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ANÁLISE DA MICROBIOTA INTESTINAL EM ADULTOS COM DISTINTOS PERFIS ALIMENTARES

Por:   •  1/10/2018  •  Monografia  •  2.678 Palavras (11 Páginas)  •  337 Visualizações

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Universidade Federal Fluminense[pic 1]

Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro

Projeto de Pesquisa

ANÁLISE DA MICROBIOTA INTESTINAL EM ADULTOS COM DISTINTOS PERFIS ALIMENTARES

Alunas: Ana Júlia Godinho, Camilla Rodrigues de A. Ribeiro, Karina Braun Malafaia, Larissa Mendes Alves, Ligia Soares Lima, Marina Gomes da Cunha            

Universidade Federal Fluminense - UFF

Orientadora: Drª. Ana Beatriz Franco-Sena

Universidade Federal Fluminense - UFF

Rio de Janeiro

Junho de 2018

1.INTRODUÇÃO

É bem reconhecido que os seres humanos são colonizados por trilhões de micróbios, com um metagenoma microbiano estimado de pelo menos 100 vezes o das células humanas e que esses micróbios possuem um repertório muito maior de capacidades metabólicas e enzimáticas do que seus hospedeiros humanos (Flint et al., 2012; Asselin e Gendron, 2014; Maukonen et al., 2015).

A microbiota intestinal contribui significativamente para a saúde humana e pode desempenhar um papel no desenvolvimento e/ou prevenção de certas doenças não transmissíveis. Assim, em relação à pesquisa nutricional, há um interesse considerável nas interações funcionais entre a microbiota intestinal, os substratos alimentares ingeridos e o metabolismo do hospedeiro (Shortt et al., 2017).

A dieta não só fornece nutrientes para o corpo, mas também influencia a saúde, modulando a composição e a diversidade da microbiota intestinal (Daliri et al., 2018). Estudos recentes mostraram que certas taxas microbianas no microbioma podem desaparecer sazonalmente e reaparecer devido à disponibilidade sazonal de alimentos. Essas observações comprovam a natureza plástica do microbioma intestinal como resultado de mudanças na dieta (Davenport et al., 2014; Dubois, 2017).

A diversidade é importante em todos os ecossistemas para promover estabilidade e desempenho. A diversidade de microbiota pode se tornar um novo biomarcador ou indicador de saúde. A perda de biodiversidade dentro do intestino tem sido associada a um número crescente de condições, como autismo, doenças gastrointestinais, diarréia associada a Clostridium difficile e características inflamatórias associadas à obesidade, enquanto o aumento da diversidade tem sido associado ao aumento da saúde em idosos (Clarke et al., 2014).

Como as dietas vegetarianas aumentaram em popularidade, o veganismo ganhou reconhecimento como uma opção dietética saudável e potencialmente terapêutica ( Craig, 2009) . Uma pesquisa recente utilizando um questionário de frequência alimentar de 1475 participantes, incluindo 104 veganos, descobriu que uma dieta vegana recebeu o maior índice de qualidade da dieta, medida pelo Healthy Eating Index 2010 e o Mediterranean Diet Score, enquanto os onívoros irrestritos receberam o menor ( Clarys  et al., 2014). Um estudo realizado por Goff e colaboradores comparando perfis bioquímicos de veganos e onívoros pareados por sexo, idade e índice de massa corporal, encontrou que os 21 tinham pressão arterial mais baixa e menores concentrações de triacilglicerol e glicose em jejum do que 25 indivíduos onívoros, bem como um perfil bioquímico que era cardioprotetor e protetor de células beta. Um outro estudo com 170 monges budistas vegetarianos e 126 homens onívoros descobriu que os vegetarianos tinham IMC, pressão sanguínea e triglicérides significativamente mais baixos, assim como perfis mais favoráveis de lipoproteínas e apolipídios e menor probabilidade prevista de doença coronariana (Zhang et al., 2013).

Em resumo, a revisão da literatura sugere que a dieta pode modificar o microbioma intestinal, o que, por sua vez, tem um impacto profundo na saúde geral. Esse impacto pode ser benéfico ou prejudicial, dependendo da identidade relativa e da abundância de populações bacterianas constituintes (Singh et al., 2017). A dieta tem um papel no desenvolvimento de algumas patologias e muitas delas também estão associadas a disbiose na composição e/ou funcionalidade do microbioma intestinal. Portanto, análises metatranscriptômicas, metaproteômicas e metabolômicas de amostras fecais são valiosas para entender aspectos funcionais da microbiota intestinal (Requena et al., 2018).

2. JUSTIFICATICA

A determinação da composição da microbiota é um processo multifatorial. É cientificamente comprovado que o tipo de parto, amamentação, etnia, utilização de probióticos, utilização de prebióticos, utilização de simbióticos, região geográfica, alimentação, presença de infecções, consumo de antibióticos, faixa etária dos indivíduos, são fatores que possuem forte impacto sobre a composição da microbiota intestinal de um indivíduo. A relevância da capacidade que a alimentação tem de modular a população de microorganismos no intestino na área da saúde é devido a achados científicos que indicam que essas alterações são capazes de prevenir doenças crônicas.

Estudos comparativos detalhados de seres humanos da mesma sociedade com diferentes preferências alimentares e sua influencia na microbiota ainda são escassos, nesse sentido faz-se necessária a realização de pesquisas que consideram características como o estado nutricional, as frequências alimentares diárias e a composição total da refeição e seus impactos cumulativos na microbiota intestinal, visto que a observação de que a dieta pode modular as interações micróbio-hospedeiro pode anunciar uma promissora abordagem terapêutica futura.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Analisar qualitativamente e quantitativamente a microbiota intestinal em adultos com quatro distintos perfis alimentares: veganos, vegetarianos, onívoros e indivíduos que consomem dieta do mediterrâneo.

3.2. Objetivos específicos

  • Realizar um rastreamento sobre os hábitos alimentares dos indivíduos participantes do estudo através de um questionário;
  • Realizar o cultivo e o isolamento bacteriano em meios de cultivo específicos;
  • Investigar através de técnicas moleculares o perfil de expressão bacteriana na microbiota de acordo com diferentes padrões alimentares;
  • Determinar se apenas a alimentação pode influenciar na composição da microbiota intestinal através da comparação com um ensaio clínico.

4. METODOLOGIA

O presente projeto divide-se em duas partes: a primeira parte trata-se de um estudo retrospectivo de caráter observacional, transversal e individual. A segunda parte do estudo trata-se de um ensaio clínico de caráter longitudinal, prospectivo e individual.  O projeto será realizado na Universidade Federal Fluminense/UFF em colaboração com Clínicas de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro.

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