Sobre Angústia na Psicologia
Por: Carolina Remigio • 23/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.486 Palavras (6 Páginas) • 219 Visualizações
1. Introdução
O presente trabalho abordará a respeito de Angústia. Segundo dicionário Michaelis (2019), angústia pode ser definido como “sentimento que se liga a uma sensação interna de opressão ou de desespero; grande aflição do espírito, tormento, tortura”; “sensação de apreensão ou inquietação em relação a algo ou alguém; situação de aflição; desassossego, sufoco, temor”.
O interesse sobre o assunto originou-se primeiramente devido a minha própria angústia em compreender a disciplina de Humanismo II, pois a compreensão de filosofia e as ideias de seus filósofos são um desafia árduo. Tornando o processo de aprendizagem angustiante e por sua vez estressante.
O segundo fator de relevância para a tratativa do assunto foi uma palestra sobre Psicologia Escolar, onde a palestrante explanou sobre o crescente número de adolescente com sintomas de angústia e o que a mesma acarreta na vida dos jovens.
A princípio será apresentado conceituação sobre a temática tendo as ideias de Heidegger como enfoque do trabalho. No decorrer do trabalho será explanado sobre a angústia na contemporaneidade, tendo como delimitação a adolescência. Para finalizar, concluímos que a angústia faz parte da existência do ser humano e que a mesma é importante para seu desenvolvimento.
2. Fundamentação Teórica
A angústia é um sentimento que se faz presente tanto na literatura existencialista como na vida cotidiana, como por exemplo nas letras de músicas. No trecho abaixo da música A Angústia de Viver podemos perceber todos sentimentos que se mostram a partir da angústia:
Sinto medo
Do mundo lá fora
Pra quem se perde
Não tem volta
Perdi o sentido de viver
Inevitável me perder
O que não ajuda só ofusca
A verdade que se fez
Na verdade se desfez
Não, não vá
Dizer que eu
Já não sinto medo
De um começo
E quem nunca viveu
Não vai saber porque
E quem não me esqueceu
Foi só você
Sempre há o fim
De um começo assim
Tudo que vai, volta
E morre aqui
Não, não há mais esperança (FAI,2013)
Tendo a letra da música como enredo partida desta discussão, podemos percebemos os anseios como: angústia, medo, finitude, indecisão, etc. Sentimentos estes que abordamos quando demos início ao estudo do filósofo Heidegger e as tonalidades afetivas.
Heidegger através de seus estudos procurou investigar o sentido do ser. Para tanto, ele começou investigando o próprio homem, uma vez que o homem é único ente privilegiado que pode ter acesso ao ser e abrange-lo em sua totalidade. E foi através dessa análise que Heidegger denominou o ser do existir humano como ser-aí (Dasein), como um ente que existe e que é concreto, está-aí. Dasein pode ser definido como um ser de possibilidades e sua única característica é sua incapacidade de ser caracterizado, ou seja, o ser do ser-aí não está determinado previamente por uma essência.
Como dito anteriormente o homem é o único ente que pode compreender o traço característico de seu ser no mundo. E, para que o ser no mundo viva em sua totalidade de ser um ser de existência é necessário que experimente as nuances apresentadas pelos dispositivos afetivos.
Podemos dizer que Tonalidade Afetiva é uma abertura que leva ao homem aprender que ao lidar com as coisas do mundo, lidamos primeiramente com questões afetivas. As tonalidades afetivas são situações limites que vai dar voz a uma crise existencial. Por tonalidade afetiva compreendemos tédio, temor e angústia que no qual abordaremos neste trabalho.
A angústia revela ao ser o poder-ser mais próprio, ou seja, o ser-livre para a liberdade de assumir e escolher a si mesmo. A angústia arrasta a presença para o ser-livre (...), para a propriedade de seu ser enquanto possibilidade de ser aquilo que já sempre é. A presença como ser no-mundo entrega-se, ao mesmo tempo, à responsabilidade desse ser. (HEIDEGGER, 1988, p. 252)
Sendo do assim, compreende-se angústia como um estado da existência humana, que libera o ser humano a sua condição de poder ser mais próprio. A angústia é o modo mais autêntico da abertura do mundo. Ela é a condição que antecede toda e qualquer tomada de decisão/escolha.
E esta ideia de tomada de decisão e liberdade de escolha vem da concepção do que Sartre definia sobre angústia. Em sua obra O existencialismo é um humanismo (1978), ele diz que o homem possui a liberdade para assumir a totalidade dos próprios atos. Sendo justamente o fato de ser livre para decidir o evento causador da angústia, pois ao ser responsável pela decisão que poderá afetar a sua existência, o mesmo não poderá responsabilizar a um outro, apenas a si mesmo e arcará com as consequências causadas por sua escolha.
Por isso a angústia é única, pois seu modo de abertura é privilegiado, uma vez que, conduz o ser-aí através da experiência de finitude, a qual vai além da compreensão exposta nas relações de preocupação e ocupação mundanas, e deste modo o ser-aí é arrastado para suas próprias possibilidades, para o seu poder-ser livre.
Trazendo a temática para contemporaneidade, será discutido a respeito da angústia na adolescência, pois é neste período de transição que o sentimento gerado pela angústia está mais presente. A fase da adolescência é caracterizada por conflitos em que os jovens passam devido
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