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A Resenha Crítica - Necropolítica

Por:   •  21/10/2021  •  Resenha  •  804 Palavras (4 Páginas)  •  306 Visualizações

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Aluno: Rafael Brito Casagrande

Matrícula: 220215707

Matéria: ADM 218

Turma: T01

O ensaio Necropolítica de Achille Mbembe, apresenta uma reflexão profunda a respeito do conceito de necropolítica efetuada pelo Estado como “o poder e a capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer”. Desse modo, compreende-se que violência está claramente ligada à estrutura que organiza as relações sociais, reproduzindo-se no cotidiano dos diversos grupos e, especificamente, no cotidiano da população negra. O autor, Achille Mbembe, é Professor de História e Ciência Política nas Universidades de Witwatersrand em Joanesburgo e Duke University nos Estados Unidos, exerce também a função de diretor de Pesquisa Social e Econômica no Instituto Witwatersrand, em Joanesburgo. Achille Mbembe demonstra neste ensaio que os efeitos da escravidão e o colonialismo continuam sendo vistos hoje nos países periféricos e traz em sua literatura o conceito de “necropolítica”, como uma ferramenta teórica de compreensão da ação política contemporânea. De acordo com Mbembe, o racismo se constitui enquanto elemento de controle e dominação nas relações de poder e desenvolve o entendimento do conceito por meio de suas leituras em Michel Foucault e Giorgio Agamben.

Mbembe inicia o seu percurso teórico apresentando os impactos do colonialismo e do sistema escravocrata para a emergência de desigualdades e violências diversas contra a população negra, tanto os homens quanto as mulheres estavam igualmente expostos ao trabalho pesado, castigos e opressão. Ao discutir sobre o processo de colonização, o autor defende que a sociedade era marcada por hierarquias, e que toda forma de violência e segregação vivida pela população negra anteriormente serviu para legitimar o sistema capitalista vigente. Por isso, Mbembe desenvolve seu trabalho, no sentido de pensar e esclarecer essa relação entre a soberania e a violência.  Mbembe atribui que o objetivo central da soberania é a “instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos humanos e populações”. Nesse contexto, ressalta que na fase colonialista a população negra era vista enquanto mercadoria e estava submetida a toda a forma de submissão e violência. Mbembe, apresenta reflexões teóricas afirmadas em Michel Foucault, para explicar o período colonial como o primeiro experimento biopolítico da modernidade.

Dessa maneira, o fenômeno da colonização é utilizado para evidenciar a projeção do poder sobre a vida e ao mencionar o processo de violência vivido pelo povo negro durante essa quadra histórica, o autor mostra a extensão dessas desigualdades na formação dos Estados nacionais. Mbembe dialoga com o filósofo italiano Giorgio Agamben no que se refere a categoria Estado de exceção, para explicar as formas repressivas desenvolvidas pela política ocidental. Para Mbembe, essas práticas sociais sustentam as hierarquias raciais e nesse processo, as ações empreendidas pelo Estado em nome da “segurança” revelam outras violações de direitos. É nesse sentido que a investigação de Mbembe faz referência ao conceito de Necropolítica. Para o autor, é a partir do racismo que se desenvolve o poder de ditar quem deve viver e quem deve morrer, numa política de Estado que se pauta em um exercício contínuo de letalidade.

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