JOGOS COOPERATIVOS COMO ESTRATÉGIA LÚDICO-PEDAGÓGICA PARA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA E PARA CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
Por: Gean Ferreira Artes • 12/11/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 2.453 Palavras (10 Páginas) • 214 Visualizações
JOGOS COOPERATIVOS COMO ESTRATÉGIA LÚDICO-PEDAGÓGICA PARA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA E PARA CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
Gean Ferreira de Figueiredo[1]
Luis Carlos Veríssimo de Oliveira1
Nayane Sibele de Oliveira1
Ana Caroline da Silva Oliveira1
Hugo da Silva Florentino[2]
RESUMO
Trabalhar o semiárido não é uma tarefa fácil. Mas quando aliada a uma atividade lúdica faz com que os alunos se sintam motivados, despertando o interesse sobre o assunto, fugindo do modelo tradicional de ensino. Objetivou-se desenvolver um jogo didático do tipo cooperativo como alternativa lúdica ao ensino e aprendizagem de conteúdos ambientais contextualizados e para convivência com o semiárido. Utilizou-se como referência o jogo “Drácula saiu do túmulo” e um cenário com características do semiárido brasileiro (SAB), onde disputam duas equipes compostas por jogadores baseados em personalidades reais da sociedade que se encontram numa situação crítica do semiárido. Uma equipe tentará impedir que essas terras sejam utilizadas de maneira inadequada pela equipe adversária, e assim salvar os hectares que restam. Para isso, as duas equipes seguirão as instruções do jogador-mestre, que criará situações em que as equipes deverão passar por desafios para alcançar seu objetivo e assim definir o futuro do semiárido. Portanto, CS Caatinga trabalha questões importantes levando os alunos a refletirem sobre os problemas que os cercam e as possíveis soluções, desenvolvendo uma consciência ecológica crítica em defesa e convivência com o semiárido.
Palavras-chave: pedagogia do lúdico, jogos cooperativos, convivência com o semiárido.
1 INTRODUÇÃO
As escolas do Semiárido Brasileiro (SAB) apresentam dificuldades em contextualizar os conteúdos curriculares com as dimensões cotidianas sociais, culturais, políticas, econômicas, ambientais, entre outras, resultando num ensino descontextualizado sustentado por valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região e do povo. Uma educação que reproduz ideologias estereotipadas que reforçam a representação do semiárido como espaço de pobreza e fragilidades (MATTOS, KUSTER, 2004).
Contrariando essa tendência descontextualizada, a educação contextualizada para convivência com o semiárido se caracteriza por valorizar os diversos e múltiplos saberes do semiárido em relação à aspectos culturais, regionais, sociais, políticos entre outros, permitindo uma representação do semiárido como espaço de possibilidades a partir de alternativas de ensino e aprendizagem que aproximem ciência de outros tipos de conhecimentos, num diálogo da escola com as práticas socioculturais das comunidades.
As atividades lúdico-pedagógicas, a exemplo de jogos, oportunizam uma aprendizagem participativa do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo (SANTOS, 2010), resultando num processo que auxilia o docente na contextualização do ensino com questões sociais, políticas, culturais do cotidiano regional do SAB.
Considerando que a educação contextualizada compreende um ensino e uma aprendizagem para convivência, construção de protagonismo individual e coletiva, respeitando as especificidades regionais, compreendemos que a utilização de jogos cooperativos podem auxiliar no processo de convivência como defende Zambelli, Menoti e Lima (2013, p. 956):
desenvolve a capacidade em trabalhar em grupo na superação de desafios comuns em parceria, com o objetivo de alcançar o respeito mútuo, a compreensão dos pontos de vista diferentes, a alternação de experiências culturais vividas em seu cotidiano e a motivação da criança em participar de jogos coletivos, pois quando a criança é motivada no jogo ela se sente sujeito do processo.
Portanto, objetivou-se nesse artigo, desenvolver um jogo didático do tipo cooperativo como alternativa lúdica ao ensino e aprendizagem de conteúdos ambientais contextualizados e para convivência com o semiárido.
2 CONSTRUÇÃO DO JOGO DIDÁTICO -" CS CAATINGA"
O Jogo didático "Convivendo com o semiárido e a Caatinga (CS CAATINGA)" é um recurso lúdico-pedagógico desenvolvido a partir da adaptação da técnica vivencial "Drácula saiu do túmulo" (BUENO, LAPOLLI, 2001) associado aos conceitos da educação contextualizada e para convivência com o semiárido (MATTOS, KUSTER, 2004) e os princípios de jogos cooperativos e técnicas vivenciais (ZAMBELLI; MENOTI; LIMA, 2013).
O jogo permite que os participantes (jogadores) tenham a possibilidade de desenvolver a autonomia através da valorização do conhecimento do participante no enfrentamento de desafios sociais, ambientais, culturais e políticos. CS CAATINGA está estruturado em 03 partes que se interconectam através do cenário (SAB), jogadores (personagens) e situações vivenciais crítico-reflexivo (combinação de saberes cotidianos com os conhecimentos científicos, num cruzamento entre cultura, escola e sociedade).
2.1 Cenário
Representa o ponto de partido do jogo, onde será relatado os principais impactos socioambientais e as estratégias de convivência com o SAB, no qual ocorrem cotidianamente, na interação do ser humano e ambiente (Quadro I).
(Fonte:os autores, 2016, baseado em PANELAS; SILVA, 2011 e ABÍLIO; FLORENTINO, 2010)[pic 1]
CENÁRIO |
Compreendendo uma extensão territorial de 980.133.079 km2, abrangendo 1.135 municípios de oito estados brasileiros, onde reside uma população estimada de 22.598.318 habitantes (PANELAS; SILVA, 2011), o SAB é, sem dúvida, um dos ecossistemas mais intrigantes e fascinantes do planeta. A Caatinga como principal ecossistema do semiárido representa também um dos biomas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas, em virtude de processos de fragmentação e destruição de habitats, erosão do solo, pecuarização, agriculturização, irrigação inadequada, uso de agrotóxicos, retirada de lenha e carvoarias, exploração mineral introdução de espécies exóticas, superexploração dos recursos bióticos (ABÍLIO; FLORENTINO, 2010) e problemas de ordem sociocultural, a destacar a construção de um semiárido como cenário de fragilidades e pobreza, inóspito para o desenvolvimento socioeconômico. Para conviver com o SAB podemos adotar uma postura de convivência, a destacar as estratégias de captação de água da chuva e armazenamento (cacimba, reservatórios de subsolo, barragens subterrânea); sistema de irrigação eficiente; agricultura familiar; horta, mandala, composteira, biodigestor, forno eco-eficiente, secador solar; biodiversidade regional, arqueologia, paleontologia, arte (artesanato), cultura e culinária, entre outros. |
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