O Patriarcado na Colonização Brasileira
Por: Amanda Nerys • 1/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.820 Palavras (8 Páginas) • 282 Visualizações
PATRIARCADO NA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA
1.INTRODUÇÃO:
Na época da colonização, Portugal era um dos países com maior poder e foi o precursor do processo das Grandes Navegações, em virtude disso também foi pioneiro no processo de exploração. Visto que nesse período do mercantilismo o que se buscava eram novas fontes, como especiarias, o comércio e o escambo. Os portugueses não vieram para o Brasil para desenvolver uma colonização de povoamento e sim de exploração, com o intuito de beneficiar o comércio europeu que estava em pleno desenvolvimento, o que resultou no processo de dominação de um povo com poder hegemônico sobre outro. Os portugueses trouxeram para o Brasil todos os seus costumes provenientes da Metrópole, inclusive o de um sistema de dominação, de superioridade sobre as mulheres. Quando os portugueses chegaram ao Brasil encontraram o povo indígena que aqui habitavam, ocorrendo um desencontro de culturas, sendo que esse povo vivia um socialismo primitivo, onde todos produziam para o sustento de todos. Os índios procuravam fazer tudo da maneira mais bela possível, sem sacrifício e nem exploração, eles viviam de forma igualitária. Contudo, os portugueses começaram a submeter os índios aos mais diversos tipos de violência e exploração, sobretudo exploração sexual, principalmente das índias. Posteriormente, se tem a exploração sexual também das mulheres negras trazidas para o Brasil no período escravocrata.
Fundamentalmente o objetivo da exploração tanto dos índios quanto dos negros era de acumular lucro, uma vez que a colonização era voltada para atender os anseios comerciais da Europa. Desde a nossa origem, fomos uma nação direcionada para atender os interesses estrangeiros do capital internacional em condições de servidão e de extrema exploração do povo brasileiro e da natureza. Isso ficou relacionado com a nossa cultura, uma cultura senhorial; em função disso na época da colonização é que se tem uma construção patriarcal latente. É através desse modelo que vai se formando a nossa cultura, os nossos valores, fundada em cima dos interesses das classes dominantes. Sendo essa a principal resultante para se explicar elementos históricos, sociais e econômicos da construção do patriarcado no Brasil.
2-DESENVOLVIMENTO:
Com a instalação definitiva dos portugueses nas terras brasileiras com o objetivo de se intensificar a busca pelo lucro e o enriquecimento fácil, os portugueses trouxeram consigo o modelo de família patriarcal, uma vez que para eles era essencial formar famílias com o propósito de se ter a reprodução da força de trabalho. Dessa forma, obteriam a perpetuação de uma linhagem e como resultado disso poderiam expandir os seus domínios. No início desse processo da colonização brasileira, somente os homens vinham para o Brasil em busca de ampliação de riqueza; por isso se tinha a inexistência da mulher branca na Colônia, logo, isso resultou na formação da população brasileira a partir da mulher indígena. Todavia, isso não ocorreu porque os portugueses queriam formar famílias com as mulheres indígenas, mas sobretudo pela garantia da reprodução de mão de obra barata, e pela utilização da mulher indígena para satisfação dos seus desejos sexuais. No começo da colonização teve-se uma apropriação dos indígenas como um todo, ocorrendo assim grande exploração sexual das índias. Dentro de todo esse contexto é que as mulheres indígenas eram abusadas constantemente pelo homem branco.
Posteriormente se dá início ao processo de escravidão no Brasil, mediante um regime cruel e opressor. Período onde as mulheres negras também sofreram grande violência sexual por parte da elite colonizadora. Conforme a população crescia, também intensificava-se a exploração sexual das mulheres negras, sendo isso refletido pela maneira como os escravos eram tratados pelos seus senhores; com os homens negros trabalhando à exaustão, e do outro lado as mulheres sendo vítimas das mais diversas formas de opressão, tendo que satisfazer sexualmente os senhores. Além de se ter também a exploração dos serviços, visto que quando as escravas não estavam servindo sexualmente aos seus senhores, estavam realizando alguma atividade na cozinha. Como afirma Saffioti, “Com efeito, cabia à escrava, além de uma função no sistema produtivo de bens e serviços, um papel sexual, [...]” (2013, p.236). Por essa razão é que se tem essa cultura senhorial, à mulher negra só cabe o dever de servir, o que traz o retrato do controle autoritário, de propriedade da vida humana, sobretudo da vida das mulheres, refletindo na construção patriarcal. Mulheres negras tornando-se objetos sexuais dos brancos. O Senhor de engenho era o dono absoluto dos escravos, das mulheres negras, dos filhos e filhas dos negros. Todos deviam ser submissos e obedientes, estarem submetidos aos desejos dos seus senhores. Essa apropriação sobre as escravas evidencia uma dimensão mais nitidamente patriarcal daquela época, elas eram tratadas como coisa. A mulher negra era totalmente desvalorizada, sendo apenas uma ferramenta animalizada.
A dimensão do patriarcado não se deu só com as mulheres negras, mas também sobre as mulheres brancas. Visto que as mulheres brancas da época escravocrata possuíam condições essenciais para respeitar sem contrariar o poder do patriarca. Os portugueses trouxeram para o Brasil uma forma particular de organização familiar, que se configurava em um pai e uma mãe casados perante a lei, dentro dos princípios da igreja católica, pois somente através dessa família se poderia educar os filhos dentro da moral cristã. Com isso se institui dentro da colônia um modelo de família cuja a figura central seria o patriarca dessa família, que possuía o domínio sobre seus filhos, esposa, e também sobre os escravos, os criados, e quem mais fizesse parte da família, pois nesse período as famílias eram muito extensas. Sendo uma família organizada em um modelo de autoridade, onde se tinha a divisão sexual do trabalho para se estabelecer as relações de hierarquia.
A sociedade colonial atribuía a mulher a imagem de fragilidade, pureza, formosura, docilidade, obediência e sujeição. Seriam essas as qualidades indispensáveis para uma mulher daquela época. Os pais procuravam transmitir os valores conservadores para as suas filhas, fazendo com que as moças se afastassem do pecado e se aproximassem da vida devota e recatada. A castidade, a virgindade é muito propagada em torno das religiões, por isso se tinha a cobrança da virgindade. Os casamentos aconteciam por interesses, na maioria das vezes devido a acordos políticos com o objetivo de conservação de poder econômico. Era comum os casamentos a partir dos 15 anos, aquelas que não conseguissem casamento antes dessa idade eram consideradas solteironas. O marido era escolhido pelo pais, sendo o casamento único e exclusivamente uma constituição voltada para a reprodução. Nesse espaço de dominação masculina, os irmãos mais velhos também usufruíam de inúmeras regalias, inclusive tendo o direito de controlar a vida de suas irmãs. Desse modo as mulheres deveriam prestar obediência a todo momento, primeiro ao pai e aos irmãos mais velhos, e depois ao seu marido. Aquelas mulheres que não obedecessem eram mandadas para o convento, muitas das vezes, as mulheres viam na ida para o convento a saída para não estarem submetidas aos casamentos arranjados. Existia um confinamento absoluto das mulheres no espaço social, o casamento era além da vida religiosa a clausura doméstica. Não saiam com frequência, e as poucas vezes que saíam era para irem a missa, ou em dias de festas, sempre acompanhadas pelos pais ou pelos maridos. Até para irem a igreja deveriam estar acompanhadas, não costumavam receber visitas, levavam uma vida restringida pelo isolamento, com um controle rígido da sua sexualidade. Muitas mulheres brancas incorporavam a ideia imposta pelo patriarcado, onde tinham apenas o dever de atender as vontades sexuais dos homens, mesmo que em detrimento dos seus própios desejos. Não vivenciavam sua sexualidade de maneira plena. Todas as relações que as mulheres daquela época vivenciavam se dava em torno da submissão aos princípios morais vigentes, a conduta social da mulher era diferente comparada a dos homens, que eram estimulados a iniciarem sua sexualidade bem cedo, inclusive as própias escravas iniciavam a vida sexual dos homens, eles tinham total liberdade, enquanto às mulheres tudo era proibido. As mulheres eram encarregadas apenas de desempenhar as funções domésticas, sendo os papéis sexuais desse período claramente definidos, onde o homem era encarregado de manter e prover as condições de sobrevivência da família, já a mulher era responsável pelo cuidado, amparo, os valores, a estrutura emocional e a educação dos filhos, à mulher cabia exclusivamente o papel de manter somente a condição de existência de reprodução do ambiente familiar.
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