Perigo de bactérias encontradas em lixo doméstico e hospitalar
Pesquisas Acadêmicas: Perigo de bactérias encontradas em lixo doméstico e hospitalar. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: CAVACO • 7/4/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 3.633 Palavras (15 Páginas) • 345 Visualizações
XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2
É inegável o fato de que existe uma íntima relação entre o destino final dos resíduos sólidos resultantes das
atividades diárias do homem e o estado de saúde da respectiva comunidade. No entanto, as doenças
veiculadas devido à falta de saneamento básico podem ser consideravelmente reduzidas quando são
desenvolvidos programas destinados à implantação de soluções sanitárias que permitam o afastamento ou
disposição final satisfatória dos resíduos gerados.
Dentre os resíduos sólidos, encontra-se os Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde (RSS), conceituados como
“resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimento gerador” (NBR 12.807), como, por
exemplo, hospitais, clínicas, laboratórios clínicos, ambulatórios, clínicas veterinárias, etc..
No Brasil ainda é comum o emprego dos termos lixo hospitalarou resíduo hospitalar, como sinônimos de
RSS. Mas é importante ressaltar que o resíduo hospitalar é um dos constituintes dos RSS. Os resíduos
infecciosos, por sua vez, constituem uma das classes dos RSS (NBR 12808).
Os RSS, apesar de representem uma pequena parcela em relação ao total de resíduo gerado em uma
comunidade, são fontes potenciais de disseminação de doenças e oferecem perigo para a equipe de
trabalhadores dos estabelecimentos bem como para as pacientes (REGO & NODA, 1993; MATTOSO, 1996).
Parâmetros como a taxa de geração/leito/dia e porcentagem dos diferentes componentes dos resíduos são os
primeiros dados a serem levantados em estudos de gerenciamento de RSS, pois uma melhor compreensão do
fluxo interno e externo dos resíduos permite ao responsável, pelo seu gerenciamento, a detecção de problemas
outrora desconhecidos ou ignorados e a implantação de soluções como minimização e reciclagem (WHO,
1983; CONAMA, 1993; MATTOSO, 1996). Neste sentido, observa-se uma evolução no comportamento dos
funcionários de estabelecimento de saúde e da normatização quanto à segregação dos resíduos na fonte bem
como de sua valorização (ABNT 12.807 e 12.809).
“Considerando que as ações preventivas são menos onerosas e minimizam os danos à saúde pública e ao meio
ambiente”, em 1993 o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) editou a resolução 005 que reza
sobre a “definição de procedimentos mínimos para o gerenciamento de RSS, portos e aeroportos”. Nesta
resolução está determinado que cabe aos estabelecimentos prestadores de serviço de saúde o gerenciamento
dos seus resíduos e, que devem ter um plano de gerenciamento para os resíduos gerados diariamente em seus
estabelecimentos; e, devem contemplar as seguintes etapas: geração, manuseio, segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento interno e externo, transporte interno e disposição final. O plano
deve atender às características de cada estabelecimento, sempre tomando como base as Normas Técnicas
Brasileiras associadas aos RSS (NBR 12.807, 12.808, 12.809, 12.810, 7.500, 9190 e 10.004).
Os primeiros estudos realizados com o intuito de caracterizar as unidades geradoras de RSS, em termos
qualitativos, foram desenvolvidos por Machado Júnior e colaboradores, em 1978. Neste estudo foram
identificados os seguintes microrganismos: coliformes, S. thyphi, Shigellasp., Pseudomonassp., S. aureus,
Candida albicans, vírus pólio tipo I, vírus da hepatite A e B, influenza e outros. Na seqüência, diversos
trabalhos sobre os aspectos epidemiológicos, grau de contaminação e riscos ocupacionais atribuídos aos RSS
têm merecido destaques. Entretanto apresentam posições divergentes quanto à transmissibilidade direta de
doenças a partir dos resíduos. Embora se acredite que alguns casos de infecção hospitalar sejam transmitidos
pelo resíduo (CARVALHO et al., 1977; SAITO et al., 1983), não existem estudos que comprovem este
preceito. Os casos existentes de doenças transmitidas pelo resíduo estão associados ao mau uso e/ou manuseio
de objetos pérfuro-cortantes, bem como de seu acondicionamento insatisfatório (RUTALA & SARUBI, 1983;
WHO, 1983; ZANON, 1990; ZANON & EIGENHEER, 1991; MATTOSO, 1996).
Estudos que tentam elucidar o potencial de contaminação dos RSS provenientes de hospitais obtiveram
resultados surpreendentes (Tabela 01), pois se acreditava que os resíduos hospitalares estariam mais
contaminados que os domiciliares. ALTHUS e colaboradores (1983) examinaram 21 amostras de vazadouros
de resíduos domiciliares e 264 de áreas de resíduos hospitalares. Eles constataram que os resíduos domésticos
sempre continham mais microrganismos patogênicos do que os hospitalares. COLLINS & KENNEDY
(1992), ao citarem o trabalho de Engelbrecht e Amihor (1992), alertam para o perigo de contaminação
microbiológica do chorume de aterros, pois o citado trabalho verificou a presença de S. aureus, S. pyrogenes,
S. faecalis, S. durans,S. pneumoniae, K. pneumoniae, salomelas, Proteussp. e coliformes. Entretanto para
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