Resenha A Ralé Brasileira
Por: Celly Martins • 22/5/2018 • Resenha • 834 Palavras (4 Páginas) • 454 Visualizações
Resenha
A ralé brasileira
Jessé de Souza
O livro “A ralé brasileira” trata de um tema muito recorrente: a desigualdade social, que se desdobra em vários aspectos, nas diferenças de classes, cor, idade, os mais privilegiados e os menos privilegiados, um dos principais problemas a serem discutidos pelos cientistas sociais. Uma passada de olhos pela bibliografia do livro já é suficiente para despertar a curiosidade do leitor.
De acordo com o livro de Jessé de Souza, professor da Universidade de Brasília, a ralé brasileira exclui a realidade da desigualdade e não luta para a percepção dos problemas, a sociedade se deixa levar e não percebem os problemas sociais e políticos, Jessé de Souza explicita que ver a desigualdade social como um “processo natural” consiste em uma violência, mas não uma violência explícita, verbal ou física e sim uma “violência simbólica”, uma violência que não aparece como uma violência.
Jessé de Souza critica na introdução de seu livro a invisibilidade das classes populares do Brasil, aponta como os brasileiros se fecham para uma realidade e tem uma visão errada sobre os problemas sociais como se fosse mérito próprio, privilegiado aquele que sempre teve boas condições e não privilegiado “a ralé” que não veio de uma boa família, rica e não teve uma boa condição porque não quis, ele esclarece que a população tem o pensamento de que a mudança de vida do mais pobre começa na escola, em contrapartida que o acesso e a qualidade de ensino para as classes sociais são bastante diferentes.
No capítulo 6 “Como é possível perceber o Brasil contemporâneo de modo novo” Jessé de Souza fala um pouco sobre como os brasileiros tem uma interpretação dominante, eles baseiam-se em uma cultura, em certos interesses e não procuram formas para sair desse culturalismo da sociedade brasileira. Jessé de Souza baseia-se em vários autores, como Max Weber, Werneck Vianna, Charles Taylor... Utiliza várias ideias para criticar, desfazer algumas mistificações sobre essa brasilidade.
A interpretação brasileira que predomina até hoje parte da análise “científica” de uma singularidade sociocultural brasileira incorporada com qualquer outra experiência humana. O autor em alguns trechos tenta mostrar para o leitor, desmistificar a afirmação de que o Brasil é uma sociedade singular. “Começar do começo”, ou seja, pelas estruturas gerais do racionalismo moderno, no qual o Brasil vai se constituir como “variação específica” é, portanto, o único caminho adequado. Nele o Brasil e os brasileiros possuiriam uma “singularidade relativa” e “não absoluta”, como no caso do “planeta Brasil”, habitado por seres “extraterrestres verdinhos” construídos pela “sociologia do jeitinho” e pela nossa interpretação dominante. Esse é um dos trechos no qual Jessé fala um pouco dessa desigualdade dominante que na verdade é uma fantasia da nossa identidade, e ele procura passar para o leitor que tudo não passa de um conto de fadas e mostrar o que é necessário para acabar com essa alegoria.
Jessé de Souza explica que não se pode separar a “cultura” das “instituições”, tais instituições, Estado e mercado, pois as práticas contribuem para todo o comportamento individual.
Jessé tem como maior intuito incentivar o leitor a ver o Brasil como um todo de outra forma, mostrar para o brasileiro suas prioridades, tamanha desigualdade, violência simbólica existente à nossa volta que está escondida há tempos por conta da invisibilidade do brasileiro.
No sexto capítulo, na última parte “A expansão da modernidade para a periferia”, Jessé reforça a ideia, como dito anteriormente, de que quem nasceu em boa família, quem teve a sorte sempre será o privilegiado e o que não teve a mesma não merece ter privilégios, pois, se tem um bom emprego, uma boa condição, é justo que seja bem assalariado, prestigiado, reconhecido, mas caso contrário não merece.
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