeito, pois ela começou a associa, falar.
Freud começa a se indagar dessa relação tão próxima com a senhora K, sendo que a mesma se envolvia com o pai de Dora.
Dora, após a intervenção, se indaga e começa a ter sonhos repetitivos.
Primeiro sonho: uma casa estava em chamas. Papai estava ao lado de minha cama e me acordou. Vesti-me rapidamente. Mamãe queria salvar sua caixa de joias. Papai disse “não quero que eu e meus filhos nos queimemos pela sua casa de joias”. Descemos e saímos da casa.
Freud pergunta o que aconteceu um dia antes do sonho. Dora conta que o pai e a mãe de Dora tiveram uma discussão.
OBS: para ir pro quarto do irmão da Dora ficava na sala de jantar. E a Dora, quando ia dormir, tinha mania de trancar a porta da sala de jantar. O pai dizia que não podia, pois se acontecesse algo, o menino não conseguia fugir (incêndio por exemplo). – Algo do dia a dia que acontece que se manifesta no sonho.
Significante discussão: Dora associa discussão com uma outra discussão que os pais tiveram a quatro anos atrás sobre joias.
Significante joias: o pai dava diversas joias para a senhora K e para Dora. O que a fazia pensar que ele estava ainda mais tentando a fazer se calar. Ela associa, ainda mais, que o senhor K havia dado uma caixa de joias para ela.
Uma associação desse trama. E vale lembrar que os sintomas que tinha, era pois não sabia lidar com toda essa trama.
Segundo sonho: passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e praças que me eram estranhas. Cheguei a uma casa onde morava e encontrei uma carta de mamãe. Como eu saíra de casa sem o conhecimento de meus pais, ela não quisera escrever que papai estava doente. Agora ele morreu e se quiser você pode vir. Fui a estação e perguntei umas cem vezes onde fica a estação. Recebi a resposta diversas vezes “5 minutos”. Num bosque encontrei um homem que disse “mais duas horas e meia”, ele pediu para acompanhar e disse que iria sozinha...
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