O Planejamento Odontológico Integrado

Planejamento odontológico integrado

A disciplina de Clínica Integrada na FOUSP tem como objetivo principal desenvolver a capacidade dos estudantes de integrar conhecimentos teóricos com a prática clínica, proporcionando-lhes habilidades para diagnosticar, planejar e executar procedimentos odontológicos de reabilitação bucal de forma eficaz e adaptada às condições socioeconômicas da comunidade.

Exame clínico

O sucesso de um tratamento odontológico integrado depende de um exame minucioso do paciente, um diagnóstico preciso e um planejamento cuidadoso do tratamento. O conhecimento da fisiopatologia das doenças é essencial para oferecer opções de tratamento adequadas. A amplitude do processo de avaliação está diretamente ligada ao conhecimento do clínico geral, e a especialização precoce pode limitar essa amplitude. O exame do paciente vai além da cavidade bucal e inclui observações sobre seu comportamento psíquico e locomotor. A anamnese é parte essencial desse processo, reunindo informações sobre a queixa principal, histórico de saúde, antecedentes familiares, hábitos e ocupação. O exame físico começa com a avaliação extraoral dos tecidos moles e duros por meio de palpação, percussão e auscultação.

Exame físico extrabucal

O exame clínico extrabucal é realizado com instrumentos como espelho, pinça, explorador e sonda milimetrada, papel de articulação, fio ou fita dental, rolos de algodão, gaze e solução evidenciadora para facilitar a inspeção. É importante que o estudante se habitue a uma sequência de exame e a mantenha em todos os seus exames. Durante o exame, os lábios e a mucosa bucal são avaliados, observando textura, elasticidade, transparência da mucosa, inserção de freios, entre outros detalhes. A mucosa bucal, que inclui diversas áreas como fundo de sulco, mucosa alveolar, rebordo alveolar, mucosa jugal, língua, soalho bucal, palato duro e mole, deve ser inspecionada e palpada com atenção especial, especialmente em áreas edêntulas e de interesse protético.

Exames físicos intrabucal

Para estabelecer o diagnóstico de doença periodontal, é fundamental avaliar as manifestações clínicas no periodonto, utilizando uma sonda periodontal específica que permita uma determinação apical da bolsa com mínimo trauma. O registro periodontal simplificado (PSR) e o índice de placa de O'Leary são ferramentas importantes nesse processo. O PSR divide as arcadas do paciente em sextantes e registra as áreas mais comprometidas, enquanto o índice de placa de O'Leary avalia a presença de biofilme, incentivando a motivação do paciente para a higienização adequada. É essencial que nenhum procedimento cirúrgico periodontal seja realizado sem alcançar o percentual de até 10% de superfície dentária coberta por placa, conforme indicado pelo índice de O'Leary. Embora seja uma ferramenta eficaz, alcançar essa meta pode ser desafiador, apesar dos esforços de motivação do paciente.

Dentes

No exame clínico dos dentes, é importante verificar a presença de cáries, ausências dentárias, erosões e desgastes. O exame da atividade de cárie envolve a inspeção de cada superfície dentária usando códigos específicos. A superfície dentária é melhor observada quando está seca, e o uso da sonda exploradora deve ser limitado a cavitações e situações de fraturas, soluções de continuidade de restaurações e superfícies proximais, sendo desencorajado para situações de mancha branca. Todos os dados obtidos devem ser registrados no odontograma do prontuário clínico com símbolos padronizados para serem usados durante o planejamento do tratamento e para avaliação futura dos procedimentos realizados. Isso é não apenas uma necessidade legal, mas também permite avaliar a qualidade do trabalho executado e a evolução do estudante em termos de habilidade manual.

Oclusão

Após o exame detalhado do periodonto e das estruturas dentais, é essencial examinar ainter-relação entre os arcos dentários em movimento para alcançar um diagnóstico conclusivo visando ao tratamento reabilitador. A análise da oclusão requer compreensão do inter-relacionamento dentário nos movimentos funcionais e da interação dos relacionamentos oclusais estáticos e dinâmicos, com base nos princípios da oclusão. Para isso, são necessárias ferramentas que orientem a busca por sinais e posterior análise dos sintomas, garantindo uma abordagem completa e precisa no diagnóstico e tratamento odontológico.

Diagnóstico

O diagnóstico em odontologia é um processo analítico no qual o cirurgião-dentista examina um quadro clínico para chegar a uma conclusão sobre a presença de uma doença ou conjunto delas. Este processo envolve a análise de dados provenientes de sinais e sintomas, histórico clínico, exame físico e exames complementares. Com base nessas informações, o profissional sintetiza uma ou mais doenças, o que direciona o planejamento do tratamento e/ou o prognóstico da evolução do quadro clínico. É importante ressaltar que a comunidade científica atualmente valoriza a utilização de instrumentos de diagnóstico que tenham sido validados pelo método científico.

Planejamento de tratamento Odontológico

A elaboração do plano de tratamento é crucial para antecipar o resultado final desejado, exigindo um diagnóstico preciso e conhecimento das alternativas de tratamento e seus prognósticos. Deve-se considerar as condições físicas, emocionais e sociais do paciente, respeitando suas condições sistêmicas e contraindicações. O tratamento proposto deve ser compatível com as limitações sistêmicas do paciente, priorizando sua saúde bucal. A estruturação do plano em etapas facilita a condução das técnicas operatórias e a coordenação entre os profissionais da equipe interdisciplinar, mantendo o foco no controle e na manutenção da saúde bucal. Essas etapas devem ser conduzidas de maneira lógica e eficiente para otimizar o tempo de tratamento, o gerenciamento de materiais e os resultados.

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