RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME: NISE – O CORAÇÃO DA LOUCURA
Por: Edna Cunha Pra • 20/6/2020 • Resenha • 972 Palavras (4 Páginas) • 3.186 Visualizações
Trabalho da Disciplina
Psicologia e Instituições
Resenha crítica sobre o filme: Nise – O coração da Loucura
O filme se inicia com a volta da Dra. Nise à sua vida profissional, à Clínica Psiquiátrica, no Centro Psiquiátrico Nacional no bairro do Engenho Novo, no Rio de Janeiro depois de mais de um ano presa, acusada de ser socialista no governo de Getúlio Vargas.
Ao entrar no hospital, Nise se depara com uma reunião, onde se falava dos métodos utilizados com os doentes mentais, havendo também a demonstração das técnicas usadas na época chamada eletroconvulsoterapia, que por sinal eram brutais. Fazia-se lobotomia e eletrochoques, principalmente em doentes mentais com esquizofrenia. Nise fica perplexa e não concorda com tais métodos, relata isso ao Diretor do hospital que diz então que ela não poderia trabalhar ali. Acredito que pelo fato de ser mulher e ex presidiária, fez com que não fosse ouvida, sendo ignorada e colocada num cargo aquém de sua capacidade. Foi então encaminhada ao Setor de Terapia Ocupacional, um cargo sem expressão, sem importância.
O filme retrata de forma realista e com cenas fortes como era a vida de pessoas com transtornos mentais naquela época, também retrata como era a luta da mulher nessa década, para se fazer ser ouvida e respeitada, num sistema de pensamento machista. O tratamento aplicado era agressivo e brutal, com isso os pacientes regrediam, ao invés de curá-los. A agressão só os fazia ficar mais agressivos, acredito que como uma forma até de se defender, pois não sabiam lidar consigo mesmos, que dirá com as situações ao seu redor.
Nise então dá início ao seu trabalho no Setor de Terapia Ocupacional, começando com a limpeza do ambiente. Ela propõe lazer dentro do hospital, e com a ajuda de um estagiário realiza um passeio ao ar livre, implanta artes, como pintura em telas, o que proporcionou uma melhora no comportamento dos pacientes, mostrando como a brutalidade e a violência são prejudiciais as pessoas que sofrem de algum transtorno mental. Nise mostra que o amor, o acolhimento, o cuidado e a arte proporciona efeitos positivos na mente das pessoas, ou seja, um tratamento mais humanizado pode não curar, mas dará uma qualidade de vida melhor aos pacientes com transtornos mentais.
Mesmo quando encontraram os animais mortos e alguns com comportamento violento, à ponto de um paciente assassinar um enfermeiro, Nise não desistiu, mesmo enfrentando o preconceito, a oposição e o poder totalitário da instituição hospitalar.
“Certamente podemos identificar opressores e oprimidos, caracterizados pela equipe dirigente e pelo grupo dos internados, os primeiros modelam e os segundos são objetos de procedimentos modeladores. Apesar de o binômio dominadores dominados dar a impressão de que o poder seja uma instituição, estrutura ou certa potência que um grupo detém em prejuízo de outro, Goffman já revela, de certa forma, que poder é substancialmente relação e que são lugares que compõem a sua dinâmica”. Estudos de Psicologia, Campinas, v.21, n.3, p.237-252, setembro/dezembro 2004
Com uma resolução de dezembro de 2017, o Ministério da Saúde incluiu os hospitais psiquiátricos, junto com os ambulatórios e os hospitais-dia, nas Redes de Atenção Psicossocial (Raps) do SUS, que tratam do cuidado à saúde mental. Não haverá mais o chamado "modelo substitutivo". Dessa forma, os Caps não irão mais substituir os hospitais psiquiátricos que ainda permanecem em atividade — os dois modelos de atendimento deverão coexistir.
Por Lara Pinheiro, G1
12/02/2019 14h:03 Atualizado há um ano
“O momento histórico - das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas
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