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A ARQUITETURA E URBANISMO

Por:   •  14/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.751 Palavras (8 Páginas)  •  794 Visualizações

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       PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

                              INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

                                  ARQUITETURA E URBANISMO

                         

                                     Emanuelle Miranda Mansur

                                                 

                                            Análise de obras

                                   

                                                 Belo Horizonte

                                                       2016


A partir de uma visão completa contando o processo de criação da arquiteta Zaha Hadid, foi feita análise de duas de suas obras, verificando conceitos antes citados e observando como eles realmente fazem parte de suas criações, vamos tratar aqui a relação entre teoria e prática na arquitetura contemporânea.

 A primeira obra estudada é a estação de bombeiros campus Vitra, na Alemanha, que hoje em dia funciona como um museu. Quase dez anos depois do incêndio devastador no campus, a empresa responsável procurava um arquiteto capaz de construir uma estação do corpo de bombeiros no campus Vitra, esse projeto teria que evitar acidentes futuros, ser então inteiramente seguro. A empresa então contratou Zaha Hadid, para o seu primeiro de muitos projetos realizados em sua carreira. O projeto foi concluído em 1993 e desde então Zaha vem mostrando seu estilo e acabou por lançar seu nome, sempre mantendo seu ‘’ eu’’ poético. Segundo Bernard Tschumi: “a arquitetura do prazer depende de uma proeza especial, que é a de manter a arquitetura obcecada consigo mesma de maneira tão ambígua que jamais se rende à boa consciência ou à paródia, à debilidade ou à neurose delirante”, acredito que Zaha representa esse papel na arquitetura.

Como já dito antes, Zaha Hadid se inspira na corrente desconstrutivista em suas criações. Esse projeto é um exemplo de como a linguagem teórica desconstrutivista foi usada em seu trabalho desde o início. Essa linguagem desenvolvida por ela, na maioria das vezes em suas pinturas cheias de conceitos, em busca de formas, relações espaciais, relações que existem entre o projeto e a cidade. Como já dizia Rafael Moneo, ‘’ o modo de abordar o estudo da arquitetura nos últimos tempos resulta mais em ensaios críticos que na elaboração de uma teoria sistemática”.

        O início do projeto, começa quando Zaha relaciona o que há perto do campus para inserir no contexto do projeto. Analisa o masterplans. Sempre

se preocupando com a prática profissional, mas por outro lado também há a preocupação em elaborar uma atitude teórica que permitisse fundamentar seus projetos.

 No caso desse projeto, estavam ao redor edifícios no contexto agrícola da área. A estrada existente, onde seria realizado o projeto, foi idealizada como uma paisagem linear, assim como um prolongamento artificial das vinhas e campos próximos.

[pic 1]        [pic 2]

Pintura e Croqui. Fonte: Zaha Hadid Architects¹

  Nesse cenário predefinido, o corpo de bombeiros de Vitra seria então algo que iria impor limites. O limite seria entre a paisagem existente no entorno e a artificialidade existente no campus. O perfil estreito do edifício pode ser visto de duas maneiras: a primeira é como uma extensão da paisagem linear, e a segunda como uma extrusão dessa mesma paisagem, que de uma maneira conceitual atravessaria o edifício.

Através das pinturas, artes gráficas feitas por Zaha nesse projeto, podemos concluir algumas coisas. Os planos de concreto que moldam o edifício se vergam, se dobram e até podem se quebrar e isso tudo vai de acordo com a paisagem estabelecida e os conceitos arquitetônicos já antes definidos. O edifício parece que estava em movimento e ai ele foi pausado, esse então foi o pensamento principal para realizá-lo. Essa impressão de congelar algo em movimento aumenta a sensação de movimento da obra, criando assim estética desejada. Trabalhando novamente com a questão de provocar sensações, é de se perceber a instabilidade que o projeto traz.

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¹ Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/784741/classicos-da-arquitetura-corpo-de-bombeiros-de-vitra-zaha-hadid-architects

[pic 3]      [pic 4]

Pinturas. Fonte: Zaha Hadid Architects²

Sobre a forma pensada para o projeto, a impressão é que pedaços de concreto postos juntos no plano se deslizam e conseguem formar um perfil horizontal e comprido, estreito. Como já dito antes, há uma sensação de instabilidade, tal efeito fica mais intenso quando vemos os planos horizontais deslizando, sobre os outros, um projetado para garagem e outros moldando a forma horizontal. É uma obra que desperta a inquietação, os planos de concreto assumem traços obscuros, não se pode ter acesso as vistas do edifício, eles limitam as vistas que só são possíveis se os planos se separam um dos outros.

Ilusões de ótica são possíveis no edifício, através dos ângulos e também pelos raios de cores. O edifício é complexo também por dentro.

A questão funcional se dá pelas paredes, que são inclinadas, dobradas. O piso térreo está meio instável desconectado do segundo pavimento, criando instabilidade interna. Ainda meio ao caos, instabilidade e complexidade, o edifício ainda consegue exibir linhas simples e limpas. É um belo exemplo de instabilidade ilusória.

         O segundo exemplo é o Centro Rosenthal de Arte Contemporânea, que foi construído um pouco mais tarde, abriu suas portas ao público em 2003, fazendo de Zaha Hadid a primeira mulher a projetar um museu de arte americano.

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² Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/784741/classicos-da-arquitetura-corpo-de-bombeiros-de-vitra-zaha-hadid-architects

 

Desse modo vejo mais um espaço se abrindo para mulheres, ainda mais falando de Zaha, uma mulher que conquistou tantos trofeis e visibilidade feminina porque como Diana Agrest dizia: “em toda a história da arquitetura, a mulher tem sido substituída/deslocada não só em um plano social geral, mas de modo mais específico no plano do corpo com a arquitetura”.  O Centro Rosenthal foi, e permanece, uma das maiores e galerias de arte contemporânea dos Estados Unidos.

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