A INFLUÊNCIA DO SEXISMO NO MODELO TRADICIONAL DE RESIDÊNCIAS, E A MORADIA IDEAL PARA MULHERES IDEPENDENTES DE BAIXA RENDA
Por: Thamyris Da Silva Pessôa • 6/5/2021 • Relatório de pesquisa • 1.222 Palavras (5 Páginas) • 210 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO
Disciplina: ESTUDOS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Professor: JORGE CRICHYNO
Aluna: THAMYRIS DA SILVA PESSÔA – Matrícula: N° 319026002
A INFLUÊNCIA DO SEXISMO NO MODELO TRADICIONAL DE RESIDÊNCIAS, E A MORADIA IDEAL PARA MULHERES IDEPENDENTES DE BAIXA RENDA
Os séculos XIX e XX foram marcados por uma série de acontecimentos que geraram importantes mudanças sociais e econômicas, mundialmente. Neles foi desenvolvida uma série de projetos de moradias comunitárias, resultado de lutas sociais, que questionavam o capitalismo, o sexismo e a desigualdade social. Apesar da inquestionável evolução, no século XXI as sociedades ainda são em sua maioria desiguais. Já não é mais tão aceitável o discurso de homens que pregam sobre a importância da liberdade, enquanto subordinam mulheres ao trabalho doméstico. Tão pouco tolerados casos de racismo, homofobia, xenofobia, etc. Porém, a crescente influência do capitalismo na oferta de moradias, na qualidade de vida humana, na segregação social e racial, faz-se necessária a discussão e elaboração de projetos que intercedam pelas questões socias.
Durante a revolução industrial, muitos trabalhadores migraram de suas cidades natais, para cidades onde eram implantadas as fábricas que trabalhavam. Essa migração gerou a necessidade de criação de moradias populares que atendessem a esse público. Inicialmente eram criadas espécies de repúblicas onde famílias viviam coletivamente, em espaços pequenos e compartilhados. Não demorou a surgir projetos filantrópicos, quase sempre financiados pelos donos de produção, para organizar esses modelos de moradia. A justificativa era a necessidade da criação de ambientes higiênicos, individuais e morais. Desse modo, surgiram os modelos de vilas operárias. Ambientes familiares, miniaturas de modelos aristocráticos e burgueses. Essas residências, possuíam um layout semelhante as de moradias tradicionais contemporâneas.
Empresários viram no modelo de moradias operárias, uma oportunidade de lucrar. Rapidamente as moradias sociais deixaram de ser alvo de filantropia e passaram a ser alvo de investimentos de capitais. Até as moradias sociais, se tornaram cada vez mais caras, de modo que uma família que deseja comprar uma residência própria, passa décadas para conseguir pagar, e nem sempre consegue, sendo despejada. Por outro lado, morar em lugares com infraestrutura adequada, e acesso à lazer, cultura, educação de qualidade, e acesso à natureza, se tornou impossível, pois esses lugares são privilegiados e caros. Atualmente, a especulação imobiliária é tamanha, que é cada vez mais crescente a dificuldade de acesso à moradia para pessoas vulneráveis socialmente. A partir da identificação dessa dificuldade, começa-se a discutir sobre a responsabilidade do governo na oferta de moradia para todos. Segundo Jane Jacobs, “precisamos da subvenção de moradias para atender ao segmento da população que não pode ser abrigado pela iniciativa privada”.
Uma questão é que, o governo não pode e nem quer a responsabilidade de ser locador ou proprietário de edifícios de habitação social. Para resolver essa questão, e ainda permitir que o governo cumpra o seu papel de provedor, Jane Jacobs, sugere um método que ela chamou de “método da renda garantida”. Nesse modelo, um investidor que queira construir um edifício habitacional popular, poderia pedir empréstimo ao governo, caso não conseguisse de uma instituição privada. Seria criada uma repartição governamental competente, chamada “Departamento de subvenção habitacional” (DSH), que seria responsável por conceder ou não esses empréstimos, além de definir parâmetros de qualidade, localização (a fim de diminuir a segregação), entre outros parâmetros pré-definidos. O DSH ainda pré-selecionaria inquilinos através de análises de suas rendas. A escolha final seria do proprietário do edifício, entre as pessoas pré-selecionadas. Como essas pessoas selecionadas seriam pessoas de baixa renda, que não podem pagar um aluguel inteiramente sozinhas, o DSH cobriria a parte que faltaria. Anualmente seria feita uma reanálise da renda desses inquilinos, para readequar a porcentagem que o DSH cobriria do aluguel.
No século passado também nasceu o feminismo, que foi “um movimento criado para acabar com o sexismo, exploração sexista e opressão” (HOOKS, 2000). O movimento nasceu da insatisfação de mulheres que eram subordinadas aos seus maridos. Quando o feminismo surgiu, um terço da mão de obra já era ocupada por mulheres. Ainda assim, uma das principais pautas do feminismo era a oferta de trabalhos femininos, e o direito ao trabalho. A questão não era especificamente a falta de trabalho, mas sim a qualidade dos trabalhos e salários disponíveis. Mulheres brancas de classe média e alta, que ainda podiam depender de seus maridos, não queriam aceitar trabalhar como domésticas e babás. Queriam estudar e ganhar tanto quanto homens no mercado de trabalho, e terem outras mulheres como babás e domésticas nas casas delas. Realidade que era e ainda é muito distante de mulheres de classe baixa, que sequer têm acesso à educação e qualidade mínima de vida. Em 2019, uma pesquisa feita pela Quero Bolsa, definiu que mulheres ainda ganham 47,24% a menos que homens no Brasil. O que prova que ainda é difícil que o trabalho liberte uma mulher da dominação masculina. Ser bem sucedido atualmente é ter posses, a qualidade de vida é deixada como segundo plano. Bell Hooks, em O feminismo é para todos, afirma que enquanto mulheres trabalharem para consumir, ao invés de para melhorar sua qualidade de vida em todos os níveis, o trabalho não levará a autossuficiência econômica.
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