Rosa Maria Vieira Medeiros. Ruralidades: Novos Significados Para o Tradicional Rural

Giulia Batista de Freitas é aluna do curso de Medicina Veterinária da UFPel

Rosa Maria Vieira Medeiros. Ruralidades: novos significados para o tradicional rural

Este é um texto que aborda o tema sobre o espaço rural para que se consiga compreender as relações entre campo e cidade. Temos como definição a partir da obra, que o conceito antigo de ruralidade é definido como um espaço habitado por pequenas comunidades, com valores mútuos e histórias comuns, que giram em torno da fidelidade a um meio. Esta comunidade é muitas vezes representada pela forma de viver, que se associa ao território e a coesão social, ou seja, mantém um laço estreito com seu ambiente e valoriza a cultura identitária das diferentes comunidades.

Contudo, essa definição deve sofrer uma mudança devido às constantes modificações e das diversificações do rural. O ritmo das transformações nas relações sociais e de trabalho no campo, devido à modernização da agricultura e globalização, transforma as noções de “urbano” e “rural” em categorias simbólicas constituídas a partir de representações sociais que, em algumas regiões, não correspondem mais a realidades distintas cultural e socialmente. Torna-se cada vez mais difícil de limitar as fronteiras entre as cidades e os pequenos vilarejos a partir de uma classificação sustentada em atividades econômicas ou mesmo em hábitos culturais.

A distinção entre o rural e o urbano nas atividades econômicas realizadas na cidade e no campo e nas diferentes práticas cotidianas tem sido reduzida. Cada vez há mais integração das práticas e elementos tidos como tipicamente rurais no espaço urbano ou práticas urbanas no espaço do campo. Além disso, a concepção de que o espaço rural é um ambiente de atraso no desenvolvimento em virtude da valorização excessiva dirigida ao urbano, que ainda é visto como sinônimo de moderno e progresso, também tem sofrido modificações. Altos níveis de mecanização, utilização de tecnologia e especialização de mão de obra têm sido vistos em muitas propriedades rurais.

Mas então vem o questionamento sobre o “novo rural brasileiro”, que o século XXI trouxe consigo, como um renascimento, valorização, ressignificação e autoestima do rural que começou a constituir-se ainda na década de 1980. Contudo, a ruralidade deve ter referência em si mesma e não a partir da cidade, como se ela fosse um apêndice com dependência política e econômica. Por estas razões as reflexões sobre a ruralidade na atualidade devem ter como exigência o reconhecimento do rural, considerando suas próprias relações assim como o urbano. As novas ruralidades devem considerar todas as especificidades e todas as representações deste espaço rural. Segundo Enrique Sergio Blanco (2004), as “novas ruralidades” não só aproveitam como também expandem as novas funções e as novas atividades no campo principalmente integrando e envolvendo as famílias rurais tanto com o poder público como com a iniciativa privada.

Uma nova ruralidade, em que há indiferenciação entre o espacial, o social e o cultural, sejam do urbano ou do rural, exprime-se numa construção de novas identidades, unidas em torno de práticas, valores e do sentimento de pertença.  Esta nova ruralidade caracterizada por mudanças importantes trouxe consigo dinâmicas marcadamente transformadoras como a reinversão das tendências migratórias, a renovação das atividades no campo, a modernização dos modos de vida e as novas formas de organização dos atores sociais.