OS LIMITES E POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DO ATLETISMO NA ESCOLA

CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DISCIPLINA: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS ESPORTES

LEANDRO DE SOUZA MELO

RA: 8017230 - TURMA: DGEFL1602TGTA0O

Atividade no Portfólio

Tutor: Roberto Paulo Felix

TAGUATINGA

2017

LIMITES E POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DO ATLETISMO NA ESCOLA

        Conforme pesquisas apontadas por Clóvis Sedorko (2014), muitos docentes afirmam não difundir o atletismo nas escolas devido à carência de recursos materiais e infraestrutura, assim como o Professor de Educação Física Marcelo Francisco Gomes, da Escola Estadual Arruda Câmara, situada em Itambé, cidade do interior de Pernambuco, que afirmou não desenvolver também este esporte escolar na sua prática, por falta recursos materiais e espaço adequado, sendo um dos aspectos limitadores para a propagação do atletismo nas aulas.

        De acordo com o professor, a questão cultural também limita o ensino dessa modalidade esportiva, devido ao incentivo sobre esportes coletivos, como o futebol, ser maior no nosso país. Esse ponto também é observado por Sedorko (2014), que afirma em complemento que a influência da mídia sobre o futebol atrapalha o desenvolvimento de outras atividades, bem como as atuais propostas didáticas na Educação Física e o despreparo dos docentes na formação acadêmica.

        Quanto à importância do atletismo para o Prof. Marcelo Gomes, esta modalidade é respeitada por ser a base para outros esportes, bem como para outras atividades corporais dentro e fora do contexto escolar. Confirmando essa ideia e estendendo-se um pouco mais quanto aos valores desta modalidade esportiva, Sedorko (2014) elucida que um dos destaques desse esporte é ser de fácil acesso para a “iniciação esportiva de qualquer estudante” (p.88), sendo um aspecto potencializador para outras atividades se for trabalhado em sala de aula.

        Somado a isso, os professores podem contribuir para o desenvolvimento dos movimentos naturais dos alunos com o uso de ferramentas simples, como o próprio corpo dos discentes e um local que não requer infraestrutura complexa, além de poder fazer adaptações em qualquer ambiente para praticar os exercícios de atletismo, como saltar, correr e lançar. Por falar nisso, estas são atividades que melhoram a coordenação motora, a noção de tempo e espaço, o desenvolvimento motor, o equilíbrio, a agilidade motriz, a percepção, flexibilidade, resistência etc., entre outras potencialidades dos alunos (Sedorko, 2014).

Ainda em concordância com a autora, o atletismo também é util para que os estudantes se desenvolvam como seres humanos e aprendam a lidar com as circunstâncias que também estão ligadas à vida fora da escola, como as exigências, a administração de certos sentimentos que fluirão com a prática (receios, medos, baixa estima etc.), como também o desenvolvimento individual de uma mentalidade voltada a conseguir superar desafios, autonomia, aprender a lidar com a pressão, entre outros.

Dentre as possibilidades pedagógicas do atletismo nas aulas de Educação Física, é de muita importância que o professor observe os valores “conceituais, procedimentais e atitudinais” (SEDORKO, 2014, p.102) e repassem para os alunos.

Quanto aos valores conceituais, que é o que os alunos devem saber, o professor deve contribuir para que os alunos se apropriem das questões relacionadas à historicidade cultural do atletismo, a sua ligação com a origem do ser humano, sua modernização, seus simbolos, as suas contribuições fisiológicas e os seus aspectos políticos e antropológicos (SEDORKO, 2014). Quanto aos procedimentais (o que os alunos devem fazer), o docente deve ligar o atletismo com alguma atividade corporal mesmo que seja simples ou adaptada, relacionada ao atletismo, além de poder realizar competições esportivas. Já os valores atitudinais (como deve ser) correlacionam o atletismo aos valores como respeito acima de tudo, solução de problemas por meio do diálogo, conter o espírito de agressão, formação de um caráter reto, etc. Em suma, contribuir para formar pessoas que possam ser inseridas na sociedade norteada desses valores, por ter articulado o atletismo às demais areas da vida.

A partir da análise entre a obra de Clóvis Sedorko (2014) e a difusão do atletismo em uma escola estadual do interior de Pernambuco, é possível perceber que ambos estão em concordância e que a situação do Brasil é voltada mais para esportes coletivos, limitando as possibilidades de desenvolver a prática da modalidade em sala de aula. Para reverter esse quadro, Sedorko (2014) propõe que se discuta mais com os alunos os benefícios desses exercícios e sua historicidade. Em complemento, o Prof. Marcelo Gomes, afirma que é preciso que sejam aplicados mais projetos a nível nacional, estadual e municipal referente ao atletismo, fazendo com que se inclua de forma mais natural atividades desse tipo nas aulas de Educação Física e o país como um todo não se limite a futebol e voleibol como tanto se vê atualmente.

REFERÊNCIA

SEDORKO, Clóvis Marcelo. Os esportes individuais na Educação Física escolar: o atletismo e algumas possibilidades de ensino. In: FINCK, Silvia Christina Madrid. (Org.) Educação Física Escolar: saberes, práticas pedagógicas e formação. Curitiba: InterSaberes, 2014. p. 86-111.

ANEXO 1

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ANEXO 2

ROTEIRO DE ENTREVISTA OU QUESTIONÁRIO

Entrevista realizada em 28 de setembro de 2017, com o Professor de Educação Física Marcelo Francisco Gomes, na Escola Estadual Arruda Câmara, situada em Itambé, município da Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco.