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Por:   •  2/12/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.038 Palavras (17 Páginas)  •  144 Visualizações

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DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO: UM ESTUDO DE CASO NO VALE DO SÃO FRANCISCO

1 Introdução

O agronegócio brasileiro representa um setor muito significativo na economia do país e a grande maioria dos pequenos municípios brasileiros tem sua principal atividade econômica baseada nessa atividade.

De forma resumida, o agronegócio corresponde ao englobamento de diversas atividades produtivas que estão diretamente ligadas à produção e subprodução de produtos derivados da agricultura e pecuária.

Neste cenário, surge a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco - VSF, uma das atividades mais importantes da região Nordeste do país. Sua introdução no cenário nordestino começou a partir da década de 1960, através do incentivo de projetos de irrigação financiados pelo governo federal e também estadual, de forma a tornar viável a economia na região do semiárido.

A região do VSF compreende quatro regiões fisiográficas: Alto São Francisco, em MG, Médio São Francisco, abrangendo MG e BA, Submédio São Francisco, abrangendo BA e PE e o Baixo São Francisco, que abrange Pernambuco, Sergipe e Alagoas (BATALHA, 2007).

O Vale se desenvolveu e se tornou um importante polo de produção de frutas destinados ao mercado externo e interno. Atualmente, a região é responsável pela produção de diversas frutas tropicais, com destaque para: banana, goiaba, coco seco, coco verde, uva, manga, entre outras.

Alguns fatores podem ser listados como contribuintes a potencialidade deste setor na região, tais como: o clima seco, os altos índices de insolação durante grande parte do ano associados às técnicas de irrigação favorecem a obtenção de ciclos constantes de produção, colheitas em qualquer época do ano e produtividade acima da média nacional.

Porém, o polo ainda enfrenta limitações de comercialização interna e externa que precisam ser superadas para assegurar a sustentabilidade competitiva do Vale na produção de frutas. Considerando alguns fatores denominados inadequados e/ou insuficientes para comercialização dos produtos, como mão-de-obra pouca qualificada, proteção e conservação das frutas no transporte de longa distância, dentre outros.

Este trabalho tem por objetivo identificar e relacionar os fatores positivos ligados a potencialidade do setor de agronegócio na região do Vale do São Francisco, assim como os pontos fracos ligados aos desafios que a região tende a enfrentar.

No caso específico da pesquisa, optou-se pelo estudo de caso uma vez que a organização do agronegócio é um fenômeno contemporâneo que envolve complexas relações entre empresas e seu meio. O método utilizado na elaboração do trabalho compreende na pesquisa documental e análise bibliográfica sobre tais fatores, além de aplicação de questionários direcionados a produtores do Vale, com intuito de listar os principais pontos relacionados à produção agrícola.

2 Abordagem Teórica

O surgimento do agronegócio, a nível mundial, está relacionado diretamente com o processo de intensificação da atividade da indústria, seja pela evolução de bens de capital e insumos agrícolas, seja pelo deslocamento das massas de trabalhadores do meio rural para o meio urbano.

Assim sendo, a dinâmica da formação do agronegócio foi realizada a partir do processo de modernização da agricultura considerada, pela literatura, como conservadora, ou seja, caracterizada por inovar as condições de produção realizadas nas grandes propriedades, porém, mantendo a estrutura fundiária concentrada.

No que se refere às perspectivas do agronegócio, no caso brasileiro, trata-se de uma atividade próspera, segura e rentável, pois o cenário atual mostra que o Brasil será o maior país agrícola do mundo dentro de dez anos (BORGES, 2011).

Nesse contexto, é de fundamental importância entender e observar o agronegócio como um sistema integrado, onde todos os seus componentes são importantes, implicando na ideia de cadeia produtiva, com seus elos interligados e totalmente interdependentes, onde, segundo Araújo (2009), somente vendo o agronegócio como um sistema integrado e interdependente é possível alcançar a máxima eficiência.

Observando os aspectos associados à visão integrada sobre o ambiente agroindustrial, os autores Batalha e Silva (2001) afirmam que há divergências sobre a nomenclatura apropriada para representar cada um dos segmentos nos quais ele tem sido estudado, considerando as seguintes expressões: Sistema agroindustrial (SAI), complexo agroindustrial e cadeia de produção agroindustrial.

De acordo com Callado (2011), sistema agroindustrial (SAI) é todo conjunto de atividades que concorrem para a produção de insumos até a obtenção do produto final. Complexo agroindustrial é definido pelo autor como sendo um arranjo produtivo que surge a partir de uma determinada matéria prima, tomando diferentes processos industriais, de beneficiamento e comerciais alternativos até se transformar em produtos finais. Logo, o mesmo classifica o termo cadeia de produção agroindustrial como um arranjo produtivo que, diferentemente de um complexo agroindustrial, possui um produto como referência base para identificar os inúmeros encadeamentos existentes entre agentes econômicos responsáveis pelas operações técnicas, comerciais e logísticas.

Ainda segundo Callado, apesar das expressões abordarem o mesmo objeto, elas consideram distintos níveis estruturais do meio rural contemporâneo. Os sistemas agroindustriais representam uma compreensão que abrange todos os fatores que atuam no contexto agroindustrial. Sua dinâmica precisa ser compreendida e ordenada para que possa beneficiar todos os sujeitos envolvidos.

Na década de 1960, conota-se na França, o conceito de “filière” (cadeia) aplicado ao agronegócio. Em 1985, Morvan definiu filière como: “uma sequência de operações que conduzem à produção de bens, cuja articulação é amplamente influenciada pelas possibilidades tecnológicas e definida pelas estratégias dos agentes.

Megido e Xavier (1995) abordam a noção mais divulgada de cadeia produtiva agroindustrial, que se apresenta subdividida em três segmentos:

  • Antes da porteira: composto pelos agentes que providenciam insumos e serviços, tais como: máquinas e equipamentos, defensivos agrícolas, fertilizantes, sementes, tecnologias e financiamento;
  • Dentro da porteira: formado por atividades desenvolvidas dentro das organizações agroindustriais, ou seja, a produção agropecuária propriamente dita, envolvendo preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheita, dentre outras ações;
  • Pós-porteira: Associa-se às atividades de armazenamento, beneficiamento, industrialização, embalagens, comercialização, distribuição e consumo.

Para Callado (2011), o mais importante no estudo de uma cadeia produtiva é a compreensão das funções e inter-relações entre os diversos segmentos e agentes que a compõem. Onde, compreendido o funcionamento da mesma, há maior chance de êxito nas ações, atuações e intervenções dos agentes que a compõem. Além disso, o entendimento das integrações entre cadeias produtivas e suas interações também devem ser consideradas de fundamental importância.

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