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Fichamento do livro Politica Social: fundamentos e história

Por:   •  8/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.502 Palavras (11 Páginas)  •  4.306 Visualizações

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BEHRING, Elaine Rossetti e BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 5ª ed. Bibliografia Básica de Serviço Social, v.2, São Paulo, Cortez, 2008.

Fichamento

Política Social e Método

(25 à 46)

“O processo social que está em nosso foco de análise, a política social, é revelador da interação de um conjunto muito rico de determinações econômicas, políticas e culturais... o debate sobre a política social torna-se fortemente descritivo, com um volume excessivo de dados técnicos, os quais evidentemente não falam por si: requisitam a análise exaustiva de suas causas e inter-relações, e das razões econômico-políticas subjacentes aos dados...” (p. 25)

“...A maior contribuição da tradição marxista para uma abordagem da política social --- e dos processos sociais, de uma maneira geral --- ou de uma reconstrução dessa categoria inscrita na realidade sócio-histórica é exatamente a sua perspectiva metodológica... A ortodoxia em matéria de marxismo refere-se, pelo contrário, e exclusivamente, ao método” (1989:150. Esta tem a potencialidade de evitar abordagens unilaterais, monocausais, idealistas, funcionalistas e a-históricas...” (p. 26)

“...Émile Durkheim, em suas conhecidas Regras do método sociológico, inicialmente publicadas em 1895, de onde podemos inferir suas orientações metodológicas centrais, que são as principais expressões da perspectiva segundo a qual o objetivo se sobrepõe ao sujeito... Sua proposta metodológica é a de tratar os processos sociais como fatos sociais, ou seja, como coisas que não se equiparam à natureza, mas que devem ser analisadas a partir de procedimentos semelhantes...” (pp. 26-27)

“...o autor propõe um conjunto de regras intelectivas e que constituem o seu método, com forte inspiração na tradição empirista de Bacon e no positivismo de Comte... Os fatos sociais possuem uma natureza exterior e coletiva, melhor dizendo, sua sede é a sociedade e não os indivíduos... Cabe as políticas sociais, por tanto, estudar a gênese e o funcionamento das instituições sociais, apropriando-se da sua realidade objetiva por meio da observação, da descrição da comparação, fugindo a um movimento que vai das idéias para as coisas --- em que o fato comparece apenas para confirmar ou informar ideias --- impregnado de pré-noções ideológicas que, desfiguram o verdadeiro aspecto das coisas... Durkheim reafirma a necessidade de afastar sistematicamente todas as pré-noções, dando lugar à razão, à explicação pelo entendimento e não pelo sentimento.” (pp. 27-28)

“Durkheim opera uma distinção entre fenômenos/fatos sociais normais e patológicos...” (p. 28)

“Portanto, para Durkheim, é na natureza da própria sociedade que se deve buscar a explicação da vida social, partindo do suposto de que nesta o todo não é igual à soma das partes, mas constitui um sistema com características próprias, cujo movimento ultrapassa os estados de consciência dos indivíduos, e se explica em função das condições do “corpo social” no seu conjunto. As causas dos fatos sociais são, portanto, encontradas entre os fatos sociais anteriores, e sua função estará relacionada a um fim social, e nunca aos estados de consciência individuais... Durkheim afirma que os períodos históricos não engendram em etapas contínuas.” (p. 29)

“...Conclui o autor que, para alcançar a objetividade científica, cabe despir-se da roupagem filosófica e ser independente em relação às “doutrinas da prática” --- o individualismo, o consumismo e o socialismo. A proposta não é reformar os fatos sociais, mas expressá-los, considerando que “não são senão as experiências metódicas que, pelo contrário podem arrancar às coisas seu segredo.” (1987:126)” (p. 30)

“É evidente que o trabalho de Durkheim é repleto de seu tempo: tempos de Belle Époque, de revolução tecnológica e da ode ao caminho de Galileu e às ciências naturais...” (p. 30)

“...A sociologia nitidamente positivistas de Durkheim incorpora essas três dimensões, o que o leva a conclusões conservadoras, a exemplo de apontar a desigualdade social como uma lei natural e imutável e as revoluções como algo tão impossível quanto os milagres...” (pp. 30-31)

“Agora é o momento de tratar o universo do idealismo, ou seja, aquela perspectiva metodológica segundo a qual o sujeito se sobrepõe ao objeto...” (p. 32)

“Segundo Kant, que buscava desvelar os limites formais do conhecimento, a razão é intelecção, entendimento. Para ele, é possível conhecer a realidade nas suas manifestações e expressões --- o que dá pernas às reflexões funcionalistas e a aproximações com as ciências da natureza anteriormente tratadas --- mas a essência última do ser é incognoscível... Hegel mantém um diálogo crítico com Kant, afirmando que a leitura kantiana teria sentido caso a razão fosse apenas entendimento. Para Hegel, o entendimento é positivo... Já a razão é negativa... diferente do que pensava Kant...” (p. 32)

“...Max Weber através do seu trabalho realiza uma aproximação dos processos sociais a partir da compreensão das intencionalidades e ações dos sujeitos, que se sobrepõem às condições objetivas que as circunscrevem. Nesse sentido, as preocupações weberianas estarão voltadas para a captação da relação de sentido da ação humana. Para ele, “conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram” e não apenas “o aspecto exterior dessas mesmas ações” (Tragtenberg, 1980: VIII e IX)...” (p. 33)

“...Segundo Löwy (1987), Weber tem uma singularidade, a de fazer uma combinação sui generis de temas historicistas e positivistas, apesar da problemática claramente antipositivista do historicismo alemão. Contudo, do ponto de vista da relação entre visão social de mundo e ciência, Weber postulou a neutralidade axiológica das ciências sociais... Weber criticava a transposição da lógica das ciências naturais para as ciências sociais e, nessa linha, a problemática weberiana é totalmente antipositivista...” (pp. 33-34)

“Em que pese a coerência lógica de Weber, o vínculo entre conhecimento e valores não é apenas lógico, mas social e estrutural, inscrito na realidade, na medida em que os fatos se relacionam com as opções práticas e políticas das classes e seus segmentos; e os valores influenciam a atividade cognitiva como um todo --- o conjunto da pesquisa --- e não apenas a definição do problema; a resposta é largamente determinada pela formulação da questão.” (p. 34)

“...a obra de Weber, como já referimos, possui também uma dimensão historicista: todos os fenômenos culturais e sociais são históricos; os fatos naturais e os históricos não se assemelham; e o objeto e o sujeito estão imersos na história, com o que se identificam, o que produz uma unidade inseparável entre julgamento de fato e de valor, recaindo-se num relativismo absoluto, no qual todas as interpretações são verdadeiras, porém limitadas e relativas a um ponto de vista...” (p. 34)

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