Psicologia social
Por: eliane77 • 13/7/2015 • Trabalho acadêmico • 2.268 Palavras (10 Páginas) • 176 Visualizações
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE BELO HORIZONTE - UNIDADE 2
SERVIÇO SOCIAL –3ª SÉRIE
PSICOLOGIA SOCIAL
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA - ATPS
BELO HORIZONTE, 17 DE ABRIL DE 2013.
APRESENTAÇÃO
Interpretar e avaliar os fenômenos em torno da humilhação social, vivenciada pelo trabalhador servilizado, desenvolver um olhar crítico, identificar as demandas presentes na sociedade, refletir sobre pressupostos teóricos envolvendo a invisibilidade pública, compreender o sofrimento psíquico enfrentado pelos sujeitos socialmente excluídos.
Coletivamente discutir-se à realidade deste profissional e a experiência vivenciada por Costa, visando formular respostas para o enfrentamento da questão social.
“O homem nunca deve humilhar-se a ponto
de esquecer que é homem.”
Cícero.
A humilhação social é um problema político e psicológico. Este é um fenômeno histórico que se torna crônico devido à humilhação longamente sofrida pelos pobres e seus ancestrais que está enraizada no seio do humilhado gerando um sentimento de angústia.
O trabalhador humilde suporta longas horas seguidas de esforço manual, apenas para subsistir, colocando toda a sua esperança unicamente no dinheiro para garantir seu sustento, descrente, cada vez mais, do poder da cidadania e do próximo, estes trabalhadores sentem na pele o regime da cidade grande. Longe do campo eles não têm como plantar ou criar meios para se sustentar, nos centros urbanos é o dinheiro que garante o alimento, a saúde, a moradia e todo o resto, e sem ter algo além de sua força física ele se vê no círculo do trabalho pela subsistência. Na cidade não há a solidariedade rural, no meio urbano é cada um por si. O trabalhador braçal, não almeja nada mais do que apenas saúde para levar adiante a sua labuta, visto que a doença implicaria em um desastre familiar.
A angústia gerada pela desigualdade leva ao sentimento de que a cidade é fechada para os pobres, shoppings centers, museus, teatros, restaurantes e outros espaços que deveriam ser de livre acesso a todos se tornam espaços frequentados apenas pelos mais abastados, fazendo com que os excluídos criam seus próprios espaços, nas ladeiras dos morros, nas lajes, nos bailes funk’s, nos forrós, fazendo com que o sabor da alegria se misture com o amargor da desigualdade.
Profundas ironias e contradições (...) da cidade moderna, pois nela se manifestam as divisões de classes e a miséria, tão contrastantes como a luz e a obscuridade, a alegria e a tristeza, a abundância e a destituição, a riqueza e a pobreza. (FREITAS, 2005, p. 57).
O sentimento de não poder ter acesso aos bens de consumo e a qualidade de vida leva muitos a se questionarem sobre o quanto é preciso trabalhar para obter este conforto. A angústia desta realidade social favorece para que muitos encontrem na criminalidade o caminho mais rápido para alcançar seus ideais de consumo.
Para esta parcela da sociedade a humilhação social é uma realidade enraizada em seu interior, que transmite constantemente a estranha mensagem de inferioridade. O resultado deste processo é a invisibilidade social.
Pessoas invisíveis são aquelas que têm sua visão condicionada à posição social que ocupam, onde enxerga-se somente a condição e não a pessoa. Mas eles só existem por conta daqueles que se recusam a enxergar a eles e aquilo que elas representam.
Os trabalhadores marcados pela subalternidade tornam-se invisíveis perante a sociedade, esta desigualdade social é um fenômeno consistente na constituição da identidade do povo brasileiro. Povo este que carrega o peso de sua herança da colonização portuguesa, da escravidão e da miscigenação de raça que compõem a nação. Esta mistura cultural agrega valores à sociedade brasileira, mas traz consigo o peso do preconceito e cria uma categoria de sujeitos dispensáveis pela sociedade, uma “ralé social”, aqueles que têm apenas o corpo para oferecer como ferramenta de trabalho; esta seleção de indivíduos é acentuada pelas engrenagens do Capitalismo. De acordo com o psicólogo Samuel Gachet,
O sistema capitalista sobrevive sob a lei da mais valia, na qual para que um ganhe é imediatamente necessário que outro perca. E conclui dizendo que [...] a população de baixa renda é vista como um vasto mercado consumidor e essa é a única forma de visibilidade.
Aquele trabalhador que exerce uma atividade desqualificada socialmente passa despercebido pelos cidadãos. O uniforme laranja de gari é como uma capa de invisibilidade, aquele que o veste não tem rosto, voz ou nome, é apenas uma função: o gari, e a sociedade evita o contato, até mesmo visual, desvia e segue seu rumo.
Todas as pessoas em determinado momento da vida passam por situações nas quais se sentem constrangidas, um emprego novo, uma festa de classe social diferente, mas esta sensação de transaparência nem chega perto da invisibilidade vivenciada na realidade dos moradores de ruas, menores abandonados e outro marginalizado, a situação é tão humilhante que os coloca na posição de não cidadãos indignos de serem vistos pela sociedade que alimenta um sentimento de não culpa em relação a eles. Para Cristovam Buarque (id. 1999 p.25,26),
O avanço técnico integrou os países e as pessoas do planeta, mas dividiu-os socialmente [...] O apartheid renasceu com outra forma, e em dimensões planetárias, mas com o mesmo propósito: garantir por meio da exclusão das grandes massas, os privilégios que não podem ser distribuídos para todos.
Ao se colocar na pele dos garis Costa (2004) pode não somente observar a realidade deles, mas vivenciá-la. Conheceu suas histórias e percebeu que apesar de não ter proporções politicas, a resistência a esta violência simbólica está presente através de gestos sentimentos e diálogos.
Os trabalhadores servilizados são condenados ao rebaixamento social e político, gerando um sentimento de inferioridade tão forte que impede que eles se vejam como objeto da pesquisa realizada, mas é notório que eles se veem como classe, unidos por um sofrimento coletivo, à humilhação social.
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