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SABINE SPIELREIN - O REVELAR DE UMA SOBREVIVENTE

Por:   •  21/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.856 Palavras (8 Páginas)  •  330 Visualizações

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CURSO ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA – 2016

CONSTITUIÇÃO DO APARELHO PSÍQUICO

Profa. Renata Udler Cromberg

        

 O REVELAR DE UMA SOBREVIVENTE

 SABINE SPIELREIN - A HISTÓRIA LHE FARÁ JUS

Katia Maria Girão  - RA 00186338

O REVELAR DE UMA SOBREVIVENTE - SABINA SPIELREIN

A HISTÓRIA LHE FARÁ JUS

  1. INTRODUÇÃO

Nesta narrativa tem por objetivo destacar minha grande surpresa e alegria ao ser apresentada a psicanalista Sabina Spielrein, através da leitura do livro “Sabina Spielrein - Uma pioneira da Psicanálise obras completas vol.1”, (CROMBERG, 2014) que trará da trilogia ainda em produção e pretende atribuir voz pulsante a esta mulher que por muito tempo foi postulada de maneira simplista somente amante e paciente do psicanalista Carl Jung.

Organizado e comentado pelo olhar atento e minucioso da psicanalista Renata Udler Cromberg, doutora em psicologia social pela PUC-SP e graduada em psicologia e filosofia, escritora e membro do Depto da Psicanálise do Instituto Sedes Sapientie e professora de cursos de pós-graduação na USP e PUC-SP, nos leva a desnudar uma Sabina inteligente, corajosa e responsável por produções teóricas de fundamental contribuição aos estudos e a teoria psicanalítica da época.

Conhecida pela maioria de nós através das películas do cinema em “ Um método perigoso”( 2011),  ” Jornada da Alma”  (2003) e “Meu nome era Sabina Spielrein” (2002), nenhuma destas produções deram a Sabina sua real importância no que se refere as contribuições à psicanálise, outras áreas de conhecimento,  bem como a história do seu tempo.

Sua morte trágica em 1942 pelas tropas nazistas, durante a ocupação na Rússia, encobre sua trajetória e produções, que nos tempos atuais vem sendo desbravada por iniciativas como de Cromberg (2014), que insiste em posicioná-la com a devida relevância e justiça.

Após logo tempo de semi-anonimato, em 1977 em Genebra, documentos foram resgatados dos porões do Palácio de Wilson, que no passado havia abrigado o Instituto de Psicologia, resgatando um período de ouro de psicanálise e traz a tona detalhes sobre a trama fascinante que envolve o triangulo Jung, Sabina e Freud.

São encontradas 46 correspondências de Carl Jung, 21 de Freud e 12 da até então desconhecida Sabina Spielrein, além de partes de seu diário entre 1909 e 1912. E, pelas mãos do psicólogo junguiano, o italiano Aldo Carotenuto, conhecedor da bibliografia de Carl Jung, que já deduzia a relevância de Sabina Spielrein, tanto na vida pessoal com na formação intelectual de Jung, o mundo resgatou este material arqueológico que vem servindo de insumo para elaboração da obras completas de Sabina em português.

  1. RELATO DA VIDA SABINA SPIELRIEN

Neste resumo da vida de Sabina temos a intenção de evidenciar os principais momentos de sua trajetória que, denota os recursos utilizados por ela para re-significar sua vida e seus conteúdos de maneira a expressar olhar singular ao sujeito, e assim contribuir de forma vanguardista nas diferentes áreas do saber.

Em 1885 na cidade de Rostov – Rússia nasce a primogênita da abastarda família Spielrein, Sabina Nicolaievna, família esta que será ampliada com o nascimento de três irmãos e uma irmã que vem a falecer na  tenra infância de tifo.

A infância de Sabina foi marcada por uma educação rígida e relação conturbada com os pais, começa a apresentar sintomas de distribuídos psiquiátricos desde cedo através de alucinações, medos noturnos, retenção de fezes e intensa masturbação. Por outro lado, sua extrema inteligência era evidenciada. Com a idade de 7 anos, já era fluente em francês, alemão e posteriormente em inglês, estudava piano e já demonstrava grande aptidão para a música.

Aos 18 anos viaja para Zurique pra inscrever-se na faculdade medicina, porém é acometida por uma crise histérica aguda e é internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Inicia seu tratamento com o jovem médico Carl Jung, foi a primeira paciente a ser submetida a um tratamento psicanalítico sem a supervisão direta de Freud. Assim, se estabelece a relação entre Freud e seu mais célebre discípulo e posterior dissidente.

Após um ano de internação recebe alta e inicia seu curso de medicina, em 1911 se torna uma das primeiras mulheres a se formar na Faculdade de Medicina de Viena, apresentando dissertação de conclusão de curso embasada na aplicação de técnica psicanalítica, intitulada “O conteúdo psicológico de um caso de esquizofrenia”.

Neste período inicia uma forte amizade que se converteu em romance com seu ex-médico e agora colega de profissão Carl Jung e não demorou muito para que o caso viesse a público e o escândalo amplificado.

Sabina se torna a segunda mulher a ingressar na Sociedade Psicanalítica de Viena e suas publicações que a colocariam na vanguarda no que diz respeito às questões relativas ao desenvolvimento da teoria psicanalítica.

Em 1912, vai para Alemanha a pedido de Freud, casa-se com Pavel Scheftel, médico e russo, com quem tem sua primeira filha Renata. Um ano depois volta para Suíça onde teve uma importante parceira com Jean Piaget, que foi analisado por ela por oito meses. Juntos desenvolveram um trabalho sobre as origens do pensamento e da linguagem, além de uma teoria sobre a simbolização que, contudo nunca foi escrita em conjunto.

Em 1923 volta à Rússia revolucionária e com o apoio de Trotski defende o desenvolvimento das investigações psicanalíticas, foi convidada por Vera Schmidt a dirigir uma clínica psicanalítica para crianças, bem como a inédita experiência do jardim da infância psicanalítico conhecido como Lar Experimental das Crianças, assumiu departamento de pedologia na Universidade de Moscou, além de participar como co-fundadora da Sociedade Psicanalítica Russa e no ano seguinte acontece o nascimento da sua segunda filha Ewa.

O período de glória da psicanálise na Rússia soviética duraria mais alguns anos, quando a revolução estalinista é deflagrada, classificando a psicanálise como uma ciência burguesa sendo rapidamente extirpada e emblematicamente a Sociedade Psicanalítica Russa foi dissolvida em novembro de 1929.

Neste mesmo ano, que Sabina retorna à sua cidade natal e retoma a música, sendo proibida de deixar o país. Em 1937 seus irmãos foram deportados e mortos, em 1942, durante a ocupação nazista, Sabina e suas duas filhas foram assassinadas pelas tropas de ocupação. Aos 56 anos, morreu Sabina Spielrein, pioneira nas elaborações teóricas sobre o amor, o feminino e a sublimação.

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