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Caracas e a Teoria da Arquitetura

Por:   •  25/11/2018  •  Dissertação  •  1.096 Palavras (5 Páginas)  •  240 Visualizações

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FAU MACKENZIE_THAU VI_ABR/2018

Cidade: Caracas, Venezuela

Karen Megumi

Assim como muitos países da América do Sul, a Venezuela tem um passado histórico voltado à correntes migratórias - principalmente européias - do final do século XIX e a segunda guerra. Neste trabalho discorremos mais profundamente sobre a capital federal desta República da Venezuela que é Caracas (oficialmente Santiago de León de Caracas), assim como sua relação como centro administrativo, financeiro, comercial e cultural e seu desenvolvimento como cidade constituída por elementos arquitetônicos e urbanísticos.

Fonte:http://mariafsigillo.blogspot.com.br/2016/04/caraquenos-otra-epoca-empieza.html. Acesso em 22 Abr. 2018

O território que um dia já pertenceu aos indígenas é atualmente a maior cidade da Venezuela. Caracas teve a colonização espanhola a partir de 1515. O traçado hipodâmico contrasta com o relevo acidentado da cidade mas traz as características hispânicas de organização espacial. Em 5 de Julho de 1811 foi proclamada a independência da Venezuela e o nome Caracas se deu por conta do antigo assentamento indígena que existia no local até ser queimada e destruída para a construção da nova cidade. Em 1859 e 1863 houve uma guerra entre conservadores e liberais chamada de Guerra Federal, foi vencida pelos liberais por Antonio Guzmán Blanco que governou até 1888. Até 1958, ocorreram diversas ditaduras, até entrar no período atual do regime democrático. Atualmente, cerca de 85% dos habitantes vivem em aglomerações urbanas na Venezuela.

Relacionando-se ao texto nacionalismo y universalidad, de Francisco Liernur, podemos destacar o seguinte trecho:

“Parece-me, ao contrário, que na metrópole latino-americana a oposição ocorre entre "civilização" em um pólo, mas não cultura, mas -ainda de maneira sarmientina- "barbárie" no outro. "Barbarismo" que não adquire como no "Facundo", nenhum tom pejorativo, mas alude ao sentido dos gregos: "aqueles que estão do outro lado da fronteira", "os outros".” (LIERNUR, 1991, tradução livre).

Nesse sentido podemos enxergar o conceito de centro-periferia sob duas perspectivas distintas: um conflito entre a América do Sul como periferia que é subordinada à modelos de seu centro colonizador Europa Colonial; e em um segundo momento podemos observar a relação contemporânea - como consequência de seu passado - dada espacialmente dentro da mesma cidade do que seria o centro e o que seria a periferia.

Liernur realiza uma crítica a produção arquitetônica das cidades que sofreram colonização. Aborda sobre a influência Européia na América Latina e diz que isto acaba por prejudicar a identidade particular do local, uma vez que possam ser expressivos da nossa própria realidade e não produzir imagens que os outros já fabricaram em algum outro local.

A relação centro-periferia pode ser entendida então como uma forma de crise do raciocínio nacionalista no qual questiona se uma arquitetura nacionalista é possível no centro, também o seria no país dominado. Embora não possa haver uma arquitetura própria, já que não é possível criar uma cultura de repente, o que acontecem são as chamadas apropriações em relação às condicionantes dadas e que acabam por se inscrever no projeto global.

Assim, como consequência desta exploração e colonização do centro-periferia histórico, é necessário analisá-lo através de uma nova ótica contemporânea para perceber como este espaço centro-periferia se projeta atualmente na cidade. Caracas sofre com vários problemas comuns às metrópoles de países subdesenvolvidos, como a desorganização do tecido urbano, áreas verticalizadas e outras que sofrem com a carência de infraestrutura e desenvolvimento, favelas, violência, entre outros.

E como exemplo de arquitetura local estaremos introduzindo a Torre de David, conhecida como “favela vertical”, uma experiência aparentemente inédita que é prova de resistência e força de vontade das classes mais baixas por organização e segurança, frente a realidade de Caracas.

Bem como outras típicas cidades grandes de países subdesenvolvidos, as áreas verticalizadas em oposição a outras com carência de infraestrutura fazem parte da composição de Caracas. Neste contexto, em que lotes se tornam mercadorias e a cidade é produzida pela iniciativa privada, Caracas não foge da regra.

Projetado para ser um centro comercial e financeiro de grande importância com heliponto na área central da capital, o “Confinanzas Financial Center” (Torre de David), foi abandonado ainda inacabado em 1994, quando David Brillembourg (o construtor do projeto) faleceu ao mesmo tempo em que o setor bancário da Venezuela passava por uma forte crise. Sem investimentos estatais ou de outros atores do setor privado, a construção permaneceu estagnada e inutilizada

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