A Saúde do Adolescente

REVISÃO DE LITERATURA

 

 

4.1 A adolescência: considerações gerais

 

De acordo com BUSSADORI e MASUDA (2005), a adolescência é o período da vida humana logo em seguida à infância, que começa com a puberdade e caracteriza-se por uma série de mudanças corporais e psicológicas. É a etapa evolutiva humana a qual é frequentemente associada a crises, problemas emocionais e comportamentos radicais reportados em âmbito científico e em meios de comunicação. 

A adolescência é um momento crucial de grandes transformações dos aspectos biopsicossociais, uma etapa crítica e decisiva na construção da identidade. A construção da identidade na adolescência ocorre através das mudanças físicas, diferentes interações sociais e o despertar de novos interesses. As transformações biopsicossociais são efeitos do desenvolvimento humano e estão estreitamente relacionadas a situações de risco e vulnerabilidade, em especial a descoberta sexual (BRASIL, 2017).

​A puberdade é o fenômeno fisiológico característico da adolescência. O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade fértil; a palavra púbis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. Este fenômeno fisiológico é constituído por um conjunto de transformações morfológicas e físicas, que, de acordo com (BRASIL, 2017) englobam a:

Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponderal e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações puberais; modificação da composição e proporção corporal, como resultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do tecido adiposo; desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com ênfase no circulatório e respiratório; maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais secundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner (1962) e a reorganização neuroendócrina, com integração de mecanismos genéticos e ambientais.

Portanto, a puberdade é uma fase fisiológica obrigatória do desenvolvimento humano, pela qual todos os indivíduos atravessam para chegarem à fase adulta. De um ponto de vista social, a adolescência é uma fase de construção, na qual o indivíduo desenvolve-se física e socialmente. De um modo natural, o indivíduo que passa pela fase da puberdade alcança a maturidade, e deste modo insere-se na sociedade no papel de adulto. Portanto, a adolescência é a fase crucial do desenvolvimento humano para a construção do sujeito individual e social (SAIANI et al., 2018).

 

 

4.2 Características psicológicas na adolescência

 

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Durante a adolescência o indivíduo passa por inúmeras transformações, principalmente as relacionadas à instabilidade emocional, uma forte tendência de variar com frequência por estados de alegria e de melancolia. Surgem infinitas dúvidas e questões sobre variados aspectos, desde sobre como se portar na sociedade, os modos de ser, de estar em sociedade, até a construção do futuro com as escolhas profissionais Saberes de adolescentes: estilo de vida e cuidado à saúde (FERREIRA et al., 2007).

A insegurança é uma das principais características do adolescente, o qual se acha diferente dos demais. O adolescente percebe nitidamente que perdeu a graça infantil sem ganhar em troca outra forma de reconhecimento. Assim, ele não é mais nada, nem criança amada, nem adulto reconhecido (CALLIGARIS, 2000).

Na visão de SENNA e DESSEN (2012), o adolescente é um sujeito ativo produto e produtor do seu desenvolvimento e suas as características psicológicas são construídas sofrendo influências do contexto no qual está inserido. Este contexto compreende uma hierarquia de sistemas interdependentes, composto pelas atividades, papéis e relações interpessoais presentes, por exemplo, nas suas famílias, nos grupos de amigos, na vizinhança, na comunidade, e nas instituições educacionais e de saúde, sociais e políticas.

De acordo com PRATTA e SANTOS (2007), a adolescência é uma etapa caracterizada por desequilíbrios e instabilidades extremas, na qual o adolescente sente-se muitas vezes inseguro, confuso, angustiado, injustiçado, incompreendido, tanto por pais como por professores, o que pode ocasionar problemas nas relações pessoais mais próximas de seu convívio social. Porém, essa problemática ocasionada pela vivência da adolescência é primordial para o desenvolvimento psicológico dos indivíduos. 

 

 

4.3 Percepção do adolescente quanto à saúde bucal

 

 

​A percepção de saúde e de doença varia conforme a capacidade cognitiva do indivíduo. A capacidade cognitiva muda de acordo com a idade, em função dos diferentes estágios de desenvolvimento emocional, social e de linguagem (TESCH; OLIVEIRA; LEÃO, 2007).

​BARBOSA et al. (2010) afirmam que:

A qualidade de vida relacionada à saúde é um importante componente auxiliar aos indicadores clínicos na avaliação da saúde do paciente. Isto se torna ainda mais relevante em pacientes infantis e com doenças bucais, que determinam um impacto significativo em sua qualidade de vida. Assim, tornam-se cada vez mais necessários instrumentos que auxiliem o cirurgião-dentista e demais profissionais responsáveis por estas crianças e adolescentes para avaliar não só a presença da doença bucal, como também a qualidade de vida desses indivíduos. 

 

​Para GARBIN et al. (2009), em seu estudo no qual foram avaliadas a percepção e opinião de adolescentes de um município do interior de São Paulo, sobre a saúde geral e bucal, os quais 34,5% conceituaram a saúde como coisa ou algo que precisa ser cuidada; 26,6%, como bem-estar; 18,1%, como a própria existência; e 14,5%, como ausência de doença. Em relação aos conceitos de saúde bucal, 68,4% a definiram como higiene; 16,2%, como aparência e 15,5%, como sendo a ausência de patologias bucais. A percepção da saúde em geral foi ótima para 46,5% e boa para 44,1%. Enquanto que a saúde bucal foi boa para 53,6% e ótima para 24% dos adolescentes. Portanto, os adolescentes apresentaram certo entendimento sobre os conceitos de saúde geral e bucal, no entanto os conceitos considerados ótimos e bons foram menores quanto à saúde bucal em comparação com a saúde geral. Este fato se deve provavelmente porque para este grupo de adolescentes a saúde bucal está interligada com aspectos afetivos, estéticos e sociais.