HEMANGIOMA EM CÃO FILHOTE: RELATO DE CASO
Por: Marcellebandeira • 17/5/2015 • Artigo • 1.296 Palavras (6 Páginas) • 1.595 Visualizações
HEMANGIOMA EM CÃO FILHOTE: RELATO DE CASO
MARCELLE LOURENÇO BANDEIRA[1]; MÁRCIO DE CASTRO MENEZES[2]; RODRIGO SUPRANZETTI DE REZENDE[3]; PEDRO CARLOS LUCAS DE OLIVEIRA3; ALESSANDRA APARECIDA MEDEIROS3; GISELE FABRÍCIA MARTINS DOS REIS2
ABSTRACT: BANDEIRA, M.L.; REZENDE, R.S.; MENEZES, M.C.; OLIVEIRA, P.C.L.; MEDEIROS, A.A.; REIS, G.F.M. Hemangioma in a puppy: Case Report. The report describes a case of a six months-old female Pit Bull, admitted in the Hospital Veterinarian of Uberaba, presenting hiporexia, hipodipsia, vomit, pale mucosae, prostration, dehydration and dyspnea. It was noticed in the laboratorial examination, intense regenerative normochromic anaemia macrocytic, hipoproteinemy, leukocytosis, neutrophily, lymphopenia and eosinopenia. In the radiological examination suggestive image of toracic effusion was observed whose hemotorax was confirmed by toracocentese. The animal was interned for treatment and accomplishment of blood transfusion, presenting improvement of the clinical sign. However, in the following day, the animal presented an intense dyspnea and died. Necropsy was made and the macrocospic findings had been: presence of mass colored of approximately 12 centimeters of length, occupying the final site of the trachea until hiding the heart, adhered to the pericardi. The histotological examination revealed the presence of vascular confusions between neoformados capillaries and cells was observed thus that the wall of the same ones with accumulations of hemaces for the field composes all, concluding itself, that hemangioma was about one. To the authors’ knowledge, this is a rare case of hemangioma in dog with this age and in this site.
KEY WORDS: Hemangioma, lung, dog.
INTRODUÇÃO
Hemangioma é um tumor vascular benigno, que geralmente acomete cães idosos com mais de dez anos de idade e sem predileção sexual1, porém com algumas predileções raciais tais como: Boxer, Golden Retriever, Pastor Alemão, Whippet, Dálmata, Beagle, Pit Bull, Basset Hound, Pointer Inglês entre outras. Os hemangiomas são incomuns em algumas espécies como os cães a raros em outras como os gatos, emergindo das células endoteliais dos vasos sangüíneos. A causa é desconhecida, entretanto, partículas virais tipo “C” foram encontradas em células de um hemangioma subcutâneo em um gato2. Há evidências que estes tumores podem ser causados por exposição crônica à radiação solar, pois ocorrem mais freqüentemente em pele clara e em raças de pêlo curto1,3. Os hemangiomas são geralmente massas solitárias, bem circunscritas, firmes e flutuantes, arredondadas, azuladas a vermelho-escuro, com 0,5 a 4 cm de diâmetro e de localização dérmica e subcutânea, com crescimento lento, sendo tratados por completa excisão cirúrgica, não havendo recidivas2,4. Histologicamente, a proliferação vascular tem uma configuração lobular e os espaços vasculares são repletos de sangue, delineados por camadas simples de células endoteliais bem diferenciadas2,5. São subclassificados como capilares (que aparecem mais superficialmente na derme) ou como cavernosos (localizando-se mais profundamente na derme e subcutâneo)6,2. Em relação aos distúrbios de hemostasia, observa-se hemorragia diretamente do tumor, podendo levar a uma anemia, trombocitopenia, hipofibrinogenemia e achados associados à coagulação intravascular disseminada7.
RELATO DE CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário de Uberaba, um animal da espécie canina, sem raça definida, fêmea, de seis meses de idade, apresentando prostração, hiporexia, hipodipsia e dificuldade na respiração. Sem vacinação, vermifugação e controle contra ectoparasitas adequados, a habitação era em quintal cimentado onde havia relato de presença de rato. Ao exame físico, foram observadas mucosas hipocoradas, desidratação acentuada, bom estado nutricional, dispnéia e auscultação pulmonar diminuída. Demais parâmetros clínicos dentro da normalidade. Assim, foi solicitado internação do animal, com realização de hemograma e exame radiológico do tórax. Após a punção venosa na veia jugular, notou-se sangramento intenso com demora na hemostasia. No protocolo de internação optou-se por um tratamento inicial de suporte com protetor gástrico, antiemético, antibioticoterapia de amplo espectro e reposição hidro-eletrolítica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No exame radiológico do tórax, notou-se uma imagem radiopaca difusa sugestiva de efusão, sendo assim realizada uma toracocentese no sétimo espaço intercostal, onde observou-se presença de sangue. No exame laboratorial, a série vermelha apresentou intensa anemia responsiva do tipo macrocítica normocrômica, com 3% de eritroblastos, contagem de plaquetas dentro da faixa de normalidade além de hipoproteinemia. Essas alterações no eritrograma condizem com uma perda aguda de sangue, como foi observado no diagnóstico do hemotórax. Apesar de não ter sido avaliado laboratorialmente nenhuma via da cascata de coagulação, alguns autores7 citam os distúrbios de hemostasia como uma das possíveis alterações presentes no hemangioma, podendo haver hemorragia diretamente do tumor. No animal em questão, provavelmente havia algum distúrbio hemostático devido à hemorragia torácica encontrada sem histórico de traumatismos e a grande demora na coagulação sanguínea após punção venosa, mesmo não apresentando alterações nos valores plaquetários. No leucograma observou-se uma leucocitose com neutrofilia, sugerindo um processo inflamatório e/ou infeccioso instalado, linfopenia e eosinopenia. Apesar da etiologia do hemangioma não estar bem esclarecida, alguns autores2 descreveram a presença de partículas virais em células de um hemangioma subcutâneo em um gato. Assim, a linfopenia apresentada pelo animal pode sugerir uma causa neoplásica viral. Entretanto, por ser a neoplasia uma doença debilitante, não podemos descartar uma causa viral secundária comum em cães nessa faixa etária sem devida vacinação. Como o animal apresentou melhora do quadro clínico respiratório após punção, não optou-se pela drenagem total do hemotórax, realizando uma avaliação clínica periódica da evolução do quadro. Apesar da anemia regenerativa, foi realizado transfusão sangüínea devido ao baixo volume globular apresentado (13%) e pela presença de sangue na cavidade torácica. Após 12 horas de tratamento suporte associada com oxigenoterapia, o animal estava alerta, apresentando melhora do quadro clínico. Porém, após 24 horas, voltou a apresentar intensa dispnéia e veio a óbito. A necropsia foi então realizada e os achados macroscópicos foram: presença de massa avermelhada de aproximadamente 12 centímetros de comprimento, ocupando do terço final da traquéia até o coração, aderido ao saco pericárdico. Ao corte apresentava conteúdo friável, sendo possível visualizar uma cápsula envolvendo a massa. No exame histopatológico, observou-se presença de emaranhados vasculares entre capilares neoformados e células que compõe a parede dos mesmos com acúmulos de hemáceas por todo o campo, concluindo-se assim, que se tratava de um hemangioma. Apesar de haver predisposição da raça Pit Bull para o aparecimento desse tipo de tumor, a importância do relato se faz pela rara localização neoplásica bem como a idade de seu aparecimento, já que de acordo com alguns autores, a ocorrência do hemangioma se dá, na maioria das vezes, em animais com mais de dez anos de idade localizado-se principalmente no tecido tegumentar1,2,4. Entretanto, já foram relatados hemangioendotelioma epitelioide em pulmão de cão de nove anos de idade8 e hemangioma na língua de um filhote de sete meses de idade9. Assim, as causas neoplásicas, apesar de raras, deverão estar incluídas no diagnóstico diferencial de efusões torácicas em cães filhotes, buscando diferenciá-las de outras patologias mais comuns que os acometem nessa faixa etária tais como ehrlichiose, cinomose, penumonias, intoxicações, parasitoses e as causas traumáticas.
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