Pensamento Sistemico
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Pensamento sistêmico
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O pensamento sistêmico é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do século XVII, como Descartes, Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.
Índice [esconder]
1 Os paradigmas da ciência tradicional segundo o pensamento "reducionista-mecanicista" e a distinções do paradigma sistêmico emergente
1.1 O pressuposto da simplicidade
1.2 O pressuposto da estabilidade
1.3 O pressuposto da objetividade
2 O Pensamento sistêmico e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung
3 Livros Relacionados
4 Representantes do pensamento sistêmico
5 Ver também
Os paradigmas da ciência tradicional segundo o pensamento "reducionista-mecanicista" e a distinções do paradigma sistêmico emergente[editar]
O pressuposto da simplicidade[editar]
1. O pressuposto da simplicidade - a crença em que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que "o microscópico é simples". Daí decorrem, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.
O pressuposto da simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos, prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo. Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude ou-ou, que, de acordo com a lógica, classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber, fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas... Dessa forma criam-se os especialistas, aqueles que tem um acesso privilegiado ao conhecimento, estabelecendo-se uma hierarquia do saber.
O pressuposto da estabilidade[editar]
2. O pressuposto da estabilidade - a crença de que o mundo é estável, ou seja, em que o "mundo já é". Ligados a esse pressuposto estão a crença na determinação - com a consequente previsibilidade dos fenômenos - e a crença na reversibilidade - com a consequente controlabilidade dos fenômenos.
O pressuposto da estabilidade leva o cientista a estudar os fenômenos em laboratório, onde pode variar os fatores um de cada vez, exercendo controle sobre as outras variáveis. Assim, ele provoca a natureza para que explicite, sem ambiguidade, as leis a que está submetida, confirmando ou não suas hipóteses. Ao levar o fenômeno para laboratório, excluindo o contexto e a complexidade, focalizando apenas o fenômeno que estava acontecendo, ele exclui a sua história.
A idéia de "leis da natureza" é a mais fundamental da ciência moderna e tem uma conotação legalista, como se a natureza fosse obrigada a seguir leis... Possivelmente isso está ligado a idéias religiosas que concebem um legislador onipotente. Será que isso não seria uma tentativa de equiparar o conhecimento humano ao divino?
Dessa forma, principalmente a física concebe o mundo "que já é", e não em processo de ser, recorrendo a sistemas em estado de equilíbrio para estudo. Também por isso a física quântica quebrou velhos paradigmas...
Faz parte desse paradigma o pressuposto da previsibilidade: o que não é previsto com segurança é associado a um conhecimento imperfeito, o que leva a uma redução ainda maior do conhecimento por meio do pressuposto da simplicidade. Por conseguinte, a instabilidade de um sistema é visto como um desvio a corrigir. A idéia da controlabilidade dos fenômenos leva a uma interação do especialista na forma de uma interação instrutiva: a crença de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlado e previsível.
O pressuposto da objetividade[editar]
3. O pressuposto da objetividade - a crença em que "é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade" e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento.
No pressuposto da objetividade o cientista posiciona-se "fora da natureza", em posição privilegiada, com uma visão abrangente, procurando discriminar o objetivo do ilusório (suas próprias opiniões ou subjetividade). Daí advém a crença no realismo do universo: o mundo e o que nele acontece é real e existe independente de quem o descreve. Com isso obtemos várias representações da realidade, que ajudaria a descobri-la. E o critério de certeza advém daquelas observações conjuntas e reproduzíveis, onde, coincidindo os registros de observações independentes, mais confiáveis e objetivas são as afirmações. A estatística encontra aí um bom campo de atuação.
O relatório impessoal e as normas de trabalho científico orientam uma linguagem impessoal, "como se a caneta fosse um instrumento para a manifestação de uma verdade anônima"... Na verdade, a linguagem impessoal visa a "mascarar" a linguagem de forma a dar uma impressão de ausência de um sujeito, de um pesquisador, onde uma afirmação pode tomar a forma impessoal para mascarar uma opinião pessoal...
Resumindo: a ciência tradicional procura simplificar o universo (dimensão da simplicidade) para conhecê-lo ou saber como funciona (dimensão da estabilidade), tal como ele é na realidade (dimensão da objetividade).
Isso levou a uma dificuldade tremenda em três áreas científicas, onde podemos classificar, de acordo com Vasconcellos (2003), a adoção dos paradigmas científicos em fácil, tranquilo e difícil:
Ciências Físicas Biológicas Humanas
simplicidade tranquilo difícil difícil
estabilidade tranquilo especialmente difícil difícil
objetividade tranquilo tranquilo especialmente difícil
O pensamento sistêmico não nega o paradigma científico. Pelo contrário: ele o abarca, colocando-o em confronto com os paradigmas opostos e propondo uma ampliação dos paradigmas existentes.
O Pensamento sistêmico e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung[editar]
Muitas críticas à teoria junguiana coincidem com a dificuldade em se aceitar a psicologia como ciência devido aos pressupostos apresentados. O pensamento sistêmico propõe, em contraposição, os paradigmas da complexidade, da instabilidade e da intersubjetividade, que se integram incrivelmente com a psicologia analítica.
O pressuposto da complexidade reconhece que a simplificação obscurece as inter-relações dos fenômenos do universo e de que é imprescindível ver e lidar com a complexidade do mundo em todos os seus níveis. Um exemplo de uma descrição baseada nesse pressuposto é a Sincronicidade, que prevê outras relações, que não são causais, para os eventos do universo. Além disso, a psicologia analítica lida de modo sistêmico com a psique, daí seu homônimo: psicologia complexa, ou profunda.
O pressuposto da instabilidade reconhece que o mundo está em processo de tornar-se, advindo daí a consideração da indeterminação, com a consequente imprevisibilidade, irreversibilidade e incontrolabilidade dos fenômenos. A abordagem orgânica, a homeostase psíquica, e a noção de inconsciente (o que inclui a freudiana), com os seus componentes arquetípicos e complexos são exemplos de abordagem sistêmica da psicologia analítica.
O pressuposto da intersubjetividade reconhece que não existe uma realidade independente de um observador e que o conhecimento científico é uma construção social, em espaços consensuais, por diferentes sujeitos/observadores. Então o cientista trabalha com múltiplas versões da realidade, em diferentes domínios linguísticos de explicações. Os tipos psicológicos junguianos são o que há de mais inovador nesse sentido, tendo inclusive reconhecimento científico tradicional na detecção dos tipos de personalidade.
Livros Relacionados[editar]
SENGE, P. The Fifth Discipline: The art & practice of the learning organization. New York: Doubleday, 1990.
SENGE, P. et al. A Quinta Discplina: Caderno de Campo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995.
VALENÇA & ASSOCIADOS. Pensamento Sistêmico - 25 Aplicações Práticas. Recife: Bagaço, 1999.
VASCONCELLOS, Maria José Esteves de (2002). Pensamento Sistêmico - O Novo Paradigma da Ciência. SP, Campinas: Papirus, 2003.
ANDRADE, Aurélio. Pensamento Sistêmico - Caderno de Campo. Porto Alegre: Bookman, 2006.
VALENÇA, A. C. Mediação: Método de Investigação Apreciativa da Ação-na-Ação: Teoria e Prática de Consultoria Reflexiva. Recife: Bagaço, 2007.
JOHNSON, Steve. Emergência
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação.
Representantes do pensamento sistêmico[editar]
Acyr Seleme
Amit Goswami
Antônio Carlos Valença
Aurelio Andrade
Niels Bohr
Buckminster Fuller
Carl Gustav Jung
Cornelia Benesch Bonenkamp
David Bohm
Edgar Morin
Benveniste
Francisco Varela
Fritjof Capra
Gregory Bateson
Humberto Maturana
Humberto Mariotti (escritor)
Jöel de Rosnay
James E. Lovelock
Konrad Lorenz
Ludwig von Bertalanffy
Luis Henrique Rodrigues
Lynn Margulis
Maria Cândida Moraes
Maria José Esteves de Vasconcellos
Masaru Emoto
Max Gerson
Niklas Luhmann
Paul Watzlawick
Peter Senge
Rodrigo Souto
Stanislav Grof
Herminio Duarte-Ramos
George Vithoulkas
Ruilce Lara Spada Sant´Anna
Ver também[editar]
Visão sistémica
Agroecologia
Autopoiese
Teoria dos sistemas
Noética
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