RELATORIO DE PESQUISA SURDOCEGUEIRA
Por: MARCOS VINICIUS FERREIRA • 20/9/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 1.365 Palavras (6 Páginas) • 494 Visualizações
PSICOLOGIA DA PERCEPÇÃO
RELATÓRIO DE PESQUISA – A PERCEPÇÃO DA SURDO-CEGUEIRA
INTRODUÇÃO
Surdocegueira é uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa com surdocegueira a desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir com a sociedade. O indivíduo surdocego necessita de um atendimento educacional especializado diferente daquele destinado ao cego ou ao surdo, por se tratar de uma deficiência única com características específicas principalmente no que se refere à comunicação, à informação e à mobilidade.
A principal característica da população surdocega é a heterogeneidade. Esses sujeitos podem ser totalmente surdos e cegos, enquanto que outros podem ter resíduo auditivo e/ou visual. A surdocegueira é classificada em dois grupos: congênita, quando o indivíduo nasce com a deficiência; e adquirida, quando a pessoa nasce com perda visual ou auditiva, adquirindo outra no decorrer da vida. Em ambos os casos, há o desafio de comunicação resultando em isolamento do sujeito surdocego. Para que isso não ocorra, é importante que haja intervenção adequada levando em consideração as especificidades da surdocegueira.
(Fonte: http://www.ibc.gov.br/paas/308-conceituando-a-surdocegueira)
FILME/SENSIBILIZAÇÃO
O grupo foi levado ao auditório da Unidade, onde se iniciou a exibição do filme “O Milagre de Anne Sullivan” (Título original: “The Miracle Worker”), drama de 1962 com duração de aproximadamente 1h46m, no qual é retratada a história de Hellen Keller, e Anne Sullivan. A primeira, uma criança que vivia no estado do Alabama nos Estados Unidos, havia perdido a visão e a audição quando tinha um ano e meio de idade como consequência de uma doença. A segunda, sua professora, indicada por um amigo da família para auxiliar na educação da criança.
Durante o filme, foram apresentadas as diferentes tentativas de estabelecer uma comunicação funcional com Hellen, considerando que sua perda ocorreu no período pré-linguistico o que limitava significativamente sua capacidade de comunicação com o ambiente a sua volta. Córdova (2004, p. 19), esclarece que:
O surdocego pré-linguistico utiliza-se primeiramente dos seus sentidos para relacionar-se com o mundo e as pessoas a sua volta, e com a falta de audição, esta etapa dificulta o desenvolvimento de sua fala tanto receptiva quanto expressiva, e sua falta de visão limita a exploração do ambiente que o cerca, limitando assim sua formação de conceitos. (CÓRDOVA 2004, P. 19)
Como consequência da sua condição, sua comunicação limitava-se a apertar a mão de sua mãe quando queria dizer “não”, um aceno com a cabeça que queria dizer “sim” e um puxão na roupa da pessoa que significava “vem”.
CAMINHADA GUIADA DE 50 METROS
Para ilustrar a percepção de uma pessoa com surdocegueira, o grupo foi instruído a realizar uma caminhada guiada de 50 metros na qual em pares, cada um dos participantes teve a oportunidade de atuar ora como “guia”, ora como “cego”. Dentre as instruções estava a de não haver comunicação verbal durante o exercício.
Uma das maiores dificuldades observadas durante a execução do exercício, foi a de se estabelecer uma relação de confiança com o guia quando o sujeito atuava na posição de “cego” pelo fato de ter outra pessoa instruindo aonde ir, com que ritmo ou falta de empenho/atitude.
LINGUAGEM TATIL
Na educação dos surdos, o alfabeto datilológico utilizado para representação em sinais das letras do alfabeto. No caso de pessoas surdocegas o alfabeto é digitado no corpo da pessoa para os diálogos quando não houver um sinal específico para determinada palavra. Keller (2008, p.66), afirma que “quando as pessoas surdocegas não conseguem distinguir visualmente as letras, elas o fazem por meio do toque; dessa forma, acompanham as articulações de cada letra realizada pelo mediador”. A figura abaixo, mostra como é feito a letra “r” na mão de uma pessoa:
[pic 1]
O grupo também realizou exercícios de leitura tátil, onde pela pouca experiência do grupo com a linguagem de sinais, foram utilizadas figuras geométricas e outras figuras de simples interpretação e reconhecimento.
Leitura tátil – Para a realização da atividade de leitura tátil, o grupo foi dividido em duplas e em seguida foram apresentados dois conjuntos de imagens/figuras com a orientação de que cada dupla deveria reproduzir essas imagens. Um participante deveria estar com o sentido da visão privado, enquanto o outro “desenhava” na palma de sua mão as imagens/figuras e em seguida, reproduzir em uma folha de papel o que havia percebido do que foi desenhado em sua mão.
Abaixo, a imagem (A) representa as imagens apresentadas e a imagem (B), representa a reprodução em uma folha de papel de um dos participantes.
[pic 2][pic 3][pic 4]
[pic 5]
CONSIDERAÇÕES
A exibição do filme chamou a minha atenção para as infinitas possibilidades do corpo humano de se adaptar ao ambiente e às dificuldades que possam se apresentar no decurso de nossas vidas. A surdocegueira é uma patologia pouco divulgada e, com o filme eu pude ter o meu primeiro contato com o tema e me aprofundar no processo cognitivo da percepção e da aprendizagem tanto da linguagem propriamente dita, como da linguagem de sinais. Em sala, no estudo da disciplina, tivemos o primeiro contato com os aspectos neurológicos da percepção e com o filme e as atividades realizadas, pude ver como esses processos se dão na pratica. Uma das maiores contribuições para meu estudo da percepção é o de que cada pessoa percebe o mundo de sua maneira e dentro do seu tempo. Isso não implica algum tipo de limitação apenas, mas antes disso, uma característica pessoal que é influenciada principalmente pelo contexto sociocultural onde a pessoa esta inserida.
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