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PLANTÃO SOCIAL: Reflexões sobre a prática do assistente social na UPA do Complexo do Alemão

Por:   •  26/1/2019  •  Artigo  •  4.471 Palavras (18 Páginas)  •  353 Visualizações

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PLANTÃO SOCIAL: Reflexões sobre a prática do assistente social na UPA do Complexo do Alemão  

Resumo:

A política de saúde no Brasil adotou como umas das estratégias de ação a criação da Política Nacional de Urgência, materializada hoje pelas UPAs. Essas unidades são espaços de saúde profissional que abrangem uma equipe multidisciplinar e entre eles o assistente social. O objetivo deste estudo foi elucidar a atuação do assistente social no plantão social da Upa do Complexo do Alemão. A pesquisa mostra que a UPA é espaço fértil para intervenção, mas que demanda ações rápidas e descontinuas exigindo do profissional um olhar atendo ao cotidiano na relação entre aparência e essência.  

Palavras-Chaves: Saúde, plantão social, assistente social, exercício profissional

Abstract:

Health policy in Brazil adopted him as one of the action strategies for the creation of the national policy of Urgency, materialized today by the UPAs. These units are health professional spaces that include a multidisciplinary team and the social worker. The objective of this study was to elucidate the role of the social worker on duty of the Upa of the Complexo do Alemão. Research shows that the UPA is fertile space for intervention, but that demand quick actions and discontinuous requiring the professional a watchful eye to everyday life in the relationship between appearance and essence.

Keywords: Health, social duty, social worker, professional practice

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do Sistema de Saúde no Brasil culminou no surgimento do SUS e para tal contou com a influência do projeto da Reforma Sanitária, que contribuiu para o surgimento de uma política pública de saúde direcionada ao acesso universal e voltada para as condições de vida e de trabalho dos usuários.

Para que esse modelo de saúde aconteça de forma efetiva foi necessário à implementação de programas, projetos, políticas e regulamentações de atenção à saúde. Uma das ações de relevância foi à criação da Política Nacional de Urgências que resultou na criação das Unidades de Pronto Atendimento – UPA que atua como porta de entrada para o atendimento a população na política de saúde.

Nessa dinâmica temos uma série de profissionais atuantes em uma perspectiva mais ampla de saúde e um deles é o assistente social, que se inseri no SUS como participante de um processo de trabalho coletivo.

O Serviço Social cumpre um papel importante na política de saúde e, consequentemente, na UPA Complexo do Alemão, pois a partir da sua perspectiva totalizante e dialética, possui condições de realizar uma leitura crítica e mais completa da vida dos usuários, intervindo direta e indiretamente sobre as expressões da questão social, lhe serão apresentadas de variadas formas.

Com a diversidade das demandas apresentadas ao Serviço Social e o elevado número de atendimentos na UPA Complexo do Alemão, é necessário que os assistentes sociais tenham clareza do seu papel enquanto profissional de saúde, para que o trabalho não seja realizado de modo mecanizado e meramente burocratizado. Esse modo de condução da atividade profissional pode levar os profissionais a desenvolverem ações acríticas e a realizarem intervenções que conduzam o atendimento para um viés conservador.

A ação pensada, refletida demanda sistematização e um plano de ação, assim como se faz necessário o conhecimento das redes, equipamentos e políticas públicas disponíveis para realizar as intervenções contribuindo para a melhoria no fluxo dos atendimentos da unidade e para a vida da população usuária do serviço.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo discutir a ação do Serviço Social na Upa Complexo do Alemão, visando conhecer o curso historio da política de saúde e seus desdobramentos e a inserção do assistente social no trabalho do plantão social, assim como os desafios do imediatismo pautando o cotidiano profissional. Assim pretendemos contribuir para a compreensão da rotina de trabalho no plantão social e seus limites e possibilidades.

2. DESENVOLVIMENTO

A política de saúde

         A Política de Saúde no Brasil obteve diversas transformações ao longo do seu processo histórico, dando origem ao encadeamento notório e evolutivo que se transformou no Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como base “Saúde é Direito de todos e dever do Estado”. (BRASIL, 1988)

         Para melhor compreensão torna-se primordial remetermos aos movimentos que possibilitaram a concretude da atual política de saúde. Sabemos que o SUS foi uma novidade, já que a saúde não era considerada algo universal, pois dela só tinha direito quem trabalhava formalmente, ou seja, quem trabalhava de carteira assinada.

         A conexão Estado-Sociedade ganhou impulso no fim da década de 1970 com o movimento pela democratização da saúde, onde a relação dos atores sociais - profissionais de saúde, intelectuais e estudantes – e os movimentos sociais criaram condições para a construção do Projeto de Reforma Sanitária brasileira. (VASCONCELOS, 2003)

         A VIII Conferência Nacional de Saúde realizada em Brasília no ano de 1986 representou um grande marco, pois buscou um novo direcionamento para a Politica de Saúde, até então seletiva e com características meramente curativas.

A Constituição Federal introduziu avanços que buscaram corrigir as históricas injustiças sociais acumuladas secularmente, tendo em vista a longa tradição de privatizar a coisa pública pelas classes dominantes. Assim, a saúde passou a se tornar direito universal, outrora considerada como privilégio de quem podia arcar com as despesas de uma caixa de pensão ligada a uma profissão.

         Além do aspecto universal da saúde a Constituição específica que as ações e serviços de saúde passam a ser regulamentados, fiscalizados e controlados pelo poder público; que o SUS funcionará em uma rede hierarquizada, regionalizada, descentralizada e de atendimento integral com participação da comunidade; que a participação do setor privado ocorrerá de forma complementar e veta a comercialização de sangue e de seus derivados. (TEIXEIRA, 1989)

         Cabe ressaltar que além desses princípios, vislumbrava-se um conceito mais amplo de saúde, passando a agregar fatores determinantes expressos através das condições de saneamento, moradia, alimentação dentre outros, os quais pudessem subsidiar um estado pleno de bem-estar físico, mental e social.

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