O Surgimento Do Serviço Social No Brasil E As Competências Profissionais Dos Assistentes Sociais Na Atualidade
Por: 201523 • 18/4/2020 • Trabalho acadêmico • 2.245 Palavras (9 Páginas) • 418 Visualizações
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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
Marilia Andrade
O surgimento do Serviço Social no Brasil e as competências profissionais dos assistentes sociais na atualidade
Belo Horizonte
2018
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa fazer um resgate histórico do surgimento do Serviço Social no país, além de demostrar significativas mudanças que ocorreram desde o seu início até as exigências e competências atuais para a atuação deste profissional na atualidade.
Também foi possível analisar questões relacionadas ao sistema de produção, as diversas formas de expressão da questão social, assim como a superação de momentos históricos em que a profissão era meramente uma ferramenta do Estado, da burguesia e da Igreja Católica para controlar o proletariado e as desigualdades enfrentadas pelo mesmo.
Para tal, foi preciso compreender o contexto histórico, político, econômico e social do país, tanto no período da criação da profissão, como atualmente, pois somente desta forma, tornou-se possível a aproximação com as consequências para a população e até mesmo para os profissionais desta área oriundas de tais contextos.
Dessa forma, as mudanças que ocorreram na formação profissional da categoria, assim como a postura, as ferramentas e instrumentos utilizados pelos atuais assistentes socais são de grande importância para a garantia de mudanças positivas no que diz respeito às suas novas competências, intervenções sociais e busca pela garantia de direitos dos sujeitos.
DESENVOLVIMENTO
1. Surgimento do Serviço Social no Brasil
O surgimento do Serviço Social no Brasil ocorreu entre as décadas de 1930 e 1940, sendo que este fato se deu através de dois processos que, autorrelacionados, proporcionaram as condições sócio históricas necessárias para que a profissão se constituísse e traçasse seu percurso histórico (SANTOS; SILVA, 2015).
O primeiro processo está relacionado ao redimensionamento do Estado que foi uma consequência da fase monopólica do Brasil. Ou seja, quando o Estado interviu no processo econômico desde a ascensão da burguesia, mas que, no capitalismo monopolista, essa intervenção mudou de forma estrutural e funcionalmente. O que para Netto significa que “no capitalismo monopolista, as funções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas” (Netto, 2009, p. 25). Portanto, é possível afirmar que neste primeiro processo as evidências políticas eram utilizadas como uma resposta necessária aos interesses da burguesia, assim como, da legitimação do Estado frente aos conflitos de classe que colocavam em risco a relação capital/trabalho devido as diversas formas de expressão da questão social como a miséria, a desigualdade, a pobreza, as péssimas condições de trabalho, etc. (SANTOS; SILVA, 2015).
Ademais, no início dos anos de 1930, o Brasil vivenciou uma revolução que trouxe ao poder Getúlio Vargas. Durante tal revolução é importante destacar o movimento político que inaugurou um período de intervenção social da Igreja nunca antes visto. Sendo que a partir da queda da República Velha, a Igreja busca uma reaproximação com o Estado, o que está diretamente ligado ao segundo processo. Isso porque o mesmo trata da recuperação da hegemonia ideológica da Igreja Católica, por meio do fortalecimento da chamada Ação Católica Brasileira (ACB) que tinha como objetivo divulgar a doutrina da Igreja, além de buscar uma reforma social que visava a reconstrução da sociedade (SANTOS; SILVA, 2015).
A partir deste momento histórico se evidenciaram ações e atividades de caridade de forma organizada, realizadas principalmente pelas famílias burguesas e pela Igreja Católica com o apoio do Estado. Sendo que tais ações e atividades visavam atender algumas demandas do processo de desenvolvimento capitalista, além de serem consideradas como o princípio do Serviço Social brasileiro (SANTOS; SILVA, 2015).
Para Iamamoto e Carvalho (2008):
A importância dessas instituições e obras, e de sua centralização, a partir da cúpula da hierarquia, não pode ser subestimada na análise da gênese do Serviço Social no Brasil. Se sua ação concreta é limitada, se seu conteúdo é assistencial e paternalista, será a partir de seu lento desenvolvimento que se criarão as bases materiais e organizacionais, e principalmente humanas, que a partir da década seguinte permitirão a expansão da Ação Social e o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social (IAMAMOTO e CARVALHO, 2008, p. 167).
Pela primeira vez, no ano de 1936, ocorreu a Semana de Ação Social no país, além do primeiro curso intensivo de Serviço Social com duração de 3 meses e também um curso prático de Serviço Social, que já apresentava um caráter de difusão do conhecimento, visto que contava com a participação das duas primeiras assistentes sociais paulistas, recém-formadas na Bélgica. Portanto, em 1937, nivelada com a preocupação da Igreja em tornar-se força normativa da sociedade, na cidade do Rio de Janeiro, foi criado o Instituto de Educação Familiar e Social, composto pelas Escolas de Serviço Social e Educação Familiar (SANTOS; SILVA, 2015).
Através das experiências vivenciadas primeiramente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro que o desenvolvimento do Serviço Social no Brasil se fortaleceu e, portanto, influenciou o surgimento de outras escolas por todo o país. Sendo que as mesmas, juntamente com a Igreja Católica, naquele cenário histórico, buscavam criar estratégias de mudanças econômicas e políticas que mudassem a face do país. Ou seja, tal profissão, recém-criada, objetivava dar resposta as diversas formas de expressão da questão social e ao movimento popular e operário.
Já nos anos de 1940, o Serviço Social brasileiro, que até então possuía formação europeia, começou a sofrer influências dos Estados Unidos. Isso porque foram firmados alguns acordos, entre eles o intercâmbio do Serviço Social daquele país com o latino-americano e essa experiência provocou uma alteração na prática profissional, já que incorporou as técnicas de caso, grupo e comunidade (SANTOS; SILVA, 2015).
Porém nos anos de 1960 iniciou-se um processo de reformulação global culminando em um redimensionamento e um amadurecimento profissional da categoria, onde a mesma se aproxima da tradição marxista. Sendo que para Ortiz (2010) “está em curso [...] um processo de construção de uma nova imagem para o Serviço Social brasileiro, iniciado em meados dos anos 60”. Portanto, nessa época, na América Latina, surgiu o Movimento de Reconceituação, que pode ser considerado como um marco decisivo do processo de revisão crítica do Serviço Social e que explicita uma preocupação dos profissionais em repensar a estrutura excludente do capitalismo (SANTOS; SILVA, 2015).
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