Arquitetura e Urbanismo do Clássico ao Industrial
Por: Carolina Veras • 12/12/2018 • Trabalho acadêmico • 4.513 Palavras (19 Páginas) • 275 Visualizações
1. A PROFISSÃO DOS ARQUITETOS E ENGENHEIROS
No final do século XVIII, através dos panfletos revolucionários, surgia pela primeira vez os questionamentos sobre as atribuições de arquitetos e engenheiros. A École des Ponts et Chaussées propos a separação da antiga denominação dos engenheiros militares e suas funções, próximas à atividade do arquiteto, abrindo a polêmica sobre a incapacidade destes para solucionar problemas hidráulicos e estruturais, e ainda dependendo das finanças do Estado para ‘praticar sua arte’.
Figura 1: École des Ponts et Chaussées
Fonte: journals.openedition.org
Francesco Milizia, teórico italiano já defendia, no século XVIII, o ensino da matemática pura e mista como “um dos principais estudos da arquitetura, incluindo a geometria, a mecânica, a perspectiva e os estudos científicos em geral, considerando ainda os métodos de desenho e seus monumentos mais notáveis.”
A ausência de disciplinas científicas dentro do ensino da arquitetura provocará grandes embates, somando-se ao domínio dos engenheiros na execução dos trabalhos públicos. Aos arquitetos caberia apenas “executar os mais belos monumentos.” A superioridade artística da arquitetura, comparada à inferioridade da mesma na engenharia civil, revela na verdade a pouca proximidade dos engenheiros com os princípios artísticos, de estética e beleza construtiva.
Em maio de 1830, o Journal du Génie Civil mostra a concorrência entre arquitetos e engenheiros franceses para dirigir as obras públicas. Três ideias distintas classificam tal abordagem: quem são os peritos, quais são as aptidões, quais são as competências que podem ser adquiridas de ambas as profissões, enfim, a posição e o valor do arquiteto novamente são colocados em questão. Concentrados em cálculos, sistemas construtivos e no empirismo das formas, os engenheiros buscavam quase sempre a economia, a solidez e a resistência nas construções. A validade dos modelos arquitetônicos herdados, também era questionável, dada as novas técnicas e os novos materiais decorrentes da Revolução Industrial.
Além disso, os engenheiros passam a demonstrar interesse na “disciplina de arquitetura”, buscando estudar suas linguagens e temas específicos – muitos se aprofundavam no universo estético dos arquitetos – fosse através dos concursos ou de projetos trabalhados em equipe. Tal interesse esteve vinculado desde a criação da Ecole Polytechnique, em 1795, demarcando na história da arquitetura uma ruptura decisiva a partir da dissolução da Academia Real Francesa.
Figura 2: Ecole Polytechnique
Fonte: flickr.com
Ao longo do século XIX, portanto, o engenheiro torna-se o modelo para o profissional da arquitetura, especialmente entre 1840 e 1852, quando já não é visto mais como uma ameaça aos arquitetos, ainda que os engenheiros estivessem conquistando o território até então dominado por aqueles profissionais, participando de reconstruções e na implantação de obras de infraestrutura por toda a Europa.
2. AS EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS
O termo “exposição” surge do latim “exponere”, que significa “apresentar à vista, destacar”; e é com esse intuito que, no século XIX, surgem as Exposições Universais: feiras internacionais, promovidas e sustentadas pela burguesia europeia em união com os Estados, em que as grandes nações da Revolução Industrial expunham seus avanços e invenções nos campos tecnológicos, de mobilidade, industriais e de diversas outras ciências. Maryanne Stevens se refere às Exposições Universais como “Essa vasta competição de esforços, realizações e vitórias” em sua obra “Art at the crossroads”.
Figura 3: Folheto de propaganda da Expo Chicago, 1893.
Fonte: megeberle.com
Segundo Werner Plum (1979), a sociedade industrial europeia estava empenhada em dominar o novo mundo, transformando-o à sua imagem e semelhança, através da expansão dos bens industrializados. Podemos dizer, portanto, que as feiras mundiais eram um relato não só do avanço tecnológico da época, mas também uma auto representação da elite industrial, e das transformações nas relações do comércio internacional. As inovações, que antes se restringiam ao ambiente de fábrica, agora estavam expostas ao mundo, representando o triunfo do capitalismo.
Benévolo fala dessa nova relação comercial em 1971:
“As Exposições de produtos industriais dizem respeito à relação direta que se estabelece entre produtores, comerciantes e consumidores depois da abolição das corporações.” (Benévolo, p.129)
O primeiro exemplo dessas grandes exposições é a feira de Londres, no Hyde Park, em 1851. A Inglaterra, como pioneira na revolução industrial, foi também a primeira a hospedar uma Feira Mundial. Esta teve como marco o Crystal Palace, uma estrutura de ferro e vidro, podendo ser desmontada e remontada para diversas funções. Representava a racionalidade e economia. Além deste, o Canal de Suez foi apresentado durante o evento.
Figura 4: Crystal Palace Figura 5: Crystal Palace
Fonte: lejsl.com/loisirs/ Fonte: thoughtco.com
Em 1876, ocorreu na Filadélfia a sétima Expo, em comemoração aos 100 anos da Declaração da Independência Americana. Foram construídos mais de 200 prédios para a exposição, e esta teve como ponto de destaque a logística que favorecia os serviços aos visitantes, além do transporte de cargas.
Em 1878 e 1889 ocorreram duas Exposições Internacionais na cidade de Paris. A primeira, ocorrida logo após a Comuna de Paris, teve a Estátua da Liberdade como destaque. Seu cunho político procurava representar a paz entre os povos e o ressurgimento da França após sua derrota.
Figura 6: Estátua da Liberdade
Fonte: mult-kor.hu
Já na década de 80, se deu a comemoração dos 100 anos da Revolução Francesa, no evento do qual surgiu o marco da cidade de Paris até os dias atuais:
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