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O Recalque diferencial em edificações com paredes de divisa

Por:   •  12/11/2017  •  Artigo  •  2.732 Palavras (11 Páginas)  •  429 Visualizações

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Recalque diferencial em construções vizinhas que utilizam paredes de divisas

Paulo Sérgio Benevenutti - e-mail: engenharia@noprumoengenharia.com.br

Auditoria, Avaliações e Perícias na Engenharia

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Joinville, SC, 10, junho de 2017

Resumo

Com o expressivo crescimento no número de construções do tipo geminadas, estas em sua grande maioria são edificadas utilizando-se das divisas para ter um maior aproveitamento da construção no mesmo lote, grande parte delas são obras executadas por pequenos construtores. Quase em sua totalidade não são observadas algumas condições importantes antes de se iniciar ou de se definir qual o tipo de fundação correta para cada projeto, é comum por parte destes construtores a não observância da norma de fundações que trata de alguns pontos importantes, principalmente em obras que utilizam paredes de divisas, não são observadas as construções vizinhas existentes e não são realizados análises do solo. São executadas fundações rasas sem que sejam observadas as normas, a probabilidade da ocorrência de recalque diferencial nestes empreendimentos que utilizam as paredes de divisas é muito grande.  Objetivo principal deste artigo é apresentar um caso prático, onde foram realizadas construções utilizando-se das paredes de divisas com a não observância das edificações vizinhas e também sem a aplicação da NBR 6122-2010 (Projeto e execução de fundações), e com consequência o surgimento de recalques diferenciais. Com as devidas analises qualitativa, conclui-se que houve falhas no projeto, pois não foram seguidas as instruções constantes na NBR 6122-2010.

Palavras-chave: Recalque. Diferencial. Fundações.

  1. Introdução

Este artigo é baseado em um caso real, na cidade de Joinville, trata-se sobre residências unifamiliares utilizando-se de paredes de divisa. Com o grande crescimento da construção civil na ultima década, varias pessoas físicas e/ou jurídicas também começaram a empreender e aplicar seus recursos neste seguimento. Houve uma grande tendência de empreendimentos residências geminados, na sua grande maioria utilizando-se de paredes de divisas do terreno.  Grandes partes destas obras foram executadas sem controle algum, apenas pelo empreiteiro e ou pedreiro, na grande maioria destas obras a presença do responsável técnico é praticamente nula. É comum em obras deste tipo em que o proprietário não toma conhecimento a respeito do tipo de fundação que é ou foi realizada em seu empreendimento, pois seu papel é de somente prover recursos e cobrar prazos da sua conclusão.  Com a falta de controle deixam-se de lado pontos importantes, pois a capacidade de uma fundação continuar desempenhando sua função de transferir cargas de uma estrutura ao solo pode ser comprometida por diversos fatores ao longo do tempo. Os problemas advindos do projeto, da execução ou da utilização de uma estrutura, assim como a falta de estudos detalhados do solo local, são determinantes ao surgimento de patologias. Problemas estes muitas vezes identificados de forma equivocada, ou mesmo atribuídas outras causas que deram origem às patologias apresentadas que não os provenientes das fundações. As patologias decorrentes dos recalques diferenciais comprometem não somente a segurança da estrutura como também podem resultar em demandas judiciais entre construtores e proprietários. Envolvendo inclusive vizinhos, por uma fundação possivelmente interferir na construção próxima. Portanto, a área da engenharia civil com ênfase na perícia vem ganhando força e é de grande importância, seja na esfera extrajudicial, através de vistorias cautelares, como na esfera judicial, onde se faz necessária a perícia de um profissional da área de engenharia civil para auxiliar os juízes em suas decisões.

  1. Investigação Geotécnica Preliminar

Segundo a norma ABNT NBR (6122/2010), especifica que: “Para qualquer edificação deve ser feita uma investigação geotécnica preliminar, constituída no mínimo por sondagens a percussão (com SPT – standard penetration test) e, em função dos resultados obtidos, pode ser necessária uma investigação complementar”. Deverão ser consideradas ações excepcionais, em função da finalidade da obra previamente conhecidas, dentre elas as alterações no estado de tensões nos solos causadas por proximidades de obras vizinhas. A sondagem permite conhecer o tipo de solo através da retirada de uma amostra deformada a cada metro perfurado, a resistência oferecida pelo solo e a posição do nível d’água. No Brasil, o ensaio é regulamentado pela norma ABNT NBR 6484/2001, auxiliada pela norma ABNT NBR 8036/1983, que determina:

[pic 1]

Em todos os casos, deve ser respeitado o número mínimo de:

  • Duas sondagens para área de projeção em planta de até 200 m²;
  • Três sondagens para área de projeção em planta entre 200 m² e 400 m²;

A distância entre os furos pode variar conforme o tipo de obra.

  1. Fundações

Fundações são os elementos responsáveis pela transmissão da carga da estrutura para o solo. Em nossa cidade de Joinville localizada no estado de Santa Catarina, as duas técnicas mais utilizadas são as de fundações superficiais com sapatas isoladas e/ou de divisas e ainda as fundações profundas, utilizando-se na sua grande maioria dos casos de estacas de concreto pré-moldado e/ou hélice continua.

Sapata isolada é utilizada quando as cargas transmitidas pela estrutura são pontuais ou concentradas, como as cargas de pilares. As dimensões da sapata isolada são determinadas pelas cargas aplicadas e pela resistência do solo, de forma que as tensões no solo sejam no máximo iguais à sua tensão admissível (taxa do solo) (REBELLO, 2008).

[pic 2]

Figura 1: Sapata isolada

Fonte: Adaptado (BOTELHO e CARVALHO, 2007)

Sapata de divisa é quando o pilar se encontra na divisa da construção, seja com terreno vizinho ou com área pública, não se pode avançar com a fundação além da divisa. Nesse caso, o centro de gravidade da sapata não irá coincidir mais com a carga aplicada pelo pilar, pois a sapata teve que ser deslocada para não invadir o terreno vizinho, ocasionando em uma excentricidade da carga. A viga alavanca é uma viga que liga o pilar da divisa a um pilar próximo. A carga excêntrica do pilar é transmitida através da viga alavanca até o centro de gravidade da sapata, equilibrando o sistema.

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