TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E O SERVIÇO SOCIAL
Por: Câmara Cidadã Caparaó • 6/5/2016 • Artigo • 1.456 Palavras (6 Páginas) • 438 Visualizações
TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E O SERVIÇO SOCIAL*
NEILA DE PAULA TEIXEIRA****
SAMARA OLIVEIRA GRIGÓRIO******
RESUMO
A presente análise intui sobre as condições de trabalho do assistente social, alocados no dilema contemporâneo das transformações Societárias no cenário de crise do capitalismo bem como de sua sociedade voltada ao consumo. Tomando-se como referencia para pesquisa as transformações que rompam com o prisma do campo social macroscópico, suprindo antigas nuances e auxiliando na formulação de novas problematizações relevantes às demandas e necessidades da formação e exercício profissional, sem descuidar-se das referências teóricometodológicas e ético-políticas que dão sustentação ao projeto profissional dos assistentes sociais.
Palavras chaves: Serviço Social. Transformações Societárias. Capitalismo Tardio.
*Artigo apresentado no curso de Serviço Social solicitado pela professora ..., como requisito básico para conclusão do semestre.
****Graduando do curso de Serviço Social turma 2, pela Universidade Estadual de Minas Gerais - Unidade Carangola – MG. E-mail: neilapaula89@hotmail.com
*****Graduando do curso de Serviço Social turma 2, pela Universidade Estadual de Minas Gerais - Unidade Carangola – MG. E-mail: samara.greg@gmail.com
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa resulta do processo analítico comparativo, do artigo Transformações societárias e o Serviço Social elaborado por José Paulo Netto em 1996, com outros artigos relevantes ao tema, que auxiliem na abordagem sobre as condições do exercício profissional do assistente social no contexto de precarização do trabalho. Tais pressupostos permeiam a realidade social, levando em consideração suas especificidades políticas, culturais e econômicas, particularidades presentes no sistema capitalista tardio e sua influencia direta as transformações societárias contemporâneas. Os impactos provenientes destas transformações trouxeram refletiram para o “mundo do trabalho” e consequentemente, alterações sobre as condições objetivas e subjetivas sobre as quais a intervenção do Assistente Social se realiza, incidindo ainda sobre as demandas e respostas profissionais da atualidade. Este artigo, portanto explora os pressupostos apresentados acima contrapondo-os as problematizações mencionadas por Netto, e por ele consideradas como equívocos neste tipo de análise: fuga para o futuro (dilemas contemporâneos são deslocados na pesquisa) e especulação (consideração abstrata de alguns dados emergentes da vida social).
A pesquisa, por conseguinte caracterizou-se como bibliográfica, utilizando-se essencialmente o subsídio de artigos científicos e teses de mestrados para a contribuição do método analítico comparativo para a explanação dos dados recolhidos.
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E REFRAÇÕES DO CAPITALISMO TARDIO NO CENÁRIO PROFISSIONAL
Netto expõe nas primeiras páginas de seu trabalho, a diligência das transformações societárias perante as necessidades sociais e a inópia das mutações e com estas impactuaram as particularidades da prática-social de cada profissão no capitalismo tardio acentuado nos anos 1970, salientado pela transição do regime de acumulação ‘‘rígido’’ para o regime de acumulação ‘‘flexível. ’’ Netto transcreveu no trecho aludido abaixo:
Emergia um novo padrão de crescimento que operando por meio de ‘‘ondas longas recessivas’’ (Mandel, 1976), não só erodia as bases de toda a articulação sociopolíticas até então vigente como, ainda, tornava exponenciais as contradições imanentes à lógica do capital... (NETTO, 1996, p. 90)
Tal medida demonstrou o domínio do capitalismo perante as mudanças em escala macroscópica, deferida pela era da globalização econômica, grande ‘‘mantedora’’ do capitalismo, acirrando o padrão de competitividade. Os mecanismos situados no regime de acumulação ‘‘flexível’’, fora impulsionado pela revolução tecnológica, elevando os níveis de informatização dos processos profissionais bem como do trabalho vivo em todo o mundo reorganizando o mapa político-econômico do mundo.
Sendo assim os inauditos impactos puderam ser sentidos em todos os setores da sociedade.
O nível social fora demarcado pela alteração profunda na estrutura e configuração da classe trabalhadora (construção de novas formas de sociabilidade, afastando-os de suas formas históricas de organização), a emersão de novos protagonistas – mulheres e jovens, aumento demográfico e expansão urbana eliminando postos de trabalho, causando desemprego, precarização do trabalho e exclusão de milhões de trabalhadores do mercado de trabalho.
Observa-se no universo do mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo, uma múltipla processualidade [...] houve uma diminuição da classe operária industrial tradicional. Mas, paralelamente, efetivou-se uma expressiva expansão do trabalho assalariado, a partir da enorme ampliação do assalariamento no setor de serviços; verificou-se uma significativa heterogeneização do trabalho, expressa também através da crescente incorporação do contingente feminino no mundo operário [...] (ANTUNES, 2000, p. 41).
A mutação advinda destas transformações societárias do capitalismo tardio constatou-se também na reformulação do pensamento cultural como fora enfatizado há muito por Marx:
Encobrir as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as como características materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho; por ocultar, portanto a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total; ao refleti-la como relação social existente, à margem deles, entre os produtos do seu próprio trabalho. (MARX, 1988, p. 81)
Desta forma a cultura do consumo converteu o produto de trabalho do operário em bens de consumo, configurando-se na imediaticidade da vida social, da pós-modernidade (mundo globalizado), ansioso em privilegiar o individualismo, o direito à diferença, relação que pode ser assimilada a relação homem coisa ou no caso pós moderno o homem e os artefatos globais, podendo ser compreendido como o triunfo do indivíduo sobre a sociedade.
As transformações que transpassaram o plano político são igualmente evidentes. Enternecido pela nova dinâmica, Estado e sociedade civil neste momento, vislumbram a crise das representações tradicionais da classe trabalhadora, e o encolhimento de suas ‘‘funções legitimadoras. ’’ Grande parte, das responsabilidades antes delegadas ao Estado, encontram-se nas mãos da sociedade civil, mantedora dos interesses das grandes corporações, ocasionando na minimização das lutas democráticas e na politização de novos espaços sociais. Estas transformações auxiliaram na recuperação do capitalismo como Netto afirma:
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