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Transtorno de Personalidade Obsessivo

Por:   •  8/3/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.980 Palavras (8 Páginas)  •  246 Visualizações

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O transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC) é um transtorno comum. Foi descoberto que o TPOC é o transtorno da personalidade mais prevalente na população em geral (7,88%). No entanto, ele é normalmente confundido com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
        A distinção entre o TOC e o TPOC está baseada na diferença entre sintomas e traços de caráter duradouros. O paciente com TOC é atormentado com pensamentos desagradáveis recorrentes e é levado a executar comportamentos ritualísticos. Essas manifestações sintomáticas são em geral egodistônicas, pois o paciente as reconhece como problemas e, comumente, deseja se livrar delas. Em contraste, os traços que constituem o diagnóstico de TPOC do DSM 5 são padrões de comportamento para toda a vida que podem ser egossintônicos. Esses traços não necessariamente causam sofrimento nos próprios pacientes e podem mesmo ser vistos como altamente adaptativos. 

O transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo

Possui um dos tipos mais consistentes, rígidos e, por consequência, previsível de personalidade. Ele é facilmente reconhecido devido a uma natureza controladora e a características como procrastinação, ambivalência, indecisão, perfeccionismo e ausência de receptividade emocional.
        Historicamente, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) era visto como a base do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva.  Embora as distinções entre o TOC e o TPOC no DSM-5 sejam claras e úteis, há certa controvérsia a respeito da dimensão da sobreposição entre essas duas entidades diagnósticas. Os sintomas de uma natureza obsessivo-compulsiva também foram relatados como ocorrências transitórias durante o tratamento psicanalítico de pacientes com TPOC, apesar da incerteza sobre se as duas condições são verdadeiramente relacionadas, o TPOC e o TOC são em geral discutidos em separado, porque as implicações de tratamento para os dois são bastante diferentes. 

Transtorno Obsessivo-compulsivo

TOC é caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados, enquanto compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente. Embora o conteúdo específico das obsessões e compulsões varie entre os indivíduos, certas dimensões dos sintomas são comuns no TOC, incluindo as de limpeza (obsessões por contaminação e compulsões por limpeza); simetria (obsessão por simetria e compulsões de repetição, organização e contagem); pensamentos proibidos ou tabus (p. ex., obsessões agressivas, sexuais e religiosas e compulsões relacionadas); e ferimentos (p. ex., medo de ferir a si mesmo ou aos outros e compulsões de verificação relacionadas). O especificador de TOC relacionado a tique é usado quando um indivíduo tem um transtorno de tique atual ou uma história passada.

Conflito Central
        
O paciente obsessivo compulsivo está envolvido em um conflito entre a obediência e a rebeldia. Esse conflito tem sua origem nas experiências da infância e, por isso, é expresso em termos infantis. A maior parte dos traços de caráter que classicamente definem a personalidade obsessivo-compulsiva pode remontar a esse conflito central. Portanto, a pontualidade, a retidão, meticulosidade, organização e a confiabilidade do paciente obsessivo-compulsivo são derivadas do seu medo de autoridade. É importante compreender que, para o indivíduo obsessivo-compulsivo, tal comportamento nem sempre e motivado por forças maduras, saudáveis e construtivas, mas origina-se de um medo irreal. A essência do paciente obsessivo compulsivo não está em um dos lados desse conflito, mas sim, no próprio conflito.

Questões envolvidas no conflito

Questões chave envolvidas durante a entrevista.

  • Sujeira e o tempo fornecem a maior parte das questões comuns para o conteúdo das lutas do filho com a autoridade dos pais.
  • O tempo é também central nas lutas atuais pelo poder, porque ele lida diretamente com o controle e o domínio
  • O dinheiro passa a representar a fonte mais interna da autoestima, e é tratado com o sigilo e privilégio que as outras pessoas reservam para os detalhes íntimos das relações amorosas.

Defesas oriundas do conflito

  • Isolamento emocional: prefere viver como se a emoção não existisse e tentar “sentir com a mente”
  • Racionalização: definido como a substituição intelectual por meio das palavras, da linguagem e dos conceitos para controlar e expressar sentimentos seletivamente, sobretudo na forma derivativa.
  • Indecisão obsessiva: importante defesa, envolvendo o problema de comprometimento e o medo de cometer erros.

Diagnóstico diferencial

        Os sintomas obsessivo-compulsivos são encontrados nos mais variados tipos de paciente, inclusive no fóbico, no deprimido, naquele com deficiência cognitiva e no narcisista.
        O paciente paranóico também possui mecanismos de defesa obsessivo-compulsivos. Além disso, desconfia das pessoas e atribui significados para os comportamentos destas como se dissessem respeito a si mesmos. Entretanto, ele não possui amigos e tem muitos problemas no ambiente de trabalho ao lidar com os colegas, que, corretamente, percebe não gostarem dele, mas, incorretamente, acredita que conspiram contra ele. É litigioso e possui pouco insight da sua situação, diferentemente do obsessivo-compulsivo, que tem amigos e um bom desempenho nas tarefas que exigem atenção para os detalhes.

Conduzindo a entrevista

O paciente obsessivo-compulsivo poderá abordar o entrevistador tentando inverter os papéis. Ele iniciara perguntando algo como “como você está hoje?” e prosseguir com outras perguntas, apoderando-se do papel controlador. Outro padrão é esperar que o entrevistador comece a entrevista para virar a mesa dizendo: “poderia explicar o que você quer dizer com isso?”. É comum que o entrevistador iniciante responda com contrariedade às manobras do paciente.
        O principal problema na entrevista é estabelecer o contato emocional genuíno. As respostas emocionais subjetivas do entrevistador. O paciente obsessivo-compulsivo poderá evitar olhar diretamente nos olhos do entrevistador. Os olhos são mediadores importantes no contato emocional com as pessoas. Evitar olhar ajuda a não fazer esse contato. Haverá ocasiões em que o paciente parecerá estar olhando para o entrevistador, mas estará apenas fingindo olhar; na verdade, estará olhando para além dele.
        O entrevistador deverá evitar interpretar todas as defesas, ou o paciente se sentirá atacado, e a entrevista terá a característica de diminuí-lo, ao aumentar sua autoconsciência. Em vez disso, o entrevistador deverá observar o que está acontecendo e direcionar seus comentários para uma defesa-chave ou central.
        Outra técnica para esconder os sentimentos é o emprego da negação. O paciente obsessivo-compulsivo frequentemente fala mais sobre si com frases na forma negativa do que na positiva: “não é que eu esteja me sentindo assim ou assado” ou “não é que isso tenha me perturbado de vez em quando”. No inconsciente não há negativas; ele está revelando problema subjacente do seu próprio jeito. O entrevistador não deverá desafiar diretamente essa negativa, mas encorajar o paciente a refletir.
        O entrevistador deverá evitar perguntas que exijam do paciente uma tomada de decisão, fazendo disparar o mecanismo da dúvida nas defesas intelectuais. Uma pergunta do tipo “de quem você é mais íntimo, da sua mãe ou do seu pai?” exige do paciente uma resposta que poderá ofender um deles; por isso, sua dúvida serve como defesa. É melhor dizer “fale-me sobre seus pais” e observar qual deles é mencionado primeiro e que informação é espontânea.

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