Determinantes do Desemeprego na década de 1980 e1990
Por: luziapedrosa • 26/5/2015 • Artigo • 1.825 Palavras (8 Páginas) • 258 Visualizações
DETERMINANTES DO DESEMPREGO NAS DÉCADAS DE 1980 E 1990
Danyelle Rodrigues*
Luzia Pedrosa*
Monica Justino*
RESUMO
Este artigo se propõe a aprofundar o estudo sobre os acontecimentos políticos e econômicos ocorridos entre os anos de 1980 e 1999, de modo que possamos compreender como o desemprego passou a ser uma expressão da questão social na contemporaneidade. Essa relação histórica faz com que tenhamos uma clareza ao entender o Serviço Social nas últimas décadas, seu posicionamento crítico em relação às contradições de classes e as lutas por uma sociedade mais justa, por melhores condições de trabalho, enfim por uma cidadania que possa ser direito de todos e não apenas dos privilegiados economicamente. Este trabalho é cunho eminentemente bibliográfico, onde aprofunda-se a leitura em vários autores referenciados na área de Serviço Social com o objetivo de compreender todo o processo histórico que perpassa a questão social. Nosso compromisso é com a classe trabalhadora, e é por ela que nos propomos a trabalhar e não desistir da luta.
Palavras chave: Décadas de 1980 e 1990. Desemprego. Questão social.Classe trabalhadora.
INTRODUÇÃO
As décadas de 1980 e 1990 são marcadas por um profundo agravamento do desemprego no Brasil. Vários planos econômicos surgem com a proposta de reduzir a inflação e provocar um crescimento do PIB, todavia, essas tentativas são inúteis. Nessas décadas podemos observar uma distribuição de renda completamente desigual no país, fato este, que agrava ainda mais a pobreza, marcando um período de grandes perdas para a classe trabalhadora. As políticas neoliberais adotadas intensificam um processo de precarização e privatizações, onde os direitos sociais passam a ser banalizados e esquecidos , onde o Estado ganha o caráter de mínimo para o social e máximo para o mercado.
É sabido que a crise que se abate sobre a economia brasileira desde o final da década de 1970 está conectada à dinâmica internacional e sua incidência numa estrutura econômica profundamente internacionalizada (Santos,2012). Podemos dizer então, que este momento de crise e
reestruturação do capital trará conseqüências graves para a população, principalmente para a classe trabalhadora, por esse e outros motivos temos a chamada “década perdida”, tamanho os problemas políticos e econômicos que aniquilam o Brasil.
Já na década de 90 temos a ascensão do modelo neoliberal no Brasil , intensificando um processo de precarização e privatização, trazendo conseqüências irreparáveis para a sociedade brasileira e consequentemente para todas as categorias profissionais, incluindo o Serviço Social, onde percebe-se nitidamente a negação da efetivação das políticas sociais. Nota-se também uma diminuição do poder dos sindicatos e dos movimentos operários, um verdadeiro retrocesso na história do país.
Tal processo de reorganização do capital, marcado pela reestruturação da produção e do trabalho, pela adoção do ajuste neoliberal e pela mundialização financeira, trouxe conseqüências dramáticas para a sociedade, como a destruição das forças produtivas,gerando um enorme contingente de trabalhadores em situação precária, aumentando a jornada de trabalho e os níveis do desemprego estrutural, precarizando as condições de vida da “classe-que-vive-do-trabalho” (ANTUNES, 2005).
O mais contraditório ao se analisar o Estado mínimo de direito é que em 1988, temos a promulgação da Constituição Brasileira, que assegura direitos para a efetivação de uma sociedade mais justa, igual, humanitária e ao se analisar este processo histórico na década de 90 somos obrigados a vivenciar retrocessos e descasos com a população.
CRISE DO DESENVOLVIMENTISMO, POLÍTICAS NEOLIBERAIS E CONSEQUÊNCIAS PARA A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Faz se necessário um resgate histórico de modo a tornar a compreensão satisfatória no que tange a questão do fim do modelo desenvolvimentista no Brasil.
Juscelino Kubitscheck, foi eleito em 1955, vale à pena lembrar que Jk foi o primeiro presidente do Brasil escolhido de forma direta e tendo como vice João Goulart. Juscelino lança em seu mandato o chamado Plano Nacional de Desenvolvimento, mais conhecido como Plano de Metas, que tinha como principal objetivo propor um crescimento “de cinqüenta anos em cinco”. Como afirma Santos ( 2012,p.82 ) “ O governo Jk se fez sob a base de uma política econômica nacional-desenvolvimentista que constituiu na combinação de uma forte intervenção estatal em áreas estratégicas ( transportes, energia e comunicação). Juscelino fecunda a industrialização pesada , o capital
estrangeiro recebe incentivo para investir no país. Pode-se observar que a industrialização foi uma das grandes metas do governo desenvolvimentista, onde registra-se uma elevação significativa do PIB, contudo ressalta-se que esse crescimento foi acompanhado de taxas inflacionárias altas, afetando a população que ao perceber a desvalorização da moeda via seu poder de compra diminuir gradativamente, pagava-se caro por ter sido o país agregado ao capitalismo internacional. No fim de seu mandato Juscelino rompe com o FMI e o fim do plano de estabilização da economia. E Tivemos uma situação de endividamento externo ascendente à partir daí, chegando a título de curiosidade uma dívida que em 1964 era de U$$ 3 bilhões chegou em 1985, no fim da ditadura militar , a um patamar astronômico culminando em U$$ 81,5 bilhões.
Estabelecida a crise do modelo desenvolvimentista, gera-se uma situação de desemprego na década de 80, acompanhado de altas taxas inflacionárias. Uma característica neste período é o aumento dos empregos informais, no qual os trabalhadores não possuem qualquer garantia trabalhista. Josiane Soares (2012,p.208) insiste em dizer que a flexibilidade já estava presente no regime do trabalho constituído pelo “fordismo à brasileira”, e, portanto, também era observável nos empregos do setor produtivo. E diz ainda, que lhe parece ocorrer nos anos de 1980 é o aprofundamento e extensão dessa característica, potencializados pela diminuição do emprego industrial e aumento das ocupações no setor terciário. Os diversos planos econômicos e políticos que surgem nesta década fracassam assinalando uma impossibilidade de conter a inflação, tornando as desigualdades mais acentuadas,
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