Resenha Filme Doze Homens e Uma Sentença
Por: Geovana Maeda • 27/11/2017 • Resenha • 996 Palavras (4 Páginas) • 508 Visualizações
Doze Homens e Uma Sentença (12 Angry Men), se trata de um filme americano que teve sua estreia no ano de 1957, e conta a história de um grupo de doze homens, que fazem parte de um júri em um julgamento, e têm como objetivo chegar a uma decisão unanime sobre a inocência ou culpa de um jovem de dezoito anos, acusado do assassinato de seu pai. Após passarem pelos dias de julgamento e ouvirem as provas, ambas da promotoria como da defesa, o grupo se tranca dentro de uma sala, com o intuito de sair apenas quando chegarem a um consenso com relação ao destino do jovem, que caso considerado culpado, será sentenciado a pena de morte.
Os protagonistas da história são, neste caso, os doze homens que compõe o júri e que devem decidir o destino do jovem. Desde o início do filme, pode-se perceber que todos possuem personalidades divergentes, e embora nos primeiros momentos todos parecem ser capazes de discutir harmoniosamente com relação a sentença do acusado, nota-se, após a primeira votação, onde o jovem é considerado culpado por onze votos enquanto apenas um o inocenta, que o grupo deixa de ser pacifico, e todos entram em discussão para provar ao único homem contra a opinião da maioria que sua visão com relação ao acusado é equivocada.
A partir desse momento, de acordo com a visão freudiana sobre as massas e os grupos, pode-se notar os processos inconscientes dos indivíduos que permeiam as relações entre os membros do júri, que, neste caso, fazem com que cada personagem traga seu próprio motivo inconscientemente velado que os fazem acreditar na culpa do jovem acusado.
Pode-se justificar a falta de um consenso do grupo pelo fato do mesmo não possuir o que Freud nomeia de ‘homogeneidade mental’, ou seja, uma visão semelhante ao grupo com relação a um aspecto emocional, um objeto, ou características que se assemelham. Nesse sentido, como o grupo de jurados do filme trata-se de um que possui os mais diversos tipos de diferenças, desde idade, classes sociais, visões de mundo e de ser humano, e conteúdos inconscientes, não é de se surpreender que se torna difícil alcançar uma ‘mente grupal’, um estado mental onde todos acreditariam na mesma sentença pelos mesmos motivos.
Conforme as provas apresentadas e testemunhos dados durante o longo processo de julgamento vão sendo contestadas por um número crescente de jurados ao redor da mesa, os mesmos cada vez mais duvidando da veracidade dos fatos que acreditavam ser indiscutíveis, relatos da história pessoal dos indivíduos vão sendo trazidas a pauta e começa-se a observar a revelação de conteúdos pessoais que faziam com que os jurados projetassem no jovem aguardando sua sentença vivencias sociais que haviam marcado seus respectivos passados, e que, por muitas vezes, quando eram capazes de admitir que seus conteúdos pessoais velados, de certa forma influenciavam sua visão do julgamento, passavam a ver a situação de maneira diferente, e assim, o número de jurados que acreditavam na culpa do acusado caía cada vez mais.
Seja no processo grupal ou individualmente o ser humano se encontra diante dos mesmos processos inconscientes, então não se perde individualidade em massa, acontece uma regressão a condições mais primitivas da mente dando liberdade a desejos reprimidos.
Com as palavras do autor:
Para nós, seria bastante dizer que, num grupo, o indivíduo é colocado sob condições que lhe permitem arrojar de si as repressões de seus impulsos instintuais inconscientes. As características aparentemente novas que então apresenta são na realidade as manifestações desse inconsciente, no qual tudo o que é mau na mente humana está contido como uma predisposição. Não há dificuldade alguma em compreender o desaparecimento da consciência ou do senso de responsabilidade, nessas circunstâncias. Há muito tempo é asserção nossa que a ‘ansiedade social’ constitui a essência do que é chamado de consciência.
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