Revisão Sobre as Principais Correntes em Intervenções em Saúde Mental do Trabalhador
Por: Email Spam • 13/5/2023 • Trabalho acadêmico • 2.932 Palavras (12 Páginas) • 118 Visualizações
ESTUDOS SOBRE INTERVENÇÕES EM SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
Revisão Sobre as Principais Correntes em Intervenções em Saúde Mental do Trabalhador
Fernando Fonseca Pereira Junior
Estudante de Arquitetura e Urbanismo e Mestrando em Psicologia Organizacional pela Universidade Potiguar, Campus Roberto Freire, Capim Macio, Natal, Brasil.
Contato: psicologofernandofonseca@gmail.com; fernando200x@hotmail.com.
Introdução
Dejours (2004), em seu texto “Subjetividade, trabalho e ação”, cita que o trabalho se apresenta numa dualidade de duas ordens, sendo estas de compreender o conceito neoliberal e tomar um maior conhecimento da ação no campo político. Para cada indivíduo, o trabalho tem uma definição, podendo ser mobilização da inteligência, engajamento do corpo, dentre outros.
Dejours (2004) ainda menciona a utilização do corpo como instrumento de trabalho, no sentido do uso da inteligência da parte da subjetividade humana no qual sempre “paga o preço” da resistência ao mundo e suas relações com a afetividade no contexto organizacional. Sendo a partir desta, necessário para a haver uma transformação do sujeito, uma delas sendo a inteligência organizacional, cuja manutenção há sempre a quebra de regras, registros, distância dos procedimentos.
A psicodinâmica do trabalho, tem suas origens com Le Guillant, observando as relações existentes entre a psicopatologia e o trabalho, em estudos como telefonistas em Paris, cujos sintomas apareciam de forma psicossomática, alterações de humor, caráter e modificações no sono, sendo denominado pelo referido como Síndrome Geral de Fadiga Nervosa. (Le Guillant citado por Jaques e Codo, 2002)
De acordo com a psicodinâmica do trabalho, segundo Dejours citado por Mendes, Morrone e Vieira (2009) que o trabalho é de fundamental importância para a formação da psique de um indivíduo, sendo esta energia psíquica, impossibilitada de ser esvaída, o adoecimento é iminente.
Mendes, Morrone e Vieira (2009), quando os trabalhadores conseguem mudar seus ambientes de trabalho, no sentido de fontes causadoras de sofrimento para vivências de prazer, reconhecimento de trabalho, o mesmo consegue tornar-se fonte de prazer. Ainda acrescentam sobre o sofrimento, remonta a incompatibilidade dos trabalhadores de lidarem com seus sofrimentos no contexto de trabalho, gerando sintomas físicos ou psicossociais.
Psicodinâmica do Trabalho
Segundo Dejours (2004), é uma disciplina apoiada com preceitos das relações de trabalho e saúde mental, enfocando em promover resultados de pesquisas relacionadas ao trabalho, ao redor, a psicanálise e a teoria social, tendo como proposta central, o trabalho, o sujeito e suas relações como causa do sofrimento mental.
A Psicodinâmica do Trabalho, é subdividida em trabalho prescrito e trabalho real, sendo estes o que ocorre ou não a sublimação e a constituição de uma identidade trabalhista. (Jaques e Codo, 2002). Lancman e Uchida (2003) vão acrescentar sobre estas terminologias, possuindo diferenças sendo a maneira de como os trabalhadores lidam com estes dois fatores.
Dejours (2002) irá citar sobre a organização do trabalho no qual é feita em uma relação construída para a vontade do outro, sempre havendo a divisão de tarefas e as relações humanas, sendo assim, quanto a Psicodinâmica do Trabalho, apoia-se em dois quesitos: as relações sociais de trabalho e o sofrimento no contexto das organizações.
Desenvolve-se no campo do sofrimento vivência subjetiva, do prazer e do trabalho, enfocando para os contextos de pesquisa o caráter principal seria a demanda dos trabalhadores, investigação, análise e a análise dos dados. (Dejours, 2002)
A pesquisa na Psicodinâmica do trabalho, dá a possibilidade de avanço em pesquisas e em suas respectivas análises, no intuito de melhorar suas respectivas condições de trabalho e criar proposições de modificar a organização e qualidade de vida (Dejours, 2002)
A Subjetividade nas Organizações
Para Dejours citado por Mendes, Morrone e Vieira (2009) o corpo é sempre o primeiro a ser utilizado na realidade, como na forma de experiências diante do real, passando pelo sofrimento, sendo um corpo diferente do ponto de vista biológico – um segundo corpo – o corpo em que habitamos, se experimenta, usado para fazer gestos, dentre outros, sendo o trabalho uma “condição transcendental de manifestação absoluta da vida”.
Ainda há de acrescentar “Entre a subjetividade e o sujeito, a diferença consiste na singularidade, não somente no plano de uma afetividade, mas, também, no de um vir-a-ser ou até mesmo de um destino” (DEJOURS citado por Mendes, Morrone e Vieira, 2009).
“O trabalho revela que no próprio corpo que reside a Inteligência do mundo e que é [...] pelo seu corpo que o sujeito investe no mundo para fazê-lo seu, para habitá-lo”. (Dejours citado por Mendes, Morrone e Vieira, 2009).
Dejours citado por Mendes, Morrone e Vieira (2009) mencionam sobre o trabalho, cujo desenvolvimento por parte dos sujeitos, é além do ponto de vista físico, ultrapassa qualquer tempo passado em uma oficina ou escritório, mobilizando toda a sua personalidade, também sendo uma forma de relação social, pois estamos localizados em uma dimensão humana definida por relações de desigualdade, poder e dominação.
Prazer e Sofrimento nas Organizações
Steuer citado por Martinez e Paraguay (2003), indicam sobre a motivação no trabalho aparece como uma tensão criada por uma necessidade e satisfação significa o acolhimento da necessidade.
Satisfação no trabalho é considerada um estado emocional agradável resultante da avaliação que o indivíduo faz de seu trabalho e resulta da percepção da pessoa sobre como este satisfaz ou permite satisfação de seus valores importantes no trabalho”. (Locke citado por Martinez e Paraguay, 2003)
A satisfação, Chan, Lai Ko e Boey citado por Martinez e Paraguay (2003) registram que a características de personalidade do indivíduos tem sido as causas mais frequentes de influência na satisfação do trabalho e o locus de controle, sendo o tipo A, capacidade de enfretamento (Harris citado por Martinez e Paraguay, 2003),“caracterizado por impaciência, hostilidade, irritabilidade, envolvimento como o trabalho, competitividade e esforço para realizações; é usualmente conceituado como um complexo emoção-ação provocado por demandas ambientais desafiadoras". (Parkes citado por Martinez e Paraguay, 2003)
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