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O Livro Docker

Por:   •  21/9/2021  •  Projeto de pesquisa  •  2.646 Palavras (11 Páginas)  •  103 Visualizações

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Esse é um resumo Casa Tomada, um conto do escritor argentino Júlio Cortázar. Foi publicado pela primeira vez por outro grande escritor do seu país, Jorge Luís Borges, na revista “Anales de Buenos Aires”. O conto fez parte do volume “Bestiario”, que foi publicado no ano de 1951

A história foi redigida no melhor estilo cortaziano, cuja especialidade era a narrativa fantástica. Ela se inicia com tons realistas, mas, conforme a leitura progride, o leitor percebe que Cortázar introduziu, paulatinamente, elementos irreais. As leis naturais são distorcidas completamente quando o conto atinge o clímax. Apesar disso, para escrever a história, o autor utilizou a vida real como base.

A casa retratada na narrativa foi inspirada em uma residência da cidade de Chivilcoy, que está em pé ainda hoje, sobre as chamadas Suipacha y Necochea. O conto relata como dois irmãos acabaram sendo expulsos de sua própria casa por algo misterioso, que jamais descobriram o que era. Esse estranho ser vai se apoderando aos poucos do imóvel, até que o tome por completo. Leia agora o resumo Casa Tomada.

O conto

O protagonista narra à história dele e de sua irmã, a coadjuvante Irene, que viveram em uma casa colonial bastante antiga. Durante toda a vida eles permaneceram na residência, cuidando dela e a mantendo. Eles nem mesmo se casaram, pois tinham o pretexto de zelar pelo patrimônio. O amor pela casa era tão grande que lhes perturbava a ideia de que, quando morressem, algum primo distante vendesse a casa.

Cortázar faz uma descrição detalhada do imóvel, e, de maneira meticulosa, relata os costumes dos habitantes. Aos poucos passamos a entender o problema da residência. Os irmãos começam a ouvir estranhos ruídos, uma espécie de sussurro que toma conta dos lugares. Eles começam, então, a abandonar as partes da casa que são tomadas por esse bizarro intruso.

A princípio, o protagonista e Irene resistem a abandonar o imóvel. Eles se limitam a lamentar pelas partes da casa que foram tomadas pelo estranho ser. No entanto, eles não resistem aos ataques do intruso – ou dos intrusos – e acabam abandonando a casa quando este a toma por completo. Como não havia mais nada para fazer, os irmãos decidem abandonar a casa. Vamos ver agora, no resumo Casa Tomada, as características principais do conto.

Aspectos da narrativa

O personagem principal e sua irmã gostam muito da casa por ela ser antiga e muito espaçosa. Ademais, ela guarda muitas memórias da sua família. O narrador é um homem culto, apaixonado pela literatura francesa. Sua irmã é tranquila e simples, e passa o dia a tricotar.

Os irmãos não trabalham fora, e colaboram nas tarefas de casa. Provavelmente, possuem campos agrícolas com trabalhadores, do qual lhes chega dinheiro para viverem. Também vivem sós, acompanhados apenas da coisa que se apoderou do imóvel. É interessante o fato de que eles não evoluem ao longo do texto em termos de caráter. Vivem de maneira apática, sempre se comportando de modo igual e seguindo a rotina do dia a dia. Parece que estão completamente alheios ao que está acontecendo.

Quando decidem abandonar o imóvel, as únicas coisas que levam consigo é um relógio e a chave da casa. Cortázar jamais deixa claro qual é a natureza dos invasores. No entanto, o leitor pode ficar impressionado com a atitude dos personagens diante do que está acontecendo. Eles abandonam a tão amada residência com facilidade. A casa que os mantinha unidos, à qual se dedicaram tanto tempo, é abandonada sem ao menos terem lutado por ela.

Cortázar quase não dá qualquer referência geográfica ou temporal. Sabemos apenas que a residência está localizada na Argentina. Em relação ao tempo histórico, a única vez que o narrador se refere a uma data é quando afirma que desde 1939 não lhe chega nada valioso. E que, por viver no seu país, não pode adquirir as novidades da literatura francesa, a qual tanto aprecia.

A monótona rotina dos personagens é quebrada com o aparecimento dos “sussurros”. Conforme o murmúrio estranho se intensifica, ao invés de enfrentá-lo, o protagonista e Irene recuam cada vez mais. Finalmente, quando já não há espaço em que ele não esteja presente, eles acabam fora do seu imóvel.

O conto de Cortázar segue um protocolo típico do neo-fantástico. A história segue de modo normal até que um elemento externo, que não é necessariamente sobrenatural, aparece e distorce a ordem em que se encontravam os personagens. A narração transcorre em um tempo mais longo do que aparenta a princípio. Além disso, o conto se passa em tempo linear, seguindo uma ordem cronológica.

A história provavelmente retrata o período pelo qual passou o autor. A Argentina vivia os tempos frios do peronismo, quando a sociedade tradicional viu surgirem novos setores, que reclamavam uma maior participação nas decisões do país. A casa seria a Argentina, que era tomada por “estranhos”. Esse é o fim do resumo Casa Tomada.

Não gostamos da casa porque além de ser espaçosa e velha (hoje aquelas casas antigas sucumbem à mais vantajosa liquidação dos seus materiais) guardava as memórias dos nossos bisavós, do nosso avô paterno, dos nossos pais e de toda a infância. Irene e eu nos acostumamos a persistir sozinhas nela, o que era uma lccura porque naquela casa oito pessoas podiam viver sem se esforçar. Fizemos a limpeza pela manhã, levantando às sete, e por volta das onze eu deixaria Irene os últimos cômodos para revisar e iria para a cozinha. Almoçávamos ao meio-dia, sempre na hora certa; não sobrou nada para comer, a não ser alguns piatos sujos. Achamos agradável almoçar pensando na casa profunda e silenciosa e em como éramos suficientes para mantê-la limpa. Às vezes, passamos a acreditar que foi ela quem não nos deixou casar. Irene rejeitou as reivindicações sem motivo, Maria Esther morreu antes de ficarmos noivos. Entramos nos quarenta anos com a ideia não expressa de que nosso simples e silencioso casamento de irmãos era necessário para encerrar a genealogia estabelecida pelos bisavós em nossa casa. Um dia morreríamos ali, primos preguiçosos e esquivos ficariam com a casa e atirariam no sonho para enriquecer com a terra e a alvenaria; Ou melhor, nós simplesmente mudaríamos isso antes que fosse tarde demais. Irene era uma menina nascida para não incomodar ninguém. Além de sua atividade matinal, ela passou o resto do dia tricotando no sofá de seu quarto. Não sei por que ela teceu tanto, acho que as mulheres tecem quando encontraram naquela obra o grande pretexto para não fazer nada. Irene não era assim, ela tricotava coisas que sempre foram necessárias, malhas para o inverno, meias para mim, mananitas e coletes para ela. Às vezes, ele tricotava um colete e depois o desfiava em um momento porque não gostava de alguma coisa; Foi engraçado ver na cesta a pilha de lã enrolada resistindo a perder a forma por algumas horas. Aos sábados, eu ia ao centro comprar lã; Irene tinha fé no meu gosto, gostava das cores e nunca mais precisou devolver as meadas. Aproveitei essas saídas para passear pelas livrarias e perguntar em vão se havia novidades na literatura francesa. Desde 1939, nada de valor foi entregue à Argentina.

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