Resenha Teoria da Restauração

ARQUITETURA E URBANISMO

RESENHA TEORIA DA RESTAURAÇÃO

Capítulos I e II

Cesare Brandi autor do livro Teoria do Restauro aborda em seu primeiro capítulo

conceitos referentes a restauração. Este assunto se mantêm pertinente a atualidade,

devido a crescente valorização e necessidade de preservação de patrimônios históricos.

Não apenas para fins turísticos como pelo entendimento crescente do valor que a

identidade de um povo possui, as questões abordadas denotam a importância do assunto

abordado pelo autor que traz nas primeiras páginas do livro aspectos e conceitos que

auxiliam e esclarecem a respeito do restauro.

Brandi descreve que através de um esquema preconceitual a restauração é

entendida como uma intervenção que possui a intenção de trazer novamente eficiência a

um produto da atividade humana, não sendo aplicada porém a esfera biológica e física.

Ele ressalta também dois tipos de restauração: uma aplicada a produtos industriais,

que possui como principal premissa a restituição da funcionalidade, e outra como sendo a

restauração aplicada em obras de arte possuindo como ordem primária o restauro da obra

de arte como obra de arte.

Assim, para que seja melhor compreendido o conceito de obra de arte se faz

necessário entender o seu valor. Deste modo Brandi relaciona o valor da obra de arte com

o singular reconhecimento que o indivíduo dá a ele. Este reconhecimento por sua vez não

pode ser motivado de outra forma se não pela obra em si e não está ligada ao processo

criativo e a quem a produziu, mas sim ao significado que a obra passa a ter no mundo,

em particular para cada indivíduo.

Segundo Brandi quando a intervenção é executada torna-se necessário articular

conceitos baseados na obra de arte e não apenas no procedimento prático da mesma, é

preciso um reconhecimento da obra de arte para assim empregar legitimidade ao

restauro. Brandi menciona também que é preciso levar em conta que a obra de arte

possui uma dúplice instância, baseada na instância estética e histórica, sendo a utilidade

secundária se obedecido as duas primeiras instâncias em se tratando de obra de arte

propriamente dita.

Após estas informações pode-se chegar ao primeiro conceito básico e fundamental

destacado no capítulo por Brandi, onde se reconhece a restauração como momento

metodológico em que há o reconhecimento da obra de arte, baseado na sua estética e

historicidade sendo possível assim a sua transcrição para o futuro.

Seguindo no mesmo capítulo Cesare Brandi destaca alguns princípios que devem

ser observados para que a restauração seja efetuada com êxito. Brandi lembra que existe

apenas o restauro da matéria da obra de arte, que para ser efetivada se faz necessário

buscar justificativas com base em subsídios científicos.

É preciso frisar também que se deve aplicar um juízo crítico de valor, definido em

um processo coletivo que não deve ser baseado em gosto ou julgamento de um único

indivíduo e sim sustentado e fundamentado em diversos aspectos para assim manter sua

legitimidade.

O primeiro princípio mencionado por Brandi para se efetivar a restauração parte do

pressuposto que se as condições da obra de arte exigirem algum sacrifício de uma das

partes de sua materialidade indica-se manter a estética, porque sua singularidade não

depende de sua consistência material nem de sua historicidade mas sim de sua

artisticidade.

Segundo Brandi em um segundo momento deve-se preservar a instância histórica,

estando esta dividida em dois grupos: uma que está relacionada ao ato de sua criação e

outra que se refere ao ato de permanecer no presente, no tempo e lugar em que se

encontra naquele momento, devendo ser preservada também os traços que a obra

adquiriu através do tempo.

Todos esses princípios corroboram para o segundo conceito fundamental do