Europa, França e Bahia - Um comentário final
Por: Luiz Póvoas • 22/3/2016 • Seminário • 5.760 Palavras (24 Páginas) • 341 Visualizações
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UNIME – UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ÁDYLLA SANTIAGO
LUIZ PÓVOAS
SAMUEL KALEBE
THAYLA NICOLY CORREIA
THIARA VICK LIMA
SEMINÁRIO DO LIVRO: EUROPA, FRANÇA E BAHIA.
- UM COMENTÁRIO FINAL
ITABUNA - BAHIA
JUNHO – 2015
ÁDYLLA SANTIAGO
LUIZ PÓVOAS
SAMUEL KALEBE
THAYLA NICOLY CORREIA
THIARA VICK LIMA
SEMINÁRIO DO LIVRO: EUROPA, FRANÇA E BAHIA.
- UM COMENTÁRIO FINAL
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ITABUNA – BAHIA
JUNHO – 2015
INTRODUÇÃO
Este capítulo foi nomeado desta forma para expressar a ideia de que as reformas urbanas são um tema que não se esgota, pois abrangem um amplo ambiente de discussão com diferentes pontos de vista. Retoma-se a questão inicial: se essas reformas são uma variante do modelo haussmaniano o qual adapta a malha urbana colonial às novas exigências da economia, a uma nova sociedade e a um novo modo de vida.
O que acontece é uma adaptação do modelo parisiense, ou uma criação de modelos próprios, mas sempre de acordo com suas próprias necessidades e possibilidades. As cidades do Rio de Janeiro e Salvador, não são casos isolados de reformas inspiradas em outras cidades.
Apresenta-se três situações de diferentes intervenções. Em algumas cidades, como Londres e Amsterdã, que buscam a modernização, os núcleos antigos são convertidos em centros de negócios e serviços e também são criados planos de expansão com novas áreas urbanizáveis. Em Bruxelas e Paris, planeja-se uma nova cidade sobreposta à antiga onde o centro continua sendo comercial, mas que também abriga a burguesia. A terceira situação se apresenta em Madri, onde se combinam reformas em seus núcleos centrais com projetos de novas áreas de expansão.
As avenidas e ruas são outro aspecto importante das reformas. Em Salvador, por exemplo, são sinuosas e acompanham o desnível do terreno acidentado, podendo ser associadas com outras cidades europeias, como em Roma, o Corso Vittorio Emmanuele, a partir de 1884, resulta numa via sinuosa, trazendo um contraste com os bulevares parisienses, retas e largas.
No século XIX, a cidade de Marselha, realiza as reformas ditas haussmanianas, e moderniza a cidade com o objetivo de adaptar o espaço à sociedade industrial. Portuária como Salvador, as transformações de Marselha são associadas aos assuntos do porto e à especulação imobiliária.
A ideia não é integrar, e sim mudar a realidade existente, para que se introduzam as premissas cosmopolitas no antigo centro histórico. A implantação do urbanismo “guzmaniano”, por Guzmán Blanco na cidade venezuelana de Caracas, entre 1870 e 1888, tenta-se criar uma imagem europeia através da criação de bulevares, construção de monumentos, jardins e modificando o traçado hispânico da área central.
Nesse breve percurso, demonstra-se que o modelo haussmaniano se divulga, e as ideias haussmanianas se difundem em distintas direções, embora nem sempre seja possível sua adoção integral pela necessidade de diversas adaptações a realidades distintas da parisiense. A haussmannização apresenta outras características fundamentais que vão além dos aspectos urbanos, como por exemplo, os sociais, os econômicos e os políticos. Questiona-se se a aplicação de alguns critérios de Haussmann pode ser considerada como haussmannização, ou se o uso dessa marca implica a necessidade da utilização de todos eles.
A cidade haussmanniana resulta ser um espaço da moderna sociedade burguesa, uma vitrine da modernização que se executa sob uma determinada conjuntura, criada quando se encontram a forma autoritária de gestão da cidade e as novas estruturas do capitalismo. O ciclo haussmaniano é um momento singular, que se produz num tempo determinado – nem antes nem depois –, através do qual se caracteriza.
As intervenções autoritárias feitas pelo sistema haussmanniano, como a nova rede viária, o mobiliário urbano, se inserem onde se concentram a população pobre que mora em habitações insalubres expulsando para as periferias acarretam em algumas consequências. A segregação social e funcional, o aburguesamento do centro da cidade e a criação de um espaço monumental esteticamente estandardizado são os principais exemplos. Discute-se se a haussmannização é um modelo de intervenção urbana exportável, um tipo de cidade que se adapta a realidades distintas da parisiense.
Houve o propósito de identificar o modelo hausmanniano nas reformas cariocas e soteropolitanas e entender como a modernização do Rio de Janeiro influencia as intervenções urbanas em Salvador, onde implica comparações. Em Salvador, a reforma permanece no âmbito das ideias e dos projetos do que as ações aplicadas ao urbano. Salvador era diferente do Rio e de Paris, em Salvador, o tecido urbano praticamente não muda após as intervenções, a intervenção em algumas ruas se produzem por meios de alargamentos de ruas já existentes, as vias acompanham o traçado original. Já em Paris e no Rio, o tecido urbano sofre alterações, a introdução de ruas e avenidas que não pertenciam ao traçado original, as vias são retas e tem a mesma largura por toda a extensão.
Nas três cidades citadas apresentam em comum os objetivos gerais das intervenções, elas eram realizadas através de demolições, desapropriações e expulsão da população. Em Paris, o projeto tem a intenção de ligar as gares (estação de trem), no Rio pretende-se conectar o porto com zonas industriais, comerciais e financeiras tornando-as mais fluidas, e em Salvador as ruas têm as mesmas funções do Rio. Surgem novos bairros com essas intervenções. Essa intervenção nos três locais se concretiza sob um autoritarismo administrativo que introduz normas arquitetônicas.
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