Relatorio Prostituta

RELATÓRIO

No dia 04 de novembro de 2014, por volta das 18:30 horas, foi realizado uma entrevista, com duas garotas que trabalham na Boate Champagne pela turma do 10° período de psicologia. Ao realizamos as perguntas, notou-se que uma das grandes motivações para o trabalho das “garotas profissionais do sexo” é financeira. Segundo o que elas relataram, o dinheiro é rápido e é de fundamental importância para sua sobrevivência e o sustento de sua família e filhos.

As garotas contaram ainda sobre flexibilidade do trabalho, como poder rejeitar um cliente, estabelecer seu próprio ritmo e suas próprias regras dentro do quarto, ou seja, elas não fazem sexo sem camisinha e nem sexo anal. As demais combinações eram feitas à parte, entre o cliente e a garota. A principal fonte de renda da casa é o comércio de bebidas, por isso, faz parte do contrato com cada garota que ela estimule o consumo.

No início da entrevista as garotas pareciam estar bem resistentes às perguntas. Notou-se, que elas omitiram sobre alguns questionamentos realizados pelos os acadêmicos durante a entrevista, acreditamos que isso aconteceu pelo fato de um administrador da casa, ter permanecido durante toda a entrevista. Durante o encontro, senti que estava adentrando um território muito delicado, tocando em alguns tabus da sociedade. Percebi que as respostas por várias vezes gerou discordâncias e incômodos entre os acadêmicos.

Deste moto, percebemos que o preconceito é uma dificuldade encontrada nessa profissão, pois ser reconhecida e ter respeito é algo que ainda não acontece. O preconceito está presente em todas as relações: com o cliente, com a sociedade em geral, no meio acadêmico e inclusive partindo das próprias profissionais. Todas fazem uso de um pseudônimo para se identificar dentro do local de trabalho e esse nome é trocado conforme a casa em que estão exercendo a atividade, facilitando assim o anonimato, que é considerado fundamental no ofício em função do preconceito vivido por elas. As profissionais relataram esconder sua profissão da maioria das pessoas, principalmente de suas familiares. Elas também contaram que às vezes foram xingadas na rua por clientes que usufruíram de seus serviços. Apesar de ser uma minoria, há clientes que as maltratam verbal e fisicamente durante o trabalho e fora.

Entretanto a prostituição, é um fenômeno social, presente na sua história e disseminada em todas as regiões. É um trabalho em que o profissional fica muito propenso no que concerne à violência, tanto física quanto social e psicológica. Sendo assim é relevante o apoio de um profissional da psicologia para que possa promover ações transformadoras no que se refere a história do sujeito e suas relações sociais.