Trabalho de Teoria politica
Por: karolpontes1 • 20/6/2016 • Artigo • 2.794 Palavras (12 Páginas) • 187 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CENTRO DE CIEÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA: TEORIA POLÍTICA
A VITABILIDADE DO PENSAMENTO DE GRAMSCI NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
BARBARA LAISSA MARTINS
MARIA KAROLINY PONTES
João Pessoa
2015
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo discutir a influencia do pensamento gramsciano no estudo do Serviço Social, caracterizando algumas de suas teorias e a própria influencia sofrida por Gramsci (Marx e Lukács), tendo como inicio dessa discussão o surgimento do próprio Serviço Social de maneira mais crítica no cenário brasileiro.
Palavras-chave: Gramsci. Influência. Serviço Social.
Considerações Iniciais
O Serviço Social surgiu pela necessidade de respostas as questões que até então não tinham vindo à tona, obrigando a Igreja Católica a criar uma espécie de agente social para amenizar as discussões sobre os assuntos em que a mesma não queria ver sendo debatidos.
No Brasil, esse tipo de agente começou a ser implantado por volta dos anos de 1930, pois surgiu a necessidade de resposta ao avanço capitalista e as influências trazidas da Europa para o Brasil. Nesse período o agente social ainda é pertencente a classe dominante, só a partir do momento em que ele passa a se enxergar como classe trabalhadora é que ele vê a necessidade de pensar se o que estão propondo para que o que ele faça é algo “certo”.
A Influência de Antonio Gramsci no Serviço Social Brasileiro
O aparecimento da “questão social” se da na universalização do trabalho livre dentro de uma sociedade recentemente ex-escravista. É entorno dessa questão que as classes dominantes Estado e Igreja Católica são forçadas a se posicionar e é dentro desse contexto histórico que o Serviço Social ira surgir. Ao contrario do que se possa pensar ele não esta fundado em medidas coercitivas que vem do Estado, mas surge de ações paliativas, em especial de grupos de classe com apoio da Igreja Católica. No inicio do seu recrutamento e formação de agentes sociais será doutrinado e regulamentado por essas forças apoiadas na Igreja Católica.
No Brasil o Serviço Social toma forma de profissão a partir da década de 1930 em resposta ao avanço do capitalismo, com influencia de países europeus como a Bélgica. A especificidade do Serviço Social será encontrada na demanda social. Se as Leis Sociais são uma conquista oriunda das pressões da classe operaria o Serviço Social vai sintetizar de maneira oposta. Essa síntese vai se encontrar nessa época dentro das ideologias da classe dominante, atendendo aos interesses da classe burguesa, ou seja, sua primeiras fundamentações e bases para ações vão se dar a partir dessa classe em favor da mesma. Nesse período, o assistente social não se reconhece como classe trabalhadora.
Nesse período o Brasil estava no inicio do seu processo de industrialização, ainda dependente da agroexportação e da economia exterior. Em meados de 1930 a 1935, o Estado brasileiro começa a sofrer pressões da classe operaria que é então controlada através da criação de organismos normatizadores.
No governo Getúlio Vargas (1935), que incentivava o crescimento industrial, fez vir à tona, na sua origem capitalista, a Questão Social, de maneira que também deriva das pressões e das objeções da sociedade da época, que passava por transformações, no plano do conhecimento científico. É nessa época que começam a surgir as primeiras escolas de serviço social no Brasil. Essas escolas ainda são ligadas aos fundamentos norte americanos sobre o Serviço Social. Já no período entres as décadas de 40 e 50 há o reconhecimento da importância da profissão.
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO, 1983, p.77)
Com a pertinência da Questão Social, o Serviço Social brasileiro sente a necessidade de romper com o Serviço Social tradicional e a influencia norte americana, pois o contexto social brasileiro se apresenta de maneira diferente do contexto norte americano. A partir de então, os assistentes sociais começaram repensar o seu papel nessa nova expressão da “questão social”.
Segundo Carvalho (1983) a reconceituação não é um processo que tenha uma homogeneidade de ideias, mas é um movimento que coexiste varias ideias que partem de um mesmo ponto, que é a necessidade do rompimento com o Serviço Social tradicional.
Assim, a reconceituação não se configura como um bloco monolítico de ideias e posições, mas, pelo contrario, um movimento em que coexistem tendências e correntes nem sempre possíveis de conciliar entre si. Nesse sentido, o que caracteriza a reconceituação não é a homogeneidade interna do conjunto, não existindo uma declaração de princípios em que os participantes se reconhecem e que oriente suas atuações. Verifica-se uma unidade difusa, fundada num denominador comum: a denuncia da inadequação e inoperância do Serviço Social Tradicional frente à realidade latina americana e o reconhecimento da exigência de uma redefinição profissional (CARVALHO, 12. 1983).
As primeiras obras de Gramsci foram traduzidas e trazidas para o Brasil em meados dos anos de 1960, nesse período o Serviço Social já era reconhecido legalmente como uma profissão liberal, onde se caracterizava como “natureza técnico-científica”.
Segundo Simionatto (2004), esse período foi marcado por um movimento de Reconceituação, onde se passou a se questionar as referencias teóricas e da pratica profissional, que até então eram regradas pelas matrizes norte-americanas. A autora segue afirmando que
“esse processo de crítica e ruptura está intimamente vinculado ao cenário sociopolítico latino-americano e se ‘inscreve na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de transformação da estrutura capitalista excludente, concentradora, exploradora’ (Faleiros, 1987, p. 51. apud. Simionatto, 2004, p. 174).
Nota-se que esse processo tomou maiores proporções devido a não identificação do assistente social como classe trabalhadora. É quando ele começa a se identificar como classe trabalhadora ele começa a romper com o Serviço Social Tradicional.
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