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A Obstrução Uretral E Azotemia Em Felino: Relato De Caso

Por:   •  13/12/2023  •  Bibliografia  •  2.084 Palavras (9 Páginas)  •  101 Visualizações

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Obstrução uretral e azotemia em felino: relato de caso

Urethral obstruction and azotemia in felines: case report

Renan Souto Terra1, Thainá Galvão Nunes2, Thales Cateano Provinciali3

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de obstrução uretral em um felino macho, destacando a importância do rápido manejo de desobstrução e suporte terapêutico para reversão de quadro da azotemia intensa. Um felino macho, sem raça definida, 3 anos, castrado, foi atendido na clínica veterinária “Provet Soluções Veterinárias” com inapetência, prostração, hipertermia, desidratação, mucosas hipocoradas e vesícula urinária repleta na palpação abdominal. Foi realizado o hemograma completo e perfil bioquímico (ureia e creatinina), observando-se intensa leucocitose, neutrofilia e monocitose absoluta, aumento nos valores da ureia e creatinina: 650 mg/dL e 13,1 mg/dL, respectivamente. O animal foi sedado com Xilazina 2% associado à Ketamina e realizado o processo de desobstrução uretral com sonda uretral tipo Tom Cat (sem mandril). O animal foi submetido a lavagem vesical BID com 40 ml de soro fisiológico, fluidoterapia intravenosa com cloreto de sódio à 0,9% e administração de dexametasona e enrofloxacina. No quarto dia de internação, a urina se apresentava de forma límpida, clara e sem sinais de infecção. Dessa forma, foi realizado um novo exame bioquímico onde foi constado a normalização nos níveis séricos de ureia e creatinina, no qual o animal recebeu alta médica com prescrição de enrofloxacina por via oral durante 3 dias.  É importante o diagnóstico de obstrução uretral e uso da fluidoterapia em casos de azotemia, para se evitar uma possível patologia renal.

Palavras- chave: uremia, creatinina, fluidoterapia, cateterismo uretral.

Summary: This paper objective to report a case of urethral obstruction in a male feline, highlighting the importance of rapid clearance management and therapeutic support for reversing the severe azotemia condition. A 3-year-old castrated, mixed-breed male feline was seen at the veterinary clinic “Provet Soluções Veterinárias” with inappetence, prostration, hyperthermia, dehydration, pale mucous membranes and full urinary vesicle on abdominal palpation. A complete blood count and biochemical profile (urea and creatinine) were performed, observing intense leukocytosis, neutrophilia and absolute monocytosis, an increase in urea and creatinine values: 650 mg/dL and 13.1 mg/dL, respectively. The animal was sedated with 2% Xylazine associated with Ketamine and the urethral clearance process was performed with a Tom Cat urethral probe (without a mandrel). The animal was submitted to BID bladder lavage with 40 ml of saline solution, intravenous fluid therapy with sodium chloride at 0.9% and administration of dexamethasone and enrofloxacin. On the fourth day of hospitalization, the urine was clear, clear and without signs of infection. Thus, a new biochemical test was performed, which confirmed the normalization of serum levels of urea and creatinine, in which the animal was discharged with a prescription of oral enrofloxacin for 3 days. It is important to diagnose urethral obstruction and use fluid therapy in cases of azotemia, to avoid possible renal pathology.

Keywords: uremia, creatinine, fluid therapy, urethral catheterization

  1. INTRODUÇÃO

A obstrução uretral e a uremia recebem as maiores atenções dentre as complicações oriundas de afecções urinárias do trato inferior dos felinos, podendo levar o paciente ao óbito (WESTROPP et al., 2005). A obstrução física da uretra pode ser ocasionada por causa idiopática (53%), urólitos (29%), “plugs” uretrais (18%), neoplasias ou espasmos uretrais (GEORGE; GRAUER; 2016).  Em razão do ph da urina e a baixa ingestão de água, felinos são mais predispostos à formação de urólitos, sendo que majoritariamente lembram “areia”, devido ao tamanho pequeno. Estes animais urinam em média uma vez por dia, devido ao volume urinário reduzido (MONFERDINI; OLIVEIRA, 2009).

Os machos são mais propensos a quadros de obstrução devido à anatomia da uretra, por ser mais estreita e ter maior comprimento do que das fêmeas. A obesidade, a falta de atividade física e estresse são fatores predisponentes para evolução de quadro obstrutivo (CAMERON et al., 2004).

A manifestação clínica depende da duração da afecção e do grau de obstrução. O tutor geralmente relata que o animal não consegue urinar de maneira adequada, apesar da tentativa de micção. Alterações sistêmicas e sinais de azotemia pós-renal podem surgir em quadros obstrutivos não solucionados entre 36-48 horas (GRAUER, 2010). Os sinais clínicos mais comuns são: gotejamento da urina, lambedura excessiva do pênis, pênis edemaciado, vômitos, anorexia, miados em excesso, letargia, prostração, entre outros A vesícula urinária repleta e dura é observada durante a palpação abdominal no exame clínico (GEORGE; GRAUER, 2016).

Para Neri e colaboradores (2016), os efeitos sistêmicos ocasionados pela azotemia pós-renal e os desequilíbrios hidroeletrolíticos são fatores prejudiciais da afecção, gerando uma letalidade de 8,5%. Entretanto, o precoce diagnóstico e a intervenção adequada no reestabelecimento do fluxo urinário e homeostase sanguínea permite que o distúrbio seja reversível, e em muitos casos, sem sequelas ao paciente.

O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de obstrução uretral em um felino macho, destacando a importância do rápido manejo de desobstrução e suporte terapêutico para reversão da azotemia intensa.

  1. Relato do Caso

Felino, macho, sem raça definida (SRD), 3 anos, castrado, deu entrada na clínica veterinária “Provet Soluções Veterinárias”, em Niterói-RJ no dia 23 de setembro de 2020. No exame físico foi constatada inapetência, prostração, hipertermia, desidratação, mucosas hipocoradas e vesícula urinária repleta na palpação abdominal. Segundo o tutor, o animal vive dentro de casa, juntamente com outros 5 felinos, se alimenta de ração seca, água disponibilizada em potes e uso de bandeja sanitária. Na anamnese foi relatado como principais queixas apatia, anorexia, disúria há cerca de dois dias, sendo indicativo de um quadro de obstrução uretral.

Desta forma, foi conduzido o Hemograma completo e perfil bioquímico (ureia e creatinina). Na avaliação foi observada intensa leucocitose, neutrofilia e monocitose absoluta, aumento nos valores da ureia e creatinina: 650 mg/dL e 13,1 mg/dL, respectivamente.

Nesse sentido, a primeira conduta terapêutica foi a fluidoterapia com solução fisiológica de Cloreto de Sódio a 0,9% (2,2 ml/kg/h, IV). Para realizar a desobstrução uretral, o animal foi sedado com Xilazina 2% na dose de 1mg/kg associado à Ketamina 2 mg/kg. Posteriormente, massagem uretral distal, suave palpação da bexiga para eliminação de conteúdo urinário, no qual não se obteve sucesso.  Foi introduzida a sonda uretral tipo Tom Cat (sem mandril) no lúmen uretral até alcançar a oclusão (Figura 1). Após, foi realizado o processo de lavagem vesical com solução salina estéril (Figura 2), com intuito de minimizar o risco de recorrência precoce de obstrução uretral.

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