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A Resenha Crítica Licenciatura

Por:   •  9/10/2022  •  Resenha  •  1.800 Palavras (8 Páginas)  •  106 Visualizações

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Faculdade de Educação

Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas

Disciplina: Ensino de Ciências II com Prática Escolar

Código da disciplina: EDU 221

Professora: Claudia Avellar Freitas

Ano/semestre: 2022.1

Aluna: Laiane da Silva Israel

Número de matrícula: 201901067L

Resenha sobre o artigo ‘’ Cidadania, relações étnico-raciais e educação: desafios e potencialidades do ensino de Ciências’’, dos autores Douglas Verrangia e Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva.

     Historicamente, a sociedade brasileira tem enfrentado diversos desafios sociais, culturais e econômicos, os quais marcam negativamente a sua nação e contribui com os índices de discriminação e exclusão de um grupo sobre outro. Como exemplo, podemos destacar a intolerância perdurada nas relações sociais que, consequentemente contribui para muitas outras práticas antidemocráticas na sociedade. Ao falarmos de diversidade, consequentemente nos remetemos ao contexto histórico e cultural da educação brasileira. Isso se deve ao fato de vivermos em um país constituindo de uma pluralidade de raças e etnias que resultam em um cenário da diferença e ao mesmo tempo da semelhança. Vale ressaltar que nesse contexto, o conceito de raça é considerado como uma construção social, política e cultural marcada pelas relações de poder ao longo de todo um processo histórico, sendo que é por meio dessas relações sociais que as diferenças são hierarquizadas, determinando o lugar social de cada um na sociedade. Diante dessa realidade de heterogeneidade em nosso país, a escola também atua com um viés educativo de formação social, a fim de construir sujeitos que pratiquem entre si o respeito e a valorização de suas singularidades. Assim, torna-se um grande desafio discutir no ambiente escolar, com os professores e estudantes sobre a formação de grupos étnico-raciais e a importância desses para distorção e rompimento de estereótipos na educação básica. A partir da análise feita por Verrangia e Silva, podemos compreender a educação em questões étnico-raciais como uma ação educacional de atendimento direto à demanda da população afrodescendente, através da oferta de políticas de ações afirmativas e pedagógicas inscritas na educação básica. Ademais, também pode ser entendida como políticas de reparações, valorização e reconhecimento da história do povo negro, cultura e identidade associadas ao contexto de aprendizagem escolar. Esse serviço é composto por proposição de conteúdo curricular de abrangência das dimensões históricas, sociais e antropológicas inerentes à realidade brasileira, através de ações de reformulação pedagógica que possam ressignificar o processo de aprendizagem dos estudantes, sobretudo da população negra, por meio do reconhecimento da identidade e da valorização sociocultural. No âmbito social, a educação em questões étnico-raciais atua como estratégia de combate ao racismo e às violências de caráter epistemológico. É necessário esclarecer ao público escolar que o povo brasileiro encontra-se inserido em um “aglomerado” de diferenças físicas e culturais e que estas têm papéis essenciais em atribuir valores a nossa sociedade. Por meio de tal abordagem da temática das relações raciais, o ensino de Ciências ganha no combate a destruir conhecimentos simplistas e distorcidos e promover na escola, a construção de conhecimentos mais complexa sobre a história da diversidade, sobretudo da cultura afro-brasileira e africana. É necessário que a escola seja um espaço de diálogo entre as diversas culturas, raças e etnias que ali se encontra, e para isso, é necessário a adoção de práticas educativas que possibilitem a concretização desse diálogo entre toda a comunidade escolar, garantindo as múltiplas relações existentes entre os sujeitos que compõe e atua não apenas no ambiente escolar, mas também social. Por isso, o grande desafio que enfrentamos na área da educação é o de contribuir para a construção de um ambiente escolar que valorize as diferenças, que combata as desigualdades, e que se paute pelo respeito e solidariedade. Para isso, o professor deve atuar como um sujeito formador sobre essas temáticas, pois é algo presente não somente na escola quanto espaço de relações sociais, mas também no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes mediante a diversidade de saberes que ali emergem e se relaciona na prática do ensinar e aprender. A Lei 10.639/03, promulgada em 9 de janeiro de 2003, é considerada um grande marco na luta pela superação da desigualdade racial na educação pública brasileira. A sua promulgação alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e torna obrigatório o estudo da temática História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas instituições de ensino da educação básica das redes pública e privada de todo o país. A lei determina que os conteúdos relativos à história e cultura afro-brasileira devem ser ministrados em todo o currículo escolar. Esta lei é resultado de um árduo processo de ativismo do movimento negro em busca da igualdade racial e social, pois as abordagens que se faziam no âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais ocorriam de forma genérica dando margem ao descompromisso no tratamento à temática e reforçando os estereótipos e a folclorização do povo negro por abordagens equivocadas.

     Porém, não é uma tarefa fácil falar de preconceito numa sociedade onde os sujeitos vivem em condições desiguais, principalmente quando esta sociedade está fortemente arraigada em um contexto capitalista, onde cada um vive por si. O preconceito se desdobra de diversas formas em nosso cotidiano, e de certa forma faz parte do nosso comportamento, pois frequentemente nos deparamos com gestos, atitudes, palavras e atos que deixam claros o desrespeito para com o outro, e a sala de aula não esquiva disso. A escola é considerada via de acesso ao conhecimento, como possibilidade de ascensão social para uma grande maioria que deseja ingressar no mercado de trabalho e sair da condição de pobreza. As expectativas dos pais com relação à escola levam-nos a crerem que esta terá uma ação transformadora na vida dos filhos garantindo-lhes o exercício pleno da cidadania, bem como o aperfeiçoamento de suas aptidões pessoais. No entanto, essas expectativas, não raro, são frustradas, sobretudo quando se trata de crianças negras. A escola desconsidera a pluralidade cultural presente na sala de aula e acaba direcionando sua metodologia para satisfazer as necessidades do grupo dominante, o que leva a inculcação dos valores da classe dominante. Sendo assim, o que deveria ser espaço de promoção da equidade pode converter-se em espaço de exclusão, inclusive refletindo-se em outros espaços sociais. Além disso, é notório o despreparo e a falta de formação adequada por parte dos professores para trabalhar essas questões em sala de aula, e isso se deve a diversos motivos: muitos professores não se sentem responsáveis por conduzir o debate por não serem negros ou, ainda, por não conseguirem visualizar em suas áreas de conhecimento e disciplinas possibilidades de conexão entre as relações étnico-raciais. Isso acontece com certa frequência quando se trata, por exemplo, do ensino de Ciências. Os professores consideram ser difícil de ser executada por conta da falta de formação adequada para conduzir essas discussões e por não conseguirem imaginar de que forma os conhecimentos científicos poderiam se relacionar a essa temática. Sendo assim, trabalhar estas questões em sala de aula é uma maneira de levar os sujeitos a terem uma atitude de respeito e tolerância para com as diferenças do outro, de lidar seja com grupos étnicos e de gênero, mas valorizar o outro de modo que possam não somente aceitar como também passar por um processo de construção de sua identidade e cidadania. A cidadania é um processo que começou nos primórdios da humanidade e que é efetivado por meio do conhecimento, conquistas, através da luta, mas não como algo pronto, mas algo que está em constante construção. A cidadania tem relação com a participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando para que seus direitos sejam garantidos. Desta forma, o sujeito que busca o seu direito na medida em que não ultrapassa o do outro e que convive pacificamente com as diferenças está construindo sua noção de cidadania, está construindo sua própria identidade. E podemos verificar isto em algumas das falas dos estudantes quando afirmam que respeitam os seus colegas e que as diferenças é parte de todas as pessoas, dos grupos em que estão inseridas. E principalmente é imprescindível reconhecer o problema do preconceito e combatê-lo no espaço escolar. Sem contar que é necessária ainda a promoção do respeito mútuo e com o outro, o reconhecimento das diferenças, a possibilidade de se falar sobre as diferenças sem medo, receio ou preconceito.

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