Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais Departamento De Arquitetura E Urbanismo
Por: Nalaura22 • 27/11/2023 • Pesquisas Acadêmicas • 2.420 Palavras (10 Páginas) • 88 Visualizações
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
REGISTRO DOCUMENTAL RUA GUAICURUS 471
ANA LAURA OTTONI E JULIA MARTINS BASTOS
BELO HORIZONTE ABRIL DE 2022
Paisagem Cultural – Belo Horizonte e a Ambiência Rua Guaicurus/Caetés
- Belo Horizonte: uma cidade para modernidade mineira
Projetada em meados do século 19, Belo Horizonte foi construída visando ser uma ruptura entre os antigos valores arquitetônicos e sociais do Brasil colonial. Aarão Reis já tinha em mente construir uma cidade planejada em três diretrizes, são elas: Ordenação de Espaço, Controle de Espaço e Higiene ambiental.
Durante seu processo de formação, Belo Horizonte pode se diferenciar em duas épocas de evolução, a primeira sendo uma evolução econômica voltada à disposição do comércio na cidade de também a preocupação de torná-la em uma futura metrópole e a segunda um desenvolvimento mais arquitetônico/social, desejando ser diferente de Ouro Preto e seus ideais colonialistas.
Na fase da Cidade-produto, descrita por Cláudio Bahia em seu texto “Belo Horizonte, Uma cidade para a modernidade mineira”, o foco era somente a expansão comercial da cidade, sem se preocupar com os habitantes das zonas rurais que circundavam a futura capital mineira. Já a fase Cidade-Obra, foi focado mais no desenvolvimento social e sua desvinculação com antigas características construtivas.
Foi utilizado do ecletismo para a formação de todo o centro de Belo Horizonte, e espaços públicos também viraram alvos de cultura, entretanto, devido ao seu grande desenvolvimento, a capital foi crescendo em alta velocidade, deixando de seguir os padrões construtivos propostos para a mesma.
Assim como a casa 471, todo seu entorno localizado no hipercentro de Belo Horizonte é de grande importância para sua história. Devido ao processo de urbanização ter-se dado ao redor de uma vontade de se livrar do costume colonial da época do império, suas características se dão ao redor de um ecletismo arquitetônico visando se tornar uma capital moderna. Toda a região da rua dos Caetés e da Avenida Santos Dumont era considerada um local boêmio de BH, caracterizado por hotéis e bares, era uma região muito frequentada na época da construção da cidade. Devido às suas características culturais, hoje grande parte do conjunto da Rua Caetés é tombado devido seu valor que agrega a cidade, lembrando da época em que foram construídos.
Identificação e Conhecimento do Bem – Rua Guaicurus 471
- Pesquisa Histórica
O imóvel da Rua Guaicurus, de número 471 possui uma longa história de proprietários. Sendo uma das casas mais antigas de Belo Horizonte, sua datação vem desde
1907 com várias tentativas de realizar um restauro, porém sem sucesso. Explorando um pouco a ligação dela com a construção da cidade de Belo Horizonte, seu projeto arquitetônico fazia parte da Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), dirigida por Aarão Reis, que visava a criação da cidade através de diversos levantamentos feitos pelos engenheiros da época.
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Querendo romper com o passado e com o estilo arquitetônico da época, muito visível na cidade de Ouro Preto, Aarão Reis tinha intenções de construir uma cidade modernista com diferentes características construtivas da época da monarquia, tornando-se um símbolo de progresso. Inaugurada em 1897, a cidade possui um planejamento que intenta deixar edifícios das mesmas categorias próximas umas das outras , como um centro comercial, área residencial, entre outros.
Projetada por Edgard Nascentes Coelho, a Casa 471 possui um estilo eclético específico de Belo Horizonte, onde as características eram regionais e uniam a funcionalidade à beleza, seu primeiro proprietário foi Aldo Delfino dos Santos, natural do Rio de Janeiro. O topógrafo acabou passando seu imóveil para a família Murta, sem data registrada. Cândido Murta passou o imóvel para seus filhos após falecer. José e Décio Murta, então, passaram o imóvel para suas esposas, Nazaré e Eulália Murta, após falecerem. As mesmas foram as últimas proprietárias da casa até a prefeitura de Belo Horizonte tomar posse.
Processo de tombamento
O processo de tombamento da casa 471 foi longo e cheio de empecilhos. Seu
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tombamento foi iniciado em outubro de 1994 por “possuir relevante interesse de preservação e com a proposta de proteção dos conjuntos urbanos da área central da cidade" (PROJETO DE RESTAURAÇÃO RUA GUAICURUS, BELO HORIZONTE/MG, pg. 17). Desde o início, as
herdeiras do imóvel não aceitaram seu tombamento devido ao péssimo estado em que a casa se situava. Mesmo com várias partes da casa comprometidas, o interesse de tombá-la ainda era presente devido ao seu caráter eclético da época da construção de Belo Horizonte, entretanto o descaso por parte das herdeiras fez com que o estado de conservação da casa piorasse cada vez
mais e, consequentemente, as mesmas acabavam alegando que seu estado não era suscetível para o tombamento.
Em 1995 foi pedido o processo de demolição da casa para a construção de um novo imóvel, supostamente um estacionamento, ainda alegando grande degradação da fachada frontal. Foi dada várias soluções para o restauro da casa, entretanto as herdeiras ou alegavam que não possuíam condição financeira para realizar as propostas, ou não apresentavam interesse o suficiente para realizá-las. Em 1998, a casa foi integrada ao Conjunto Urbano da Rua dos Caetés.
Finalmente, em 2008, a casa passou a ser de posse da prefeitura de Belo Horizonte, podendo receber uma proposta de restauração. Em 2012 foi criado um projeto arquitetônico pela REDE CIDADE que não chegou a ser concretizado e, em 2016, foi decidido que a casa se tornaria o Museu do Sexo e das Putas. A casa possui uma importância muito grande para a cidade de Belo Horizonte, tanto por parte arquitetônica como pelo contexto em que a mesma está inserida no hipercentro da cidade, tornando-se de grande relevância para o bairro e a cidade como um todo.
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