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TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA

Por:   •  13/8/2020  •  Projeto de pesquisa  •  5.160 Palavras (21 Páginas)  •  198 Visualizações

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  1.  INTRODUÇÃO

 De acordo com o Estatuto do Idoso, regulamentado pela Lei nº 10,741 de 2003, é considerada idosa qualquer pessoa que apresente idade igual ou superior a 60 anos, levando em consideração que o envelhecimento traz sinais específicos como diminuição da acuidade visual e auditiva, demência, depressão, exclusão social e sentimento de abandono familiar.

O envelhecimento revela-se a partir de vivências que se constituem desde a geração ainda no útero até a morte (SOUZA; MATIAS; BRÊTAS, 2010). Multidimensionalmente, esse fenômeno pode ser compreendido a partir dos pontos de vista biológico, socioemocional e econômico que, numa relação indissociável, influem nas modificações que ocorrem com o aumento da idade, traduzindo-se em diferentes modelos de velhice (WICHAMANN, AEROSA; ROOS, 2011). Esses diferentes modelos, por sua vez, constituem igualmente distintos núcleos familiares que, dependendo de fatores sociais, econômicos e da formação de vínculos afetivos, determinarão como cada idoso se posicionará dentro da sociedade. Vindo a se instalarem dificuldades para o autocuidado do idoso, ou ainda ocorrendo conflitos ou ausência dos familiares, dentre outros motivos que venham a se transformar em falta de condições para subsistir, entram em cena os chamados Institutos de Longa Permanência para Idosos (ILPI) como suporte social para essa população específica. Essas instituições tem de garantir um dos direitos previstos pela PNSI é possibilitar aos idosos, atividades físicas na rede básica de saúde, na comunidade e nas ILPIs (PORTARIA Nº 2.528 10/2006, p. 5).

Nesse sentido, a ILPI seria uma moradia especializada, cujas funções são o proporcionar  assistência gerontogeriátrica e um ambiente doméstico, capaz de preservar a intimidade e a identidade de seus residentes, fazendo-se necessário a utilização de diferentes processos para proporcionar esse ambiente confortável para os idosos. (BORN; BOECHAT, 2006).

Na área da saúde, são vistos como foco a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso, através de ações e programas preventivos e de reabilitação. Um dos procedimentos utilizados dentro de uma ILPI é a Terapia Assistida por Animais (TAA), também conhecida por Pet Terapia, Zooterapia, Cinoterapia, Equoterapia ou Terapia Facilitada por Animais (GARCIA; BOTOMÉ, 2008). Essa é uma prática realizada por profissionais da área de saúde, com o objetivo de promover o desenvolvimento físico, cognitivo e social dos pacientes (DOTTI, 2005; MORALES, 2005). Assim como a compreensão do humano precisa ser feita em sua totalidade, é na relação com outras partes, com o outro, que o ser humano vai se constituir. Dentre todas as épocas, talvez seja na atual, devido às características do sujeito contemporâneo, que observamos uma proximidade significativa entre homem e animal. Não se trata de uma prática para substituir terapias e tratamentos convencionais, mas um complemento, uma nova linha de pesquisa em atenção à diversidade, para melhorar a qualidade de vida de pessoas comumente ignoradas pela sociedade, como no caso de pacientes com deficiências físicas, sensoriais, mentais e motoras (ABELLÁN, 2009).

A TAA surgiu em 1792 na Inglaterra para o tratamento de doentes mentais em um hospital psiquiátrico em Londres chamado de Retiro de York. Fundado por William Tuke, o tratamento era dito como diferente dos outros hospitais psiquiátricos. Nas imediações da instituição (York) existiam vários animais de pequeno porte, que para Tuke significava, além de relações de afeto, o surgimento de sentimentos sociais e benevolentes nos pacientes.

Essas experiências percebidas pelo fundador Tuke, entre a relação dos pacientes com esses animais foram fundamentais para a iniciativa de pesquisas sobre as interações entre homem e animal no âmbito da saúde e alguns hospitais ingleses passaram a utilizar essa nova forma de tratamento (MAIA, 2018).

Após essa descoberta no mundo a entrada desse tipo de processo terapêutico se deu no Brasil através de uma experiência com a pioneira da TAA Nise da Silveira, médica psiquiatra. A entrada dos cães no centro psiquiátrico no Rio de Janeiro nos anos 60 se deu por acaso. Um dia apareceu pelas imediações do hospital uma gata abandonada e ocorreu a interação de pacientes que possuíam transtornos psiquiátricos com o animal. A partir desse acontecimento a médica notou os possíveis benefícios aos internos e resolveu utilizar-se deste procedimento como um recurso terapêutico. Esse processo foi desenvolvido no Centro Psiquiátrico Engenho de Dentro no Rio de Janeiro em 1955, os animais a partir de algumas funções que executavam neste local, passaram a ser denominados como co-terapeutas os animais que trabalham com os pacientes como processo terapêutico (VOLPI; ZADROZNY, 2012).

Os processos da TAA podem ser direcionados as pessoas de diferentes faixas etárias, instituições, hospitais, casas de saúde, escolas e clínicas de recuperação. Entretanto não há muitos estudos relativos dos idosos que participam desse tipo de procedimento terapêutico dentro de instituições. Assim, busca-se investigar de modo mais específico seus possíveis benefícios sob a perspectiva de uma idosa institucionalizada podendo considerar que pode haver influências positivas na qualidade de vida e sobre a aplicação da TAA nesse contexto.

 

  1. Tema

 Contribuições da Terapia Assistida por Animais (TAA) para minimizar limitações relativas ao processo de envelhecimento de uma idosa em uma instituição de longa permanência.

  1. Problema

O envelhecimento populacional está ocorrendo em um contexto de grandes mudanças sociais, culturais, econômicas, institucionais, no sistema de valores e na configuração dos arranjos familiares. (CAMARANO; KANSO, 2012).

Com o aumento da população visando a longevidade dos mesmos, a Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa (PNSI) de 2006, tem como objetivos pensar  principalmente como assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade . Uma vez que muitos idosos vivem em ILPIs e uma grande parte acaba ficando ociosa por falta de estimulo e de participação social de atividades.

Sobre as instituições que abrigam idosos, é fundamental compreender a necessidade de intervenções diferenciadas dentro do contexto contemporâneo dos sujeitos inseridos nas ILPIs. Uma possível ação desenvolvida segundo Collis (2000) é a TAA onde os animais utilizados podem agir como poderosos catalisadores sociais facilitando o contato social e o engajamento dos idosos nas atividades que pode vir a melhorar a qualidade de vida.

Dentro da literatura encontram-se pesquisas afirmando os benefícios, utilizando animais como procedimento terapêutico, como Dotti (2005) levanta os aspectos positivos trazidos por essa prática com os idosos, visando minimizar limitações impostas pela fase da velhice daquele que está sendo assistido, nos âmbitos, cognitivo, físico e social. O foco desse procedimento está nas interações estabelecidas durante a terapia utilizando os co-terapeutas, se baseando a relação homem e animal. As premissas da TAA explicam que o contato com animais influencia positivamente na qualidade de vida das pessoas, oferecendo uma via para o tratamento de doenças. No trabalho com idosos, a TAA apresenta relatos científicos sobre seus efeitos terapêuticos, como no maior envolvimento em atividades e melhora no humor (CHANDLER, 2011; DOMENEC; RISTOL, 2012). O uso dessa terapia com idosos aumenta a interação entre pares, pode estimular aspectos cognitivos, como memória, linguagem, atenção e combatendo a solidão (FINE, 2010).

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