A Construção Enxuta

RESUMO

O trabalho em questão tem como objetivo estabelecer uma análise associada aos impactos oriundos da aplicação dos conceitos da produção enxuta no âmbito da construção civil. Dessa forma, serão abordadas uma série de práticas que compõem esse modelo de produção e que pode facilmente ser aplicado na construção civil, que é caracterizada por apresentar uma gama de problemas que pode ser sucumbidos por resultados a partir da implementação de tal modelo no setor. Sendo assim, primeiramente será apresentado uma contextualização do tema e posteriormente será feita uma revisão dos temas relativos as características da produção enxuta e da construção civil brasileira. A partir de tais informações, será feira uma análise de como as práticas desse modelo produtivo podem ser incorporadas na construção civil brasileira abortando seus respectivos impactos, sejam eles benefícios ou malefícios.  

PALAVRAS-CHAVE: construção enxuta; lean construction; construção civil brasileira;

INTRODUÇÃO

A construção civil é um importante setor da economia de qualquer país. Sua abrangência econômica tem impactos na geração de renda e postos de trabalho direto e indiretamente. Segundo o IPEA a construção civil corresponde a cerca de 5% do PIB (variando esse número dentro de uma margem, o que é devido a atividade econômica geral, sendo esse dado do ano de 2012). Do ponto de vista dos investimentos, esse setor corresponde a cerca de 20% da formação bruta de capital (2012) e do ponto de vista do trabalho, segundo o IBGE, o setor de construção civil representa 7,8% do total de trabalhadores no país, englobando aproximadamente a marca de 6,8 milhões de pessoas (2009).

As ramificações da construção civil na economia são vastas, na medida que a realização de uma obra envolve uma quantidade grande de insumos diferentes, implicando em efeitos multiplicadores por toda extensão das cadeias de valor. Segundo Amorim (1995) e Mello (2007), um dos aspectos relevante da construção civil é a sua heterogeneidade, pois comporta diferentes serviços, com atividades tecnológicas variadas, atendendo a diferentes tipos de demanda.

Contudo, a construção civil ainda apresenta alguns problemas crônicos. Boa parte das empresas ainda apresentam técnicas construtivas artesanais, com intensivo uso de mão de obra muitas vezes pouco qualificadas. Além disso, os desperdícios gerados nas obras tem grande impacto orçamentário, aumentando as despesas e diminuindo a lucratividade. Segundo Isatto et al. (2000), a principal causa da baixa produtividade no setor da construção civil está diretamente relacionada as deficiências no planejamento e controle. Nesse contexto, as teorias relacionadas a gestão da produção podem ser especialmente úteis.

Nos últimos 50 anos as teorias relacionadas a gestão, organização, planejamento e controle da produção evoluíram bastante. Nesse sentido, uma teoria com grande destaque nos sistemas produtivos é a produção enxuta (Lean manufacturing), surgida no pós guerra no Japão foi um método de produção flexível que rompeu com as lógicas de produção em massa vigentes até então. Sua fundamentação consistia na racionalização da produção por meio da redução de desperdícios e na melhora dos métodos produtivos.

A partir desses conceitos produtivos, o finlandês Koskela, apresentou estudos empregando e adaptando as técnicas da produção enxuta no contexto da construção civil. Tal teoria foi então denominada Lean Construction (construção enxuta) e visava suprir a baixa eficiência e alcançar melhores níveis de gestão produtiva.  

TEXTO

1. O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A indústria da construção civil é conhecida por ser um setor com bastante atraso no que tange as práticas e técnicas de gestão além dos aspectos ligados aos processos produtivos. Segunda a literatura, a geração de desperdícios é algo muito relevante no contexto das obras. A construção civil apresenta características peculiares quando comparadas a outras indústrias e formas de produção. Elas podem ser apontadas a seguir

Em primeiro lugar apresenta-se uma característica de ser nômade, na qual a estrutura de produção é transferida de obra para obra. Ou seja, o sistema produtivo é itinerante, e conforme a conclusão de alguma obra os equipamentos são transferidos para a próxima obra.

        No que tange o produto, normalmente ele é único, apresentando um elevado número de insumos, materiais e componentes. Além disso, tradicionalismo é uma importante marca, na medida que o setor é muito resistente a mudanças, conservando métodos e processos antigos. Essa questão muitas vezes aumenta a distância em relação a novas práticas e tecnologias, colaborando na manutenção desse atraso.

        No âmbito da mão de obra existem inúmeros problemas. A baixa qualificação associada as limitadas perspectivas profissionais, alto grau de rotatividade e terceirizações, acarreta um cenário com baixa motivação para alta qualidade e produtividade dos trabalhadores. Mesmo esse setor absorver altamente a mão de obra, grande parte desse número está relacionado a pequenas e médias empresas, normalmente de frágil organização.

        O complexo processo produtivo que envolve uma obra traz consigo inúmeros atores, sendo eles chamados de intervenientes, algo completamente diferente da maioria das indústrias. Os intervenientes são pessoas que desempenham uma responsabilidade, muitas vezes os intervenientes participam de muitos setores com diferentes funções, gerando zonas de vulnerabilidade para obra (Mesenguer, 1991). Os principais intervenientes são: o promotor da obra, o projetista, os fabricantes de materiais, o construtor, o empreiteiro, a empresa de gerenciamento, o proprietário, dentre outros.

        Uma das características da indústria da construção civil é ser bastante heterogênea. As empresas que nela estão presentes podem ser classificadas segundo os bens que ofertam, existindo três subcategorias: construções de edifícios, construções de engenharia e construções industriais, ou segundo a atuação no mercado, sendo ou formal ou informal.

        No que tange os aspectos relacionados a gestão, a construção civil apresenta particularidades que a diferem dos processos de manufatura.