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Trabalho de Processos Psicológicos Básicos

Por:   •  17/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.318 Palavras (6 Páginas)  •  223 Visualizações

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Universidade Santa Cecília

Ana Lúcia de Almeida Pinto – Ra 177081

Leonardo Alves Sottovia – Ra 058776

Luís Emanuel Freitas Carvalho de Siqueira – Ra 133434

Trabalho de Processos Psicológicos Básicos

Professora: Gisela Vasconsellos Monteiro

2020

Introdução:

Músicos como Beethoven, Handel e muitos outros compositores clássicos relatam que criaram obras de arte através de sonhos criativos , artistas plásticos também se utilizaram da influência onírica, como o alemão Albrecht Dürer e Salvador Dali, na literatura também encontramos essa influência como em “ O sonho de Cipião”, e  “ A divina comédia” de Dante Alighieri e não podemos deixar de lado as inúmeras referências ao “ sonhar”, que encontramos na obra de Willian Shakespeare,  incluindo “Sonhos de uma noite de Verão”. Seguindo esta mesma premissa, analisamos um capítulo do livro “O filho de Mil Homens”, de Walter Hugo Mãe.

O Livro traz à tona temáticas muito complexas e de caráter metafísico, que se interseccionam a partir de uma perspectiva em comum: O amor. A busca inconsciente do ser humano pelo amor implica em uma alienação mútua que visa a transcendência do outro.  

A obra “O filho de mil homens”, dividida em vinte capítulos, retrata a vida de diversas personagens a partir do olhar de um narrador onisciente seletivo, inicia-se com Crisóstomo, um homem de quarenta anos que havia falhado nos amores e não tinha filho, ele é um pescador solitário, que ao ver-se infeliz com a maneira como sua vida seguia, decidiu mudar seu destino e criar uma família, fazendo com que a ausência que sentia dentro de si, fosse preenchida pelo amor de outros humanos.

Desenvolvimento:

Segundo livro Walter Hugo,

Via-se metade ao espelho e achava tudo demasiado breve, precipitado, como se as coisas lhe fugissem, a esconderem-se para evitar a sua companhia. Via-se metade ao espelho porque se via sem mais ninguém, carregado de ausências e de silêncios como os precipícios ou poços fundos. Para dentro do homem era um sem fim, e pouco ou nada do que continha lhe servia de felicidade. Para dentro do homem o homem caía

Nessa passagem Walter Hugo não faz alusão especificamente como em outras passagens que aqui serão analisadas ao “Sonho”, mas a maneira onírica como ele narra o sentimento de Crisóstomo já remete há um sonho. A partir dessa perspectiva da obra, iremos analisar os aspectos estudados em aula, como “Sonhos e devaneios “:

“Abriu a sua porta, e arriscou sorrir. Imaginou, que assim como num sonho, que uma criança abandonada, poderia estar passando e quisesse entrar. Sonhou que um filho mais demorado poderia enfim descobrir o caminho para sua casa, e ocupar o seu lugar no sofá onde o boneco de pano permanecia com um sorriso tão alegre, mas indiferente, um sorriso feito de botões vermelhos.”

Segundo Freud (1900),

“Usando a teoria psicanalítica, Sigmund Freud considerava os sonhos como um guia para o inconsciente. Em sua teoria da realização de desejos inconscientes, ele propunha que os sonhos representam desejos inconscientes que aqueles que sonham querem que se realizem”. (Trecho livro Feldman, pág 7).

Partindo dessa teoria, e analisando o trecho acima, podemos verificar alguns paralelos: Quando Walter Hugo lança mão da imaginação do personagem Crisóstomo,  recurso utilizado várias vezes ao longo do enredo, ele faz uma analogia ao desejo como sonho, um estado imaginativo onde da a impressão que o personagem passa muito tempo vivendo em um estado entre a fantasia e a realidade, como se ele não os diferenciasse mais. Quando ele diz, que assim como em um sonho, a criança abandonada estivesse passando e quisesse entrar, ele utiliza desse artificio, pois na vida real ele sabe que isso não seria possível de acontecer, mas seu desejo é tão grande, e o sentido para sua vida depende tanto disso, que ele prefere sonhar a viver. “Sonhou que um filho mais demorado poderia enfim descobrir o caminho para sua casa, e ocupar o seu lugar no sofá onde o boneco de pano permanecia com um sorriso tão alegre, mas indiferente, um sorriso feito de botões vermelhos.” Nesse trecho, ele segue em seus devaneios, fazendo com que seus desejos venham a tona como no sonho, porém dessa vez ele também traz outro elemento pertencente ao sonho, que são as coisas absurdas que neste lugar parecem ter sentido, como o “boneco de pano”, que para ele ocupava o lugar do filho que ainda não veio, e preenchia de alguma forma a falta e o vazio que ele sentia, dando ao boneco uma existência e um significado, que só seriam possíveis no sonho, porém assim ressignificando sua vida, como segundo Sidarta é de fato uma das funções do dormir e sonhar.

Conforme trecho retirado do livro “O Filho de Mil Homens”,

 “Decidiu que sairia à rua dizendo às pessoas que era um pai à procura de um filho. Queria saber de alguém conhecia uma criança sozinha. Dizia às pessoas que vivia no bairro dos pescadores, porque era um pescador, e dizia que os amores lhe tinham falhado, mas que os amores não destruíam o futuro. Pensava o Crisóstomo que algures na pequena vila haveria alguém à sua espera como se fosse verdadeiramente a metade de tudo que lhe faltava. E muito pouco lhe importava o disparate, tinha nada de vergonha e sonhava tão grande que cada impedimento era apenas um pequeno atraso, nunca a desistência ou a aceitação da loucura.

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