Manuel Bandeira
Por: Wellington Fileto X Bruna Cicarelli • 16/8/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.214 Palavras (5 Páginas) • 412 Visualizações
Os Sapos Manuel Bandeira, 1918 Enfunando os papos, Em ronco que aterra, O sapo-tanoeiro, Vede como primo O meu verso é bom Vai por cinquüenta anos Clame a saparia | Urra o sapo-boi: Brada em um assomo Ou bem de estatuário. Outros, sapos-pipas Longe dessa grita, Lá, fugido ao mundo, Que soluças tu, |
[pic 1] Emiliano Di Cavalcanti |
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Lembrado como um notável poeta modernista brasileiro, Manuel Bandeira nasceu em Recife, Pernambuco, no ano de 1886. Desde novo foi muito talentoso, mas infelizmente no período que cursava faculdade teve que ir à Suíça em busca de tratamento para sua tuberculose. Após sua recuperação, ele retornou ao Brasil e publicou seu primeiro livro de versos, Cinza das Horas, no ano de 1917; porém, devido à influência simbolista, esta obra não teve grande destaque. Dois anos mais tarde agradou muito ao escrever Carnaval, onde já mostrava suas tendências modernistas e a cultura brasileira. Posteriormente, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, descartando de vez o lirismo bem comportado. Passou a abordar temas com mais encanto, sendo que muitos deles tinham foco nas recordações de infância.
Para os Modernistas da época Manuel Bandeira era inspirador, influenciando muitos jovens. Apesar disso, em 1922, por não concordar com a intensidade dos ataques feitos aos parnasianos e simbolistas, não participa diretamente da Semana de Arte Moderna. No entanto, seu poema "Os Sapos", lido por Ronald de Carvalho, provocou reações radicais na segunda noite do acontecimento, sendo até mesmo vaiado.
O poema “Os Sapos” foi uma sátira ao Parnasianismo, corrente estilística da época. O poeta joga com as palavras à maneira dos parnasianos, colocando pontos essenciais e características importantes defendidas e cultuadas por eles; isto é: sonoridade, métrica regular etc. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia.
Como no "Manifesto Antropófago" (1928) de Oswald de Andrade, o poeta parnasiano é comparado a uma "máquina de fazer versos" sem ridicularizado na época em muitos poemas. Em oposição ao rigor gramatical e ao preciosismo linguístico parnasianos, os poetas modernistas valorizaram a incorporação de gírias e de sintaxe irregular, e a aproximação da linguagem oral de vários segmentos da sociedade brasileira.
No poema Manuel Bandeira chama os sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, como os sonetos. Ele também satirizou as reclamações dos poetas parnasianos e as comparou com o coaxar dos sapos num rio. Cada um desses poetas ele dá uma denominação diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia. Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma. É composto por 14 quartetos isométricos, em versos de redondilha menor, com um ritmo que varia. Com rimas ricas e pobres, é construído segundo o rigor formal adotado pelo Parnasianismo.
Na fala do sapo-tanoeiro aparece o fazer da poesia, apresenta-se a técnica da arte parnasiana e é possível observar a vitória da forma sobre o conteúdo. Os aspectos formais citados são o ritmo, o horror ao hiato, as rimas consoantes, a beleza formal. As demais estrofes podem ser divididas em duas ideias básicas: participação contraditória e duvidosa no diálogo sobre arte, do sapo-boi e dos sapos-pipas e a isenção do sapo-cururu como participante do diálogo. Manuel Bandeira também utiliza a personificação, pois são atribuídas aos sapos qualidades e ações próprias do homem: “Berra o sapo-boi:/ Meu pai foi à guerra!” ou “O sapo-tanoeiro, / Parnasiano aguado,/ Diz: - Meu cancioneiro/ é bem martelado” ou “ Urra o sapo-boi:/ -‘Meu pai foi rei”- “Foi!’”.
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