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Registro Fotográfico Lobo Guará em um Fragmento de Mata Atlântica

Por:   •  24/1/2020  •  Artigo  •  2.157 Palavras (9 Páginas)  •  260 Visualizações

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COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Visualização do Lobo-Guará, Chrysocyon brachyurus (ILLIGER, 1815) em um fragmento de Mata Atlântica no Observatório Pico dos Dias, Brasópolis - MG.

Ademir Henrique Vilas Boas1,2,3,*; Flávio de Vasconcelos Camargo2,3; Otávio Gaioso Venturelli 2,3 & Rafael Albo de Oliveira2,3

1IRN – Instituto de Recursos Naturais, Universidade Federal de Itajubá, Av. BPS, 1303, Bairro Pinheirinho, Itajubá – MG,CEP: 37500-903; * e-mail autor: ademirvilasboas@hotmail.com

2Laboratório de Zoologia e Morfologia Animal, FEPI – Centro Universitário de Itajubá, Av. Dr. Antônio Braga Filho, nº687 - Bairro: Varginha, CEP: 37501-002 Itajubá- MG.

3E-Bio MG – Estudo da Biodiversidade em Minas Gerais, FEPI – Centro Universitário de Itajubá, Av. Dr. Antônio Braga Filho, nº687 - Bairro: Varginha, CEP: 37501-002 Itajubá- MG.

Abstract: View the maned wolf, Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) in a fragment of Atlantic Forest in the Pico dos Dias Observatory, Brasópolis - MG. In this study we present the record of the occurrence of Chrysocyon brachyurus (Illiger 1815) in a fragment of Atlantic Forest located in the Pico dos Dias Observatory, Brasópolis, state of Minas Gerais, Brazil. The species was visualized by means of camera traps, as part of an environmental monitoring program developed in conjunction with the National Laboratory for Astrophysics. 

Keywords: Mammalia, Chrysocyon brachyurus, Visual record, Minas Gerais.

Resumo. Neste estudo, apresentamos o registro de ocorrência de Chrysocyon brachyurus (Illiger 1815) em um fragmento de Mata Atlântica localizado no Pico dos Dias Observatory, Brasópolis, em Minas Gerais, Brasil. A espécie foi visualizado por meio de armadilhas fotográficas, como parte de um programa de monitoramento ambiental desenvolvido em conjunto com o Laboratório Nacional de Astrofísica.

Palavra-Chaves: Mammalia, Chrysocyon brachyurus, Registro visual, Minas Gerais.

O lobo-guará, Chrysocyon bracyurus (Illiger, 1815), é o maior canídeo do continente Sul Americano. Habita preferencialmente áreas de vegetação e campos abertos, como as regiões centro-leste e centro-sul do Brasil, nordeste da Argentina, noroeste do Uruguai, leste da Bolívia, extremo sudeste do Peru e Paraguai (Langguth, 1975;  Dietz, 1985;  Mones; Olazarri, 1990).  Embora menos frequente, a espécie pode ocupar áreas de banhados e campos de altitudes, situados acima de 1500m (Pontes-filho et al., 1997). Dentre os mamíferos, os carnívoros são importantes componentes dos ecossistemas, controlando populações de suas presas, contribuindo para a dispersão de sementes e influenciando na diversidade da comunidade (Terborgh, 1992). O lobo-guará é um animal solitário, se associando apenas durante o período de gestação, percorre grandes distâncias diariamente e necessita de grandes áreas para exercer suas atividades rotineiras, a média das áreas de vida pode variar de 25,2 a 132,0 km2 (Mantovani et al 2007; Dietz, 1984).

Atualmente é considerado como uma espécie vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e como ameaçada pela IUCN (2008). Uma das características da ecologia do lobo-guará que o coloca em risco é a necessidade de grandes áreas para exercer suas atividades rotineiras e a perda do hábitat natural é uma ameaça à sua conservação (Fonseca et al. 1994). Grande parte do Cerrado, Bioma no qual o lobo-guará está amplamente distribuído, foi destruída e as partes remanescentes encontram-se fragmentadas (Myers et al. 2000). Além da perda e fragmentação de hábitat, estão entre as principais ameaças, a perda de variabilidade genética, invasão de espécies exóticas, caça, doenças (virais, bacterianas e parasitárias), ecoturismo, falta de conhecimento da população, monocultura e atividades de mineração (Drummond et al., 2005).

Por ser um animal onívoro e possuir uma dieta generalista, constituída principalmente de pequenos vertebrados e frutos, apresentando comportamento oportunista em relação aos itens alimentares básicos já descritos para a espécie, tem se adaptado bem à dieta a base de frutos exóticos e cultivados (Amboni, 2007; Santos et al., 2003; Dietz, 1984) e com isso expandido sua distribuição em direção a áreas  de  Mata  Atlântica,  devastadas  e  transformadas  em  áreas  abertas  (Rodden  et  al.,  2004; Dietz, 1984).

Estre trabalho apresenta um novo registro para espécie Chrysocyon brachyurus para a Serra da Mantiqueira (Figura 1), obtido durante o monitoramento de fauna de um projeto desenvolvido em uma área remanescente de Mata Atlântica do Observatório Pico dos Dias, operado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica. A área está localizada entre os municípios sul-mineiros de Brazópolis e Piranguçu, a 1864m de altitude, 900m acima do nível médio da região, nas coordenadas geográficas (45° 34' 57"S e 22° 32' 04"O). 

[pic 1]   [pic 2]Figura 1: Registro para a espécie Chrysocyon brachyurus na mata da OPD em Brasópolis-MG obtida por armadilha fotográfica.

A Serra da Mantiqueira no sul do estado de Minas Gerais segundo a classificação de Köppen, possui clima Cwb (tropical de altitude), apresenta algumas áreas com mais de 2000m de altitude e temperaturas média anual entre 18 e 19ºC, a média anual de precipitação superior a 1500mm e com regimes de chuvas distribuídas ao longo do ano, apenas decrescendo no período do inverno. Segundo Carvalho et al. (2005), Ibge (1992) e Azevedo (1962) a região está inserida no Domínio Mata Atlântica, apresenta um extensão mosaico vegetacional composto por Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, além de paisagens de exceção, como a Mata de Araucária,  campos cerrados e campos de altitude. 

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